Comentei, a título de curiosidade, como a Revolução Russa de 1917, que conduziu os soviéticos ao poder, foi pouco explorada entre seus simpatizantes em todo o mundo, no Brasil inclusive, no ano findo. No entanto, acontece o mesmo agora com Cuba de Fidel, quando mal se completaram quinze meses da morte do “comandante”, aos 90 anos, registrada em 25 de novembro de 2016.
Dá para sentir o distanciamento das gerações atuais, a partir do desaparecimento, na quinta-feira, último dia 2, de Fidel Castro Diaz-Balart, em Havana, aos 68 anos. Primogênito do celebrado líder da Ilha, desde antes do presidente Batista, fez-me cansar os olhos à busca de maiores informações por jornais e televisões. Poder-se-ia comentar com a frase latina: “Sic transit gloria mundi”.
Nascido em 1º de setembro de 1949 e formado em Física na ex-União Soviética, Fidelito foi secretário executivo da Comissão de Assuntos Nucleares de Cuba, de 1983 a 1992, assessor científico do Conselho de Estado e vice-presidente da Academia de Ciências de Cuba, ao falecer.
Muito pouco o que se soube, ou se divulgou. Parecido com o pai, inclusive na altura e pelo uso de barba, menino entrou, em Havana, ao lado de Fidel, em 8 de janeiro de 1959, com uniforme verde oliva, integrando a Caravana da Vitória, que percorreu o país.
Do ponto de vista político, sempre foi fiel adepto da revolução, não havendo informações sobre qualquer eventual discrepância com o que houve na Ilha, desde então. Casado com Olga Smirnov, em primeiras núpcias, teve dois filhos: Fidel Antônio, de 37 anos, doutor em Ciência e Tecnologia Nuclear, e Mirta Maria, de 34, doutora em Matemática.
Aliás, no enterro do líder maior, estava ao lado dos meio-irmãos Antonio, Angel, Alexis e Alejandro, resultado de seu casamento com Dalia Soto del Valle, considerada a viúva oficial, o que evidencia que há as não oficiais. É assunto que não se deve, nem precisa, aqui ser tratado, considerando os pormenores das relações familiares, descritos ou referidos por Alina Fernandez, em suas “Memórias”.
A própria Alina resulta de uma relação extraconjugal de Fidel com Natalia Revuelta e é tida como a filha rebelde, autora de um livro muito interessante para entender a ascensão de Fidel Castro às posições que assumiu na história cubana. Presentemente, Alina mora nos Estados Unidos, de onde escreveu seu trabalho, altamente revelador.
O comportamento da família, comentado no boca-a-boca das ruas de Havana, é uma rede de segredos, que não deve ser divulgada sob risco. Assim como Alina Fernandez, que amando Havana, prefere assistir de longe os fatos, Mirta Diaz-Balart, a mãe de Fidelito, optou por radicar-se na Espanha. Quanto ao meio utilizado para praticar o suicídio, nada encontrei nas primeiras notícias.
Alina Fernandez, a irmã-biógrafa, não focaliza muito Fidelito. Apenas que o pai, Fidel, se deslumbrara, na juventude ou fora deslumbrado por Mirta Balart, família ligada às altas rodas políticas da Ilha, tanto que um de seus tios era ministro de Governo. Há muito ainda ou desvelar, como diria Drummond.
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23