A Academia Mineira de Letras informa com pesar o falecimento do escritor, professor, médico e entomólogo Ângelo Machado, nesta segunda-feira, 6 de abril. Ângelo ocupava a cadeira de nº 26 da Academia Mineira de Letras, cujo patrono é Evaristo da Veiga. Fundada por José Eduardo da Fonseca, a cadeira 26 também foi ocupada por Mário Casassanta, Henriqueta Lisboa, Lacyr Schettino, João Batista Megale e Bartolomeu Campos de Queiroz.
Sendo o 6º sucessor da cadeira, Ângelo Machado tomou posse na Academia Mineira de Letras em março de 2013. Para o presidente da AML, Rogério Faria Tavares, ele “legou a Minas e ao Brasil uma obra científica e literária de primeira linha, além de ter brindado a todos com sua personalidade cativante e seu divertido senso de humor. Era um humanista e um defensor do relacionamento saudável com a natureza. Foi pioneiro na luta pela ecologia. Fará muita falta. Deixa imensa saudade”, completa.
Sobre Ângelo Machado
Ângelo Machado graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1958, porém nunca exerceu a profissão, dedicando-se ao ensino e à pesquisa na área de neurobiologia. Criou o Laboratório de Neurobiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o Centro de Microscopia Eletrônica.
Como entomologista descreveu 48 novas espécies e quatro gêneros de libélula. Seu nome foi incorporado a 27 seres vivos, entre libélulas, borboletas, besouros, aranhas e até um fungo, como homenagem de outros pesquisadores à sua pessoa.
De volta à UFMG, trabalhou durante muitos anos pesquisando a glândula pineal e o sistema nervoso autônomo, área na qual fez uma de suas descobertas mais relevantes: a formação das vesículas sinápticas de noradrenalina, a partir do retículo endoplasmático liso, nos terminais axônicos.
Também escreveu um livro didático bastante utilizado no ensino de graduação de Medicina, Neuroanatomia funcional.
Aposentou-se em 1987 como professor titular de Neuroanatomia e submeteu-se a novo concurso para docência, tornando-se professor adjunto de Entomologia. Assim, seu hobby, o estudo de insetos, tornou-se profissão, o que o levou a iniciar um novo hobby: escrever livros para crianças nos quais a temática era a biologia, atividade que lhe rendeu um Prêmio Jabuti em 1993 na categoria de Literatura Infantil. Eventualmente escreveu livros para adolescentes e adultos, como Os fugitivos da esquadra de Cabral (em 2000) e Manual de sobrevivência em festas e recepções com bufê escasso (1998).