Parceria entre a Academia Mineira de Letras e o Movimento Quem Ama Não Mata promove, até novembro deste ano, encontros mensais com discussões sobre a pauta feminista.

No próximo “Sábados Feministas”, no dia 10 de agosto, sábado, das 10h às 11h30, a Academia Mineira de Letras é palco para debate em torno do tema “Violência e masculinidades: desafios da cultura”. Participam a socióloga Elizabeth Maria Fleury-Teixeira, o psicanalista Felipe Lattanzio e o juiz Marcelo Gonçalves de Paula. O evento resulta de parceria da Academia Mineira de Letras com o movimento feminista QANM – Quem Ama Não Mata. Os portões abrem 30 minutos antes do início do evento que acontece no auditório da AML (Rua Da Bahia, 1466 – Lourdes).

Com entrada gratuita e interpretação em Libras, a palestra ocorre no âmbito do projeto “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.

“A ideia é debater sobre essa naturalização da violência de gênero, ensinada, de geração a geração, por meio do desprezo a valores ligados ao feminino e do receio de perda de ‘identidade masculina’, comenta a coordenadora do movimento Movimento Quem Ama Não Mata (QANM), Mirian Chrystus.

Quais seriam as origens de tanta violência de homens contra mulheres mostrada não só pela mídia, mas, principalmente, a que ocorre, anonimamente, no cotidiano doméstico?  O senso comum acostumou-se a explicações de ordem econômica e até biológica, o excesso de testosterona. Como demonstra a pesquisa nacional realizada em 2023, pelo Instituto de Pesquisa Data Senado: 68% das brasileiras tem uma amiga, familiar ou conhecida que já sofreu violência doméstica, sendo a mais predominante a violência física, reportada por 89% das brasileiras.

Uma linha de pensamento vem se impondo: a violência socialmente construída, como reflexo de um aprendizado iniciado na infância e reforçado ao longo da vida. Este é o objetivo da palestra: compreender o fenômeno da violência contra as mulheres como processo cultural, que constrói a identidade masculina baseada num paradoxo: em relações de desigualdade entre os sexos, conferindo poder e privilégios aos homens e, por outro lado, o medo de que essa masculinidade se desvaneça no contato com o outro. “O resultado é uma rigidez de corpo e mente, a par com a violência: o horror diante da possibilidade de perda da identidade sexual. Mas, assim como há o aprendizado da violência, o processo pode ser revertido e homens agressores aprenderem a lidar com a alteridade, em que os beneficiários dessa mudança sejam todos os envolvidos e a própria sociedade”, acredita Chrystus.

Minibio dos Convidados

Elizabeth Maria Fleury-Teixeira: Pesquisadora da Fiocruz Minas e integrante do Movimento Quem Ama Não Mata (QANM) é doutora em Sociologia pela UFSCar. Tem pós-graduação em Ciência Política e Mestrado em Sociologia pela UFMG. Coordenou, em parceria com Stela Meneghel, da UFRGS, o “Dicionário Feminino da Infâmia – acolhimento e diagnóstico de mulheres em situação de violência“, publicado pela Editora Fiocruz (2015). Em parceria com o QANM, coordenou projeto de resgate da memória do feminismo mineiro, resultando, em 2023, na criação de plataforma da Fiocruz Minas para abrigar o website: “Vermelho Carmim – uma história das mineiras em luta por seus direitos”. Desde 2016, vem desenvolvendo estudos sobre as formas de socialização vividas por homens punidos pela Lei Maria da Penha. É também jornalista e poeta.

Felipe Lattanzio: Psicanalista, doutor em psicologia pela UFMG com estágio doutoral no CNAM/Paris, é autor do livro “O lugar do gênero na psicanálise: metapsicologia, identidade, novas formas de subjetivação“, entre outras publicações. Foi coordenador geral do Instituto Albam, no qual recebeu o prêmio “Objetivos de desenvolvimento do milênio“, da ONU. É professor da PUC/Minas.

Marcelo Gonçalves de Paula: Juiz titular do 2° juizado de violência doméstica e familiar da comarca de Belo Horizonte desde 2016, é integrante da coordenadoria da mulher em situação de violência do TJMG e membro da diretoria do Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica (FONAVID). Mestre em Direitos Humanos pela ENFAM do Superior Tribunal de Justiça, idealizador da Audiência de Fortalecimento e do Programa Construindo Igualmente do TJMG e do fluxo/procedimento  de atendimento das demandas em violência de gênero, no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC), da Comarca de Belo Horizonte/TJMG. Integrou o Grupo de Pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa (CNJ), em 2020/2021, sobre o mapeamento nacional de grupos reflexivos.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

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