Arte – Jus est ars boni et aequi: O Direito é a arte do bem e do justo. Arte é mais difícil de explicar. No Houaiss você encontra 22 acepções e 34 locuções para o verbete “arte”, começando: “habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e raciona; conjunto de meios e procedimentos através dos quais é possível a obtenção de finalidades práticas ou a produção de objetos; técnica”.
Resumindo, parece texto do poeta, escritor, romancista, ensaísta e tradutor Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras, nascido no Rio de Janeiro há 54 anos, que fala uma infinidade de idiomas ocidentais e orientais, é casado com a psicanalista Constança Hertz e escreve num português muito elogiado, porque ininteligível.
As discussões sobre “arte”, velhas de vários séculos, são muito divertidas. Lucchesi, nos seus melhores dias, explicará em sânscrito ou em grego clássico o porquê de um homem nu, deitado para ser apalpado pelas crianças que visitam uma exposição, é considerado “arte”, enquanto noutras condições pode ser confundido com pedofilia.
Cadeiras enfileiradas numa calçada tanto podem ser arte, como podem ser providência de pobres coitados para descansar e marcar seus lugares durante cinco, seis dias, esperando matricular seus filhos numa escola próxima de suas casas.
Arte abstrata, arte concreta, arte figurativa, arte moderna, arte plumária, arte rupestre e as mais que v. queira listar podem ser divididas, como faz Donald Trump com os países, em duas categorias: arte e merda.
Assédio – Depois de ler quase tudo que se publicou na imprensa sobre assédio sexual parei de cumprimentar senhoras e senhoritas com o “Bom dia” recomendado pela educação que me deram. Boa tarde, então, é cumprimento típico de quem assedia com a sugestão de sexo vespertino em motel. E boa noite consegue ser mais grave.
Noite dessas, conhecida apresentadora de tevê, que oscila entre a jabiraca e o bucho sem deixar de ser um canhão e um estafermo, criticava o assédio sexual como se existisse no planeta um assediador capaz de molestá-la.
Depois de se envolver num episódio lésbico em que ficou mal da fita e na tevê, abandonada pela parceira depois de três meses, a referida senhora deveria ficar calada em questões sexuais.
Eduardo Almeida Reis é cronista, humorista, romancista, ensaísta, historiador e jornalista. Ocupa a cadeira n° 24 da AML.