Até 18 de fevereiro, na Casa da Fotografia de Minas Gerais, na avenida Afonso Pena, pode ser visitada a mostra “Diego e Frida: Um sorriso no meio da estrada”. É magnífica oportunidade de se apreciar um acervo inédito, que já percorreu os Estados Unidos, Polônia, Peru, Israel e Suécia. Segundo o cônsul do México, onde os artistas nasceram, as fotos “são testemunho da história do casal, que talvez já fosse conhecida, mas raramente tem sido revelada por meio de uma fotografia”. O cônsul Adolfo Zepeda atua no Rio de Janeiro.
Belo Horizonte tem, assim, um privilégio, embora não seja a primeira cidade, possibilitando o ensejo de recorrer à história dos dois pintores mexicanos, que tiveram um conturbado relacionamento enquanto viveram… juntos. Frida e Diego eram comunistas. Mais do que isso, rebeldes, contrários a convenções. Tiveram amantes e namorados, e entre os da artista conta-se Trotsky, líder russo exilado no México, onde foi assassinado a mando de Stalin.
Para Neruda, prêmio Nobel de Literatura, a vida intelectual do México estava dominada pela pintura. Diego Rivera foi envolvido pela fama e se tornou lendário. Grande em dimensões e em cores, tanto quanto em invencionices. Aconselhava comer carne humana como dieta higiênica e de grandes gourmets. Ensinava cozinhar gente de todas as idades, assim como teorizava sobre o amor lésbico.
Sustentava que esse tipo de relação era a única normal, segundo vestígios históricos. Revelou o Nobel: “Às vezes conversava hora comigo, movendo seus empapuçados olhos de índio, e me revelava sua origem judia. Outras vezes, esquecendo a conversa anterior, jurava que ele era o pai do general Rommel, o comandante nazista no Norte da África. Mas, que não passasse a notícia para frente para evitar consequências internacionais”.
Frida, aos 6 anos, foi diagnosticada com poliomielite. Aos 18, sofreu um acidente em choque de um ônibus com um bonde, quando quebrou a coluna em três partes e sofreu fratura da pélvis, não lhe permitindo filhos. Quereria? Era uma personalidade dual, mas também simbolizou “o conflito inerente à raça mestiça, nem totalmente europeia, nem totalmente autócne”. O nome completo era Magdalena Carmen Frida Kahlo Y Calderón, nascida em Coyacán, em 6 de julho de 1907 e falecida em 13 de julho de 1954.
Diego, nascido em Guanajauto, em dezembro de 1886, morreu em 24 de novembro de 1957, na capital mexicana. Dele se disse que, famoso tanto pela vida amorosa turbulenta quanto por suas obras, adorava as mulheres, embora também as tratasse com desprezo. Teve um caso com Cristina, irmã de Frida, e, em 1911, com a artista russa Angeline Beloff, com quem viveu dez anos.
Depois, uniu-se a Guadalupe Narin, por cinco anos, quando encontrou Frida. Com esta casou em 1929, mas a infidelidade continuou. Separaram-se em 1939. Um ano mais tarde, novamente reataram e seguiram juntos por 14 anos, até que ela findasse. Possivelmente possamos repetir o que disse Neruda: foram vulcânicos.
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23