Faleceu nesta manhã de domingo, 18 de fevereiro de 2024, o escritor, professor-pesquisador,  crítico literário e membro da Academia Mineira de Letras Rui Mourão (1929 a 2024). Ele ocupava na AML a cadeira de Nº 31, fundada por Machado Sobrinho, que tem como patrono Lucindo Filho (1847–1896) e que já foi ocupada por Salles Oliveira, Manoel Casasanta, Waldemar Pequeno e Luís Carlos de Portilho.

Para o presidente da Academia Mineira de Letras, Jacyntho Lins Brandão, “Rui Mourão figura entre os mais proeminentes romancistas mineiros, desde a publicação de ‘As Raízes’, em 1956, até o mais recente experimento de autoficção, lançado em 2008, ‘Quando os demônios descem o morro’. Foi um dos fundadores da revista Tendencia, professor universitário no Brasil e nos Estados Unidos, além de diretor do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, por mais de duas décadas. Era membro da Academia Mineira de Letras desde 2009. Sua vida plena de realizações deixa um precioso legado à cultura brasileira”, afirma.

Sobre Rui Mourão

Rui Mourão nasceu em dezoito de abril, de 1929, na cidade de Bambuí, região Oeste de Minas Gerais. Era o segundo filho de Edith Moreira Guimarães Mourão e Benjamin Mourão, seu Beijo, escrivão da Coletoria Federal. Em 1937, é matriculado no Grupo Escolar José Alzamora. Em 1947, precisando trabalhar para continuar os estudos, na metade do segundo ciclo, vai tentar a vida em Belo Horizonte. Já em 1949, presta concurso para o Banco Mineiro da Produção, depois Banco do Estado de Minas Gerais, e a 5 de abril é admitido no cargo de Praticante “E”. Aprovado no exame vestibular, ingressa na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1950 publica no jornal A Manhã, Rio de Janeiro, na coluna da escritora Dinah Silveira de Queiroz, mensalmente franqueada aos “novos”, o primeiro texto de crítica literária, sobre Sagarana, de Guimarães Rosa. Em 1956, publica As Raízes, seu livro de estreia. Com Affonso Ávila e Fábio Lucas, companheiros de Vocação funda em 1957 a revista Tendência. Casa-se um ano depois com com Elza Sampaio do Couto, colega de trabalho Palácio da Liberdade, da qual terá quatro filhos, Cristiano André, Clarice e Raquel.

Recebe a Medalha da Inconfidência, grau Insígnia, de governo do Estado de Minas Gerais. Em 1962, ingressa no Correio de Minas. A 16 de abril, transfere-se para Brasília, onde, na condição de Auxiliar de Ensino, onde passa a lecionar Literatura Brasileira na universidade criada por Darcy Ribeiro. Em 1963, torna-se Mestre em Literatura Brasileira, apresentando dissertação sobre Graciliano Ramos. Em seguida, em 1965, demite-se da Universidade de Brasília, em repúdio às arbitrariedades praticadas pela ditadura militar, ao lado de 270 professores. Transfere-se em 1966 para os Estados Unidos, onde vai lecionar na Tulane University, em New Orleans, na condição de Professor Visitante. Em 1969, retorna ao Brasil, reassumindo o cargo de Técnico de Administração, do qual se achava licenciado, sendo imediatamente colocado à disposição da Imprensa Oficial do Estado, onde vai integrar a Comissão de Redação do Suplemento Literário do jornal Minas Gerais. Em 1970, é admitido como diretor executivo da Fundação de Arte – Ouro Preto. Em 1973, publica o romance Cidade Calabouço. Já em 1974, é empossado, a 14 de junho, no cargo de diretor do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. No ano de 1975, é nomeado membro do Conselho Estadual de Cultura, onde será autor do projeto de criação do Prêmio Guimarães Rosa, de ficção. E em 1979,  publica o romance Jardim Pagão.

Nos anos 80, publica o romance Monólogo do Escorpião (1983), e um ano depois, incluindo contribuição de Francisco Iglésias, o livro Museu da Inconfidência (1984). Recebe o troféu Melhores de 1985, setor Cultura, do jornal Estado de Minas. No início dos anos 90, publica O Alemão que Descobriu a América, e em seguida, o romance Boca de Chafariz, o ensaio “A Nova Realidade do Museu” e Servidão em Família. Em 2001, publica Invasões no Carrossel. Em 25 de junho de 2009 é eleito para a Academia Mineira de Letras. E por fim em 29 de outubro, toma posse na Academia Mineira de Letras.

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