A Academia Mineira de Letras recebe o Ciclo de debates “Arte Hoje: encontros….” que reúne, de setembro de 2024 até julho de 2025, um total de sete mesas com discussões sobre o atual estado e estatuto das artes, bem como suas perspectivas futuras, como parte da programação “Moraleida, 25 anos depois…” que marcam os 25 anos da morte do artista Pedro Moraleida.

A primeira mesa será no dia 18.09, quarta-feira, a partir das 19h30 no auditório da AML, com a participação da crítica de arte e curadora Lisette Lagnado e do artista e professor Gastão Frota, sob a coordenação de Augusto Nunes-Filho, psicanalista e crítico de arte, que discutirão o estado das artes plásticas hoje, no Brasil e no mundo. A entrada é gratuita.

O evento acontece, em parceria com o Instituto Pedro Moraleida Bernardes – iPMB, Viaduto das Artes e Grupo Oficina Multimédia, no âmbito dos projetos “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.

Entre convidados estão, Paulo Miyada; Laymert Garcia dos Santos; Jochen Volz; Moacir dos Anjos; Rodrigo Moura; Carmela Gross; Raphael Fonseca; Luiz Camillo Osório; Verônica Stigger; Marcos Hill; Solange Pessoa; Gastão Frota; Eduardo de Jesus; José Alberto Nemer; Júlia Rebouças; Vera Casanova entre outros.

O objetivo é promover encontros que problematizem o atual estatuto da arte ante a necessidade posta do enfrentamento de acontecimentos que se impõem em ritmo cada vez mais alucinante ao conjunto da sociedade.

O Ciclo de debates “Art e Hoje: encontros….” integra a programação Moraleida, 25 anos depois…”, que abriu em agosto deste ano com a inauguração da sede  do iMPB ao público, marcada pela exposição “”Moraleida, Contemporâneo…” que reúne 71 obras do artista, alguma delas inéditas. A programação dos 25 anos contará também com um conjunto de exposições em diferentes locais– a “Invasão Moraleida: exposições” e intervenções, por artistas admiradores do trabalho de Moraleida como Patrícia Bizzoto da FEA,  do Grupo Oficina Multimédia ( Encenação), Sávio Leite (Áudio-visual)  e Marcelo Veronez em dupla com o Cláudio Moraleida (música) – a “Invasão Moraleida: intervenções”.

SOBRE O ARTISTA

Apesar de muito novo e de estar apenas no início de sua trajetória como artista, Pedro Moraleida Bernardes deixou, ao falecer precocemente, em 1999, aos 22 anos de idade, ainda estudante da Escola de Belas Artes da UFMG, um numeroso e diversificado acervo de obras de arte, composto por cerca de 450 pinturas,(usando técnicas mistas, óleo, acrílica, guache, grafite, lápis de cor, colagens, entre outros, sobre variados suportes como papel, madeira,  tecido, tela, metal, etc.); 1450 desenhos (inclusive, quadrinhos e cartoons e até sobre radiografias); mais de quatro centenas e meia de textos (entre poesias, manifestos, contos, parábolas, reflexões sobre arte e de natureza existenciais, etc.) e cerca de 120 experimentações sonoras.  O próprio artista expressou, em vários textos pessoais, sua visão particular acerca da arte e do trabalho dos artistas.

Esse acervo impressiona tanto pelo volume e diversidade de formas de expressão, de técnicas e suportes utilizados, quanto pela riqueza de suas características, pela qualidade de conteúdo e de formas, pela atualidade, originalidade, consistência e coerência. É um acervo singular e genuíno, fruto de um trabalho ousado, inovador, engajado nas temáticas humanas e sociais de nosso tempo, polêmico, coerente e na contramão das tendências dominantes nas artes plásticas de Minas e do Brasil à época, pelas quais a “pintura havia morrido” e a “arte”, para se preservar como tal, deveria ser “indiferente” ou “neutra” em relação aos dilemas e conflitos humanos e sociais, com conteúdo e forma, em certo sentido, premonitórios e precursores de tendências que só viriam a ganhar força com o passar do tempo.

José Alberto Nemer, em artigo no jornal Estado de Minas, intitulado “Sobre Fantasmas e Homens”, sobre a exposição “Coisas Para Fazer Hoje”, em março de 2002, ao compará-la com a Bienal de São Paulo da época, cita Jean Dubuffet (para quema arte nunca vem deitar na cama que se prepara para ela”) e afirma que o que faltava na Bienal, para ele pobre em termos artísticos, sobrava na exposição de Pedro Moraleida.

SOBRE CONVIDADOS

Lisette Lagnado é doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), crítica de arte e curadora independente. Nos anos 1980 e início dos 1990, trabalhou como editora da revista Arte em São Paulo e repórter no caderno “Ilustrada” da Folha de S. Paulo. Em 1993, recebeu o Prêmio de Melhor Exposição do Ano da APCA pela curadoria “A presença do ready-made, 80 anos” (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo).

Em 1995, cofundou o Projeto Leonilson, responsável pela sistematização da obra do artista morto em 1993, e publicou Leonilson. São tantas as verdades (Sesi, 1996). Entre 1999 e 2002, concebeu e coordenou a digitalização e catalogação dos manuscritos de Hélio Oiticica para o Itaú Cultural, instituição na qual atuou também para o projeto Rumos Itaú Cultural (2005 e 2006). De 2001 a 2010, coeditou a revista eletrônica trópico, que participou da “documenta 12 magazines” (Kassel, Alemanha).

Em 2013, foi curadora do 33º Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Dirigiu e coordenou os programas públicos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro, 2014-2017). Foi curadora da 27ª Bienal de São Paulo (“Como Viver Junto”, 2006), da exposição “Desvíos de la deriva” no Museo Reina Sofía em Madri (2010) e cocuradora da 11ª Bienal de Berlim (2019-2020), edição que contou com a participação do artista Pedro Moraleida.

Lagnado tem publicado extensamente sobre artistas brasileiros e estrangeiros, em veículos especializados. Mais recentemente, foi coordenadora curatorial da exposição “A parábola do Progresso”, junto com André Pitol e Yudi Rafael (Sesc Pompeia, 2022-23) e curadora da exposição “No fim da madrugada” (Galeria Vermelho, São Paulo, 2023).

Gastão Frota Artista-investigador, é professor no IARTE-UFU, integrante do grupo de pesquisa Soma: Ações Transdisciplinares. Mestre em Artes Visuais pelo Pratt Institute (bolsa ApArtes) e doutorando em Multimídia pela Belas Artes da Universidade de Lisboa (Quali-UFU), pesquisa afetos multe espécies aproximando Arte, Estudos Animais-Humanos e Ecologia. Estudou na EBA-UFMG, Escola Guignard e Parque Laje (RJ), tendo posteriormente lecionado nessas instituições e programas diversos (FID, Reeditores, C.R. da Pop. de Rua). Foi professor de pintura do Pedro Moraleida na Belas Artes e empreendedor do projeto inicial de organização e difusão da obra (Caminhando no Lado Selvagem, BH 2000).

Artista visual trabalha em multimeios e com proposições colaborativas de arte pública, resultando em performances, filmes e exposições, tais como o Abraço do Mundo e as ciberÀtrações charrete.Net (prêmio da X Rede Nacional Funarte de Artes Visuais). Expos no CRAV, C.C.UFMG, Museu Mineiro, Castelinho do Flamengo, MUnA, Museu Nacional e apresenta suas pesquisas também em eventos da ANPAP (Belém), CAA (NY), ISEA (Durban), ZDB (Lisboa) etc.

Augusto Nunes-Filho        

Curador e crítico de arte, membro da ABCA/AICA; psicanalista; psiquiatra; mestre em Filosofia. Presidente da Fundação Clóvis Salgado (2015/2018) responsável pela criação da Pqna Galeria Pedro Moraleida, da Galeria Aberta Amílcar de Castro no Palácio das Artes. Curador de exposições de Pedro Moraleida, Miguel Gontijo, Décio Novielo, Ana Horta, Siron Franco, dentre outras, e do projeto Arteminas, voltado a artistas consagrados e novos talentos.  Atual Diretor Artístico do iPMB (Instituto Pedro Moraleida Bernardes).

iPMB : rua dos Inconfidentes 732, loja 02, Savassi, BH.  @institutopedromoraleida