No dia 28.11, quinta-feira, será realizada a cerimônia de premiação do autor e da editora do livro de contos Pistas Falsas, vencedores do Prêmio Academia Mineira de Letras 2024. Na ocasião, o escritor e jornalista José Eduardo Gonçalves conversa com o público, dentro do projeto livro do mês – que prevê bate-papos mensais a partir de obras escolhidas pela AML. A cerimônia acontece a partir das 19h, seguida de bate-papo e noite de autógrafos, na sede da Academia Mineira de Letras.

Com entrada gratuita, o evento acontece no âmbito do projeto “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura que tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

“Pistas Falsas”

O livro Pistas falsas, do jornalista e escritor José Eduardo Gonçalves, explora a densidade das relações humanas em contos nos quais situações inesperadas e imprevistas são a principal matéria-prima. São 59 contos que variam narrativas sobre um cotidiano mais prosaico, as relações familiares, a infância, os conflitos amorosos, a vida dos animais. A densidade na descrição das relações humanas aparece de forma ímpar, tendo sempre o fracasso à espreita, batendo a porta em cada convívio. Milton Hatoum assina a quarta capa do livro, com capa da designer Rosely Vaz.

“O Prêmio AML consagra a excelência de Pistas falsas de José Eduardo Gonçalves, cujas qualidades vêm sendo ressaltadas pela crítica desde sua publicação. No contexto de outros destacados livros de autores mineiros aparecidos em 2023, os contos de José Eduardo destacam-se pela destreza estilística e a visada certeira com que aborda e traça aspectos variados da existência”, afirma o presidente da AML, Jacyntho Lins Brandão.

“Fugindo ao previsível, muitos textos subvertem o que se espera de um conto, como na seção ‘Nocautes’ – feita de pequenos golpes verbais que sobressaltam quem os lê (ou recebe). Jogos de engano, diálogos cheios de ditos, não ditos e entreditos, desfechos incomuns, detalhes triviais à primeira vista, mas incisivos como pistas (falsas ou plausíveis), tudo isso evidencia a destreza narrativa desse escritor que, sem abrir mão da ironia e de certo humor inquietante, permite-se também o exercício dos afetos e da empatia”, destaca a ensaísta Maria Esther Maciel, que assina a orelha do livro.

Pistas falsas também se caracteriza pela narrativa curta, textos envolventes que descrevem um enredo completo em apenas duas linhas, destacando a destreza do autor na intimidade com o verbo e sua forma de contar histórias. Em um gênero altamente traiçoeiro como o conto, em que um pequeno tropeço pode colocar tudo a perder, o autor parece não se intimidar com o tamanho do desafio. “Minhas maiores referências literárias sempre foram os contistas”, reconhece Gonçalves, elencando nomes como  Julio Cortazar, Raymond Carver, John Cheever, Otto Lara Resende, Lygia Fagundes Telles, Juan Rulfo, Dalton Trevisan, Katherine Mansfield e Kafka, este o seu favorito. O saldo, no entanto, é de uma voz literária própria, impactante, reconhecível pela carpintaria rigorosa com que desfia suas histórias.

“A minha reestreia como autor de ficção, depois de um longo hiato, não poderia receber melhor testemunho de aprovação do que este prêmio da AML, concedido por escritores que respeito e admiro. Maior do que a satisfação pessoal, no entanto, é o desejo de que esta premiação amplie a visibilidade do livro e o faça chegar a muitos novos leitores”, diz o autor premiado.

O editor Eduardo Lacerda comenta: “É surpreendente e uma alegria que o Prêmio da Academia Mineira de Letras reconheça – também financeiramente – o trabalho das editoras, e para o livro Pistas falsas, de José Eduardo Gonçalves, o trabalho da Editora Patuá. Temos um histórico de prêmios recebidos e sempre defendemos que quem ganha o Prêmio e merece todas as honras é o autor, a autora, a pessoa que escreveu o livro. Mas sabemos que o trabalho das editoras é fundamental para a circulação e difusão dos livros, trazendo leitores, leitoras, crítica e fortalecendo os livros e os autores e autoras nas premiações. Agradecemos muito pela maneira inovadora de entender a relação dos prêmios com as editoras, sabemos que uma boa parte do valor Prêmio da Academia Mineira de Letras acabará sendo utilizado para a edição de autores e autoras brasileiros, o trabalho diário da Editora Patuá.”

“Os textos de Pistas falsas podem ser lidos como contos ou crônicas, mas o gênero literário não vem ao caso. O que nesses textos fascina o leitor é a densidade das relações humanas, narradas com brevidade, precisão e, quase sempre, com assombro, surpresa e (auto)ironia. “A vingança do escritor é inventar a vida dos outros”. Essa frase lapidar parece definir a excelente prosa de ficção de José Eduardo Gonçalves”, comenta Milton Hatoum na quarta capa.

O valor do prêmio da Academia Mineira de Letras é de R$100 mil, sendo R$60 mil destinados ao autor e R$40 mil à editora. A comissão julgadora foi presidida pelo Secretário Geral da AML, J.D.Vital,  composta ainda por  Humberto Werneck, Luís Giffoni, Maria Esther Maciel e Carlos Herculano que receberam, de acadêmicos da instituição, indicações de obras já publicadas entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2023, por autores mineiros ou residentes há pelo menos cinco anos no Estado

José Eduardo Gonçalves, natural de São João del-Rei, é jornalista, editor e escritor. Autor dos livros  Cartas do Paraíso (Mazza, 1998), Vertigem (Record, 2003) e A cidade das memórias flutuantes (Conceito, 2005), foi organizador do livro “Ofício da Palavra” (Autêntica, 2014), premiado em 2015 como melhor livro teórico do ano pela FNLIJ-Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Em 2023 lançou o livro de contos Pistas Falsas (ed.Patuá). Presidiu a Rádio Inconfidência e a Rede Minas de Televisão, emissoras públicas ligadas à Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Foi editor da revista de cultura Palavra (1999-2000) e é um dos editores da revista anual de arte e literatura Olympio. Desenvolve projetos editoriais, como a coleção BH. A cidade de cada um, com 39 títulos já publicados, e a coleção Beagá Perfis, até então com seis títulos. Curador de projetos e festivais literários, realiza desde 2016 o projeto “Letra em Cena”, no Minas Tênis Clube.

Eduardo Lacerda é poeta, produtor cultural e editor. Cursou Letras na Universidade de São Paulo. Coeditou a Revista Metamorfose e O Casulo – Jornal de Poesia Contemporânea. Criou o Patuscada – Livraria e Espaço Cultural. É diretor da Public.Inc – Incubadora de Editoras Independentes. É também editor da Patuá onde já publicou quase 3000 títulos alguns semifinalistas, finalistas e vencedores em prêmios como Jabuti, Biblioteca Nacional, Oceanos, Casa de Las Américas, Guavira, Academia Mineira de Letras.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.