Deus criou a luz.
Ai de nós se não fosse o nascente
todos os dias!
Ai de nós…
“Veio a luz ao mundo
e os homens antepuseram as trevas
à luz” *.
A esperança é o estandarte
do homem de boa-vontade.
E se replicam à esperança:
“Guerra está na feira,
no armazém, na Academia.
Guerra está na bolsa, no bolso, no banco,
na caderneta de poupança.
Nos livros, guerra profana, nos filmes.
Guerra no teatro.
Revistas e jornais anunciam e vendem
a guerra cotidiana.
Guerra fria, de tédio,
guerra quente, de revolta, de ódio,
guerra de fome.
Guerra de matar e morrer.
Guerra para sobreviver.
Guerra até para viver-se em Paz!
Na rua, no campo, na estrada,
No ar, no lar, na mesa,
Na boate e no bar.
Guerra no berço, na cama,
Guerra no amor.”
Olhos se levantam na Prece:
Paz, Senhor!
Que no meu diário,
eu não escreva em sangue.
Que no meu dia,
eu não inspire ódio.
Que no meu sol
eu não coloque a sombra.
Pelo menos, Senhor,
que eu tenha o propósito-
(se se regar a semente,
a árvore brotará).
Se o homem plantar na mente
o embrião da Paz
estará libertando
a luz da treva.
Que bom, Senhor,
ainda temos o Nascente!
* São João, III, 19.
Carmen Schneider Guimarães – Escritora/Presidente emérita da AFEMIL – Acadêmica da AML, ocupa a cadeira nº 5.