Ministrado por Rafaela Vianna,Mestre em Letras pela UFMG, minicurso é gratuito e propõe seis encontros para refletir sobre a obra de uma das maiores escritoras brasileiras. Atividade é complementar à exposição La Maison de Clarice, em cartaz na sede da AML.

O abismo-Clarice: assim Rafaela Vianna batiza o percurso de seis encontros virtuais que a Academia Mineira de Letras (AML) promove, entre 20 de setembro e 09 de outubro, para celebrar a obra de Clarice Lispector. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pela plataforma Moodle, garantindo certificado de participação a quem acompanhar pelo menos 70% das atividades. As inscrições estão esgotadas, porém é possível se inscrever na lista de espera por este link

“No curso, traçaremos diferentes formas de chegar a esse abismo-Clarice. Os participantes entrarão em contato com alguns de seus textos publicados em jornal, em que ela reflete sobre a sua atividade de escritora, como forma de abrir o caminho desse gesto da escrita debruçada sobre ela mesma. Em alguns textos da escritora, como Perto do coração selvagem e Água-viva, pensaremos nas diversas formas que a criação pode tomar na escrita e começaremos a fazer ecoar a seguinte questão: quem é o eu que escreve dentro da escrita? Escutaremos esse eco, ainda, na leitura dos seus dois últimos romances, A hora da estrela e Um sopro de vida, em que a mise en abyme aparece através de narradores-escritoras, por meio dos quais o gesto da escrita é encenada dentro do texto, a feitura do livro dentro do livro”, explica a mediadora do curso, Rafaela Vianna. 

Rafaela Vianna nasceu em Belo Horizonte e formou-se em Letras em 2020, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Possui mestrado em Estudos Literários pela mesma instituição, tendo escrito uma dissertação sobre obras de Clarice Lispector e Marguerite Duras. Estuda sobretudo literatura de autoria feminina, em língua francesa e portuguesa. Em agosto de 2021, lançou o seu livro de estreia, Altar, pela editora belo-horizontina Cas’edições.

O minicurso ocorre no contexto da Exposição La Maison de Clarice, que fica em cartaz na sede da AML até 14 de outubro. Realizada no Palacete Borges da Costa, em Belo Horizonte, a exposição apresenta a estrutura de uma “casa” em que a autora brasileira recebe as escritoras francesas Nathalie Sarraute e Marguerite Duras. Adicionalmente à exposição, a AML realiza também o Colóquio gratuito “A Casa de Clarice”. Marcado para os dias 19 e 20 de setembro, o encontro, presencial, reúne alguns dos maiores especialistas sobre Clarice Lispector para uma reflexão ampla sobre o legado da autora. 

Resultado de parceria com a Embaixada da França, a Aliança Francesa e a Universidade Federal de Minas Gerais, o evento acontece no âmbito do Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 220355), realizado mediante a Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e trezentos médicos cooperados e colaboradores – e da CEMIG.

Programação – Minicurso online O abismo-Clarice

20/09, quarta → Clarice à descoberta do mundo, Clarice à descoberta da escrita 

No primeiro encontro, leremos o texto “Os espelhos”, publicado no livro Para não esquecer, de Clarice Lispector. A partir dele, será proposto o abismo como método para ler a obra de Clarice, essa obra em que tantas vezes o acontecimento é a própria escrita. O abismo será tomado aqui no sentido de mise en abyme, mas também desdobrado em outras figuras, ao longo do curso. Leremos também alguns textos de Clarice publicados em jornais, atualmente reunidos no livro A descoberta do mundo, nos quais ela reflete sobre a sua atividade de escritora, de forma a começar a desenhar esse abismo, nesse gesto da escrita debruçada sobre ela mesma. 

25/09, segunda → “A quinta história”: a mulher que escreve, infinitamente 

No segundo encontro, seguindo o fio do abismo clariciano, leremos a crônica “A quinta história”, publicada no livro A legião estrangeira. A partir desse texto e de outros da escritora, pensaremos sobre o feminino e suas tensões nas obras de Clarice. Além disso, discutiremos ideias propostas por estudiosas da sua obra, como Lucia Castello Branco e Hélène Cixous. 

27/09, quarta → Uma escritora “pessoal demais”? Perto do coração selvagem, Água-viva e o eu em vertigem 

No terceiro encontro, falaremos do seu primeiro romance, Perto do coração selvagem, julgado por um crítico no ano do seu lançamento de “pessoal demais”. A partir dessa crítica, pensaremos, então, sobre esse lugar problemático que o eu ocupa na obra de Clarice, sobretudo em Perto do coração selvagem e Água-viva. A imagem do abismo nos acompanhará ainda para pensarmos as várias formas que a criação e a escrita tomam nesses textos de Clarice Lispector. 

02/10, segunda → A hora da estrela e o jogo ficcional, abismado na escrita 

No quinto encontro, o foco será o seu mais célebre romance, último publicado em vida: A hora da estrela, um livro perfeitamente acabado, que contrasta, de certa forma, com outros livros previamente publicados por Clarice. Respondendo de uma certa forma a críticos que consideravam a sua literatura burguesa demais, Clarice Lispector cria Macabéa, mulher pobre e nordestina. Pensaremos nesse exercício de distanciamento — criação de uma personagem distinta do eu da escritora — no que ele tem de complexo. Esse jogo de aproximação-distanciamento é mediado pela personagem de Rodrigo S.M., escritor que cria Macabéa dentro do próprio livro: novamente, a escrita é em abismo, dentro de si mesma. 

04/10, quarta → Um sopro de vida: o presente pulsa nas veias da escrita 

No quinto encontro, falaremos de Um sopro de vida: Pulsações, livro póstumo de Clarice Lispector. Escrito ao mesmo tempo em que A hora da estrela, ele foi organizado e publicado por Olga Borelli, amiga da escritora, que acompanhou de perto seu processo de escrita. Um sopro de vida é um livro inacabado, e não só por ter sido publicado de forma póstuma: o subtítulo pulsações funciona como uma espécie de gênero desse texto sem narrativa, cujo acontecimento é o surgimento da própria escrita. Contornaremos o abismo-Clarice, a partir desse texto que dá a ler tantas das tensões da obra clariciana: o feminino, o lugar do eu, a escrita, o saber. 

09/10, segunda → Clarice em abismo, outros: Virginia Woolf, Katherine Mansfield, Marguerite Duras, Nathalie Sarraute e Ana Cristina César 

No sexto e último encontro, colocaremos a obra de Clarice diante da de outras escritoras, não para buscar semelhanças, mas para deixar que essas mulheres se abismem: criem outras leituras e esquecimentos dos textos de Clarice Lispector. Partiremos de autoras lidas e comentadas por Clarice, como Virginia Woolf e Katherine Mansfield, mas falaremos também de outras que podem nos ensinar algo sobre ela, como as francesas Marguerite Duras e Nathalie Sarraute, ou ainda a brasileira Ana Cristina César. 

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completa 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimular o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentar a economia criativa, valorizar espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou mais de R$170 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,3 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. No último ano, mais de 9,3 mil postos de trabalho foram gerados e 1,6 milhão de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.

Cemig: a energia da cultura

A Cemig é a maior incentivadora de cultura em Minas Gerais e uma das maiores do país. Ao longo de sua história, a empresa reforça o seu compromisso em apoiar as expressões artísticas existentes no estado, de maneira a abraçar a cultura de Minas Gerais em toda a sua diversidade. Além de fortalecer e potencializar as diferentes formas de produção artística, a Cemig se apresenta, também, como uma das grandes responsáveis por atuar na preservação do patrimônio material e imaterial, da memória e da identidade do povo mineiro.

Os projetos patrocinados pela Cemig, por meio da Lei Estadual e/ou Federal de Incentivo à Cultura, têm por objetivo beneficiar o maior número de pessoas, nas diferentes regiões do estado, promovendo a democratização do acesso às práticas artísticas. Assim, investir, incentivar e impulsionar o crescimento do setor cultural em Minas Gerais reflete o posicionamento da Cemig em transformar vidas com a sua energia. 

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