Número 81 Ano 100 2021

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Fundada em Juiz de Fora, em 1909, a Academia Mineira de Letras (AML) tem permanecido leal aos sonhos de seus idealizadores, mobilizados, já naquela época, em favor da Educação, da História, da Memória e das Artes. Em seus mais de 112 anos, continua ofertando ao público uma programação intensa, seja em sua sede, à Rua da Bahia, em Belo Horizonte, seja nas redes sociais, onde fortaleceu sua atuação nos últimos tempos, sobretudo depois de março de 2020, quando começou a pandemia de covid-19 no Brasil. Toda semana, ela veicula uma aula (ou uma entrevista) inédita e exclusiva no seu canal no YouTube, além de alimentar o seu site na rede mundial de computadores e as suas páginas no Instagram e no Facebook com notícias, resenhas e imagens sobre o universo literário.
Foi essa atitude de permanente diálogo com o mundo contemporâneo – marcado pela comunicação em rede e pelas modernas tecnologias – que levou a Casa de Alphonsus de Guimaraens e de Henriqueta Lisboa a digitalizar a coleção completa de sua Revista.
Os oitenta e um números até agora editados estão integralmente disponíveis, sem qualquer custo, em nosso site, comprovando, assim, a intenção de garantir o mais democrático acesso ao seu conteúdo.
Afinal, de que vale um conhecimento que não é compartilhado? Tão importante quanto produzi-lo, é viabilizar a sua adequada circulação. Sensível, no entanto, ao carisma das publicações impressas, a instituição ainda faz questão de gravar o seu periódico em papel, em reconhecimento ao poder da sua dimensão material, e sempre na esperança de que a sua fisicalidade estimule a interação com os leitores e amplie o valor de sua experiência. Também é fonte de grande alegria ver a nossa Revista ocupando espaços nas bibliotecas, nas escolas, nas universidades e nos centros comunitários de lugares variados, facilitando o encontro, a reflexão, o debate e a crítica em torno dos temas da Cultura.
O presente volume é fruto de um empenho coletivo. A capa reproduz obra do artista Jorge dos Anjos, fotografada por Inês Rabelo e Guto Cortes. O texto da orelha é do escritor Edimilson de Almeida Pereira. O trabalho de revisão ficou a cargo de Leonardo Mordente.
O poema de abertura é de Flávia de Queiroz. O dossiê sobre as literaturas africanas de língua portuguesa foi organizado por mim e pela professora Nazareth Soares Fonseca, uma das mais importantes pesquisadoras do tema, cuja abordagem se torna cada vez mais necessária. O dossiê sobre poesia indígena teve a coordenação do escritor Ailton Krenak e da professora Maria Inês de Almeida, profunda conhecedora do assunto, central para quem se dispõe a captar o fenômeno literário, hoje, no que ele tem de mais rico. A todos, de novo e sempre, o meu muito obrigado.
Na seção final da Revista, como é de praxe, apresentamos as 40 cadeiras de que a AML se compõe, elencando, além dos nomes de seus atuais ocupantes, também os dos patronos, os dos fundadores
e os de todos os que passaram por cada uma delas – um modo de homenagear (e agradecer) aos que vieram antes de nós, ajudando-nos a chegar aonde chegamos. Breve exame de tal lista confirma a vocação da entidade para acolher intelectuais de múltiplos campos da atividade humana, beneficiando a interdisciplinaridade, a pluralidade e as diferenças de pontos de vista. É essa mesma vocação que dá a perspectiva ordenadora do futuro da Academia, consolidando seu “modo de ser e de estar no mundo”, agora na terceira década do século XXI: quanto mais inclusiva, diversa e agregadora a instituição se tornar, mais inteligente e relevante será o seu amanhã. E maiores serão suas chances de gerar sentido para a complexa sociedade de que faz parte.