No dia 13 de novembro, quarta, a Academia Mineira de Letras, fará uma homenagem especial à acadêmica Maria José de Queiroz, que durante 55 anos, ocupou a cadeira de n° 40, fundada por Pinto de Moura e sucedida pela escritora Conceição Evaristo. Na ocasião será inaugurado o Memorial Maria José de Queiroz. A escritora deixou para a Instituição grande parte de seu acervo de livros e documentos, um piano, móveis do escritório e todos os direitos autorais referentes à sua obra. O evento começa, às 19h30, no auditório da AML. 

Com entrada gratuita e acessibilidade em Libras, a homenagem a Maria José de Queiroz acontece no âmbito do projeto “Academia Mineira de Letras – Manutenção e Funcionamento 2024- (CA 2018.13609.0261)”, incluído na Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Esse projeto tem o patrocínio da Cemig – através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

De acordo com o presidente da AML, Jacyntho Lins Brandão, “torna-se relevante lembrar, neste momento de homenagens, a extensão do legado da escritora Maria José de Queiroz à literatura brasileira e à história de Minas Gerais”, diz.

Ao falecer, em novembro de 2023, a autora deixou para a Instituição um fundo documental composto por livros, fotografias, revistas, manuscritos, fichamentos de estudos, correspondências, além de documentos pessoais, mobiliário, e peças da sua sala de música, incluindo um piano ¼ de cauda e partituras musicais que fizeram parte do seu repertório como musicista.

Além disso a acadêmica transferiu todos os direitos autorais referentes à sua extensa produção intelectual para a AML, casa à qual pertenceu por tantas décadas e que agora torna-se guardiã do seu legado e sua contribuição à literatura brasileira e à história de Minas Gerais com a inauguração do Memorial Maria José de Queiroz.

Em novembro de 2019, por ocasião do 50º aniversário de seu ingresso na AML, lançou o inédito Terra incógnita e a edição revista do livro de ensaios A literatura encarcerada. Sua vasta obra, com cerca de trinta livros, inclui ensaio, poesia, conto e romance, entre os quais Joaquina, filha do Tiradentes” – que inspirou a novela “Liberdade, liberdade”, exibida em 2016. Os estudos fundamentais de Maria José de Queiroz sobre escritores que produziram sua obra na prisão, a literatura e o gozo impuro da comida, os textos sobre os escritos de exílio e sobre tantos outros temas, aliados a uma profunda reflexão sobre a liberdade, a mulher, o índio, os pobres, constituíram um marco na crítica humanista do país.

A publicação da poesia da autora começou fora do Brasil. O primeiro livro de poesia de Maria José de Queiroz, Exercício de levitação, foi publicado em 1971, em Coimbra. Além de revelar uma busca quase mística pela palavra essencial, essa coleção de poemas constitui-se como uma profissão de fé da poetisa. Em Exercício de gravitação, publicado em 1972, também em Portugal, a notação poética gravita sob o signo de Jorge Luis Borges, para quem “um livro é todos os livros”.  Em 1974, a poesia acontece com o título de Exercício de fiandeira, outra publicação em terras lusitanas. Para que serve um arco-íris? foi escrito no verão de 1974, em Paris, e publicado em 1982, em Belo Horizonte. A memória é visitada na coletânea Desde longe, publicada em 2016, e em segunda edição, em 2020.

Rogério Faria Tavares, presidente emérito da AML, comenta sobre Maria José de Queiroz: “mineira de Belo Horizonte, onde nasceu em 1934, Doutora em Letras Neolatinas, lecionou na Sorbonne, em Lille, em Bordeaux, em Bonn, em Colônia, em Indiana, em Berkeley e em Harvard. Escreveu ensaios memoráveis: “A literatura encarcerada” (1981), “A literatura do êxtase: das drogas à vertigem da loucura” (1990), “A literatura e o gozo impuro da comida” (1994), “Os males da ausência ou a literatura do exílio” (1998) e “Em nome da pobreza” (2006), entre outros. Foi a contista de “Amor cruel, amor vingador” (1996), a poeta de “Desde longe” (2020) e a romancista de “Joaquina, a filha do Tiradentes” (1987), para citar apenas algumas de suas incursões pela ficção. Eleita na sucessão de Afonso Pena Júnior, ocupou por mais de cinquenta anos a cadeira de número quarenta da Academia Mineira de Letras. Quando presidente, tive a alegria de coordenar, em 2019, a sessão que celebrou suas cinco décadas na instituição”.

Para o presidente Jacyntho Lins Brandão,  “Maria José de Queiroz foi desde sempre brilhante, tendo se tornado catedrática de literaturas hispano-americanas na UFMG com apenas 26 anos, na sucessão de Eduardo Frieiro. Desde então, não cessou de publicar inúmeros livros de crítica literária, poesia e romances, incluindo o celebrado “Joaquina, filha do Tiradentes”. Sempre primou pela inteligência e elegância, em todas as situações, incluindo a convivência por 55 anos com os pares da nossa Academia. Deixa um inestimável legado para as letras e a cultura brasileira”.

Cemig: a energia da cultura

Como a maior incentivadora da cultura em Minas Gerais, a Cemig segue investindo e apoiando as diferentes produções artísticas existentes nas várias regiões do estado. Afinal, fortalecer e impulsionar o setor cultural mineiro é um compromisso da Companhia, refletindo seu propósito de transformar vidas com energia.

Ao abraçar a cultura em toda a sua diversidade, a Cemig potencializa, ao mesmo tempo que preserva, a memória e a identidade do povo mineiro. Assim, os projetos incentivados pela empresa trazem na essência a importância da tradição e do resgate da história, sem, contudo, deixar de lado a presença da inovação.

Apoiar iniciativas como essa reforça a atuação da Cemig em ampliar, no estado, o acesso às práticas culturais e em buscar uma maior democratização dos seus incentivos.