A Academia Mineira de Letras abre suas portas para mais uma conversa do Ciclo de debates “Arte Hoje: encontros….” no dia 12/02, às 19h30. Nesta atividade, a casa recebe o professor, pesquisador, curador e autor, Laymert Garcia, e a professora, pesquisadora, curadora independente, Verônica Stigger, para uma conversa sobre a relação entre palavra e imagem na obra do artista mineiro Pedro Moraleida. Com a mediação da professora e pesquisadora, Vera CasaNova, o evento acontece no auditório da AML e tem a entrada gratuita.

A reflexão para a conversa parte da ideia de que “a palavra, na modernidade e na contemporaneidade, apresenta-se muito fortemente como imagem em trabalhos predominantemente plásticos, chegando, em alguns casos, até ao ponto em que o escrito se torna ostensivamente visual, isto é, em que o texto é a imagem”, explica Verônica Stigger. A intelectual ainda completa, dizendo que para a conversa “serão levantados alguns exemplos e formas de tratar a palavra nas artes, antes de se deter no caso da obra de Pedro Moraleida, em que a imagem parece não dar conta sozinha do que se quer expressar e o escrito acaba aparecendo como uma forma de grito incontido”.

Laymert Garcia considera Faça você mesmo sua Capela Sistina a obra maior que Pedro Moraleida deixou, “como o rastro de um cometa que riscou o céu de modo vertiginoso, antes de desaparecer”. O pensador ainda destaca que tal criação “choca, interpela, intriga, deixando o espectador perplexo e desorientado, sem saber como percebê-la e apreendê-la”. Para a conversa, Laymert intenciona limitar-se a expressar, através das ressonâncias que a obra evoca, o que entende como o “modo de ser” do artista.

O Ciclo de debates “Arte Hoje: encontros….” reúne, até julho de 2025, mesas de conversa sobre o atual estado e estatuto das artes, como parte das atividades “Moraleida, 25 anos depois…” que marca o jubileu da morte do artista mineiro Pedro Moraleida. O evento acontece em parceria com o Instituto Pedro Moraleida Bernardes (iPMB), Viaduto das ArtesGrupo Oficina Multimédia, no âmbito dos projetos “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 248139)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.

Dia 22/02 será aberta na Academia Mineira de Letras a exposiçãoO Grito de Pedro Moraleida” com Intervenção do grupo Multimédia, tratando dos textos do artista e curadoria de Vera CasaNova.


SOBRE PEDRO MORALEIDA

Pedro Moraleida Bernardes (1977-1999), apesar de sua trajetória precocemente interrompida aos 22 anos, deixou um legado artístico vasto e multifacetado. Estudante da Escola de Belas Artes da UFMG, produziu um acervo impressionante que inclui cerca de 450 pinturas (em técnicas como óleo, acrílica, guache, grafite e colagens, sobre suportes variados como papel, madeira, tecido e metal), 1.450 desenhos (incluindo quadrinhos, cartoons e até radiografias), mais de 450 textos (poesias, manifestos, contos e reflexões sobre arte e existência) e 120 experimentações sonoras. 

 Sua obra reflete uma visão singular da arte, expressa em textos pessoais nos quais ele discute o papel do artista e a natureza do fazer artístico. O acervo de Moraleida destaca-se não apenas pelo volume e diversidade, mas pela originalidade, consistência e engajamento com questões humanas e sociais. Em um contexto em que a pintura era considerada “morta” e a arte tendia à neutralidade, sua produção ousada e polêmica contrastava com as tendências dominantes nas artes plásticas de Minas Gerais e do Brasil à época.


SOBRE CONVIDADOS

Veronica Stigger é escritora, crítica de arte, curadora independente e professora universitária. Doutora em Teoria e Crítica de Arte pela USP, realizou pós-doutorados na Università degli Studi di Roma “La Sapienza”, no Museu de Arte Contemporânea da USP e no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Atualmente, desenvolve pesquisa de pós-doutorado na FFLCH-USP. Foi curadora de exposições como Maria Martins: metamorfoses e O útero do mundo (MAM-SP), Constelação Clarice (IMS) e Desvairar 22 (Sesc Pinheiros). Recebeu prêmios como o Grande Prêmio da Crítica da APCA e o Jabuti de Literatura. Autora de 14 livros, entre eles Opisanie świata, Sul e Sombrio ermo turvo, é reconhecida por sua produção literária e crítica.

Laymert Garcia dos Santos é professor aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Autor de livros como Ãs voltas com Lautréamont (n-1), dedica-se a pesquisas sobre tecnologia, cultura e arte contemporânea. Foi curador de exposições, entre elas a dedicada ao pintor Nicolai Dragos na Galeria Gomide&Co. (SP). Integra o Conselho Consultivo do Projeto Lorenzato, que elabora o catálogo raisonné do pintor mineiro. Sua produção acadêmica e crítica é referência nos estudos sobre arte e tecnologia.

Vera CasaNova é professora aposentada da UFMG, onde atuou por décadas como referência em Semiótica. Graduada em Letras pela UERJ, com mestrado e doutorado pela UFRJ, realizou pós-doutorado em Antropologia da Imagem na École des Hautes Études em Sciences Sociales (Paris), sob orientação de Georges Didi-Huberman. Radicada em Belo Horizonte desde 1978, contribuiu para a formação de gerações de pesquisadores e artistas, destacando-se por seus estudos sobre imagem, texto e cultura.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.