Para o Natal, faltam meses. Mas, o bondoso Papai Noel, representado pelo secretário de Cultura de Minas, Ângelo Oswaldo, confrade da Academia Mineira de Letras, me fez chegar o presente antecipadamente. Rico e capaz de saciar o mais refinado apreciador de boas iguarias.
Numa embalagem plástica, recebo belíssimos números do Suplemento Literário, que causariam inveja ao próprio Murilo Rubião, que Deus o abençoe. Assim, tenho em mãos as edições 1.372, 1.374 e 1.375, correspondendo respectivamente aos períodos maio/junho, setembro/outubro e novembro/dezembro de 1917, as duas mais recentes impressas em papel especial.
Na 1.372, a ênfase é Adélia Prado, vencedora do Prêmio Governo de Literatura 2016 na categoria Conjunto da Obra. Trata-se de uma carreira desenvolvida a partir dos anos 70 e, hoje, internacionalmente reconhecida, como aliás consigna a apresentação, que também homenageia Sílvio Rogério Silva (Ficção), Tadeu de Melo Sarmento (Poesia) e Jonathan Tavares (Jovem Escritor Mineiro).
Mas constitui preito a todas as mulheres que se dedicam à poesia, como se depreende da entrevista concedida pela colombiana Lena Reza Garcia, autora de Cereté, pequena cidade, a Ana Elisa Ribeiro e Diana Araújo García. Mas além de Lena, comparece Carla Diacov em ensaio de Cândido Rolim. Com capa do artista plástico Mário Azevedo, este 1.372 é um prato irresistível a se degustar prazerosamente, na Quaresma de 2018, contando com outros excelentes regalos.
A edição 1.374, com páginas em cores, lembra o centenário de Murilo Rubião e, ao ensejo, se informa que o criador do Suplemento declarara sua admiração por um escritor italiano, por aqui quase desconhecido: Massimo Bomtempelli. E, aproveitando o grato ensejo, o próprio Ângelo Oswaldo nos premia com curta biografia do autor, acrescentando alguns de seus contos, um dos quais em tradução de Aurora Russi, consulesa da Itália em Belo Horizonte.
A edição 1.375, a sua vez, chama a atenção para escritores mineiros que apareceram a partir do Suplemento, dando-se realce a Luiz Vilela, lá do Pontal do Triângulo, isto é, de Ituiutaba, que produz mais do que arroz de esplêndida qualidade. No número mencionado, o contista é entrevistado pelo jornalista Duílio Gomes, tão cedo de nosso meio removido por disposição superior, e que, por longos anos, prestou colaboração ao “Minas Gerais”.
Na primeira pergunta dirigida pelo laborioso marianense Duílio, irmão de nosso confrade Danilo Gomes, da AML, faz uma pergunta, longa e seca, ao autor triangulino: “Na noite de 20 de abril de 1967, já quase 51 anos portanto, você lançava aqui, na capital mineira, na Livraria do Estudante, seu primeiro livro, de contos, “Tremor de Terra”, e recebia, naquela mesma noite, a notícia de que o livro ganhara, em Brasília, o Prêmio Nacional de Ficção. Como foi isso?”
A resposta leva a conclusões importantes a quem se interessar pelo assunto: “É importante lembrar que eu, recusado pelos editores, publicara o “Tremor” à minha custa, numa edição graficamente modesta e de apenas mil exemplares, entre os quais vários consagrados, como José Geraldo Vieira, José Conde, Mário Palmério, Osman Lins…”.
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23