Energia é problema, de modo geral. A que chega pela fiação das distribuidoras de eletricidade e a que move aparelhos de locomoção e transporte, em todas as regiões do planeta. O Brasil mal está saindo de um desafio, porque as chuvas acomodaram as represas, afastando embora temporariamente o risco de racionamento.
Energia, contudo, não é nem será tema ultrapassado. Há os seus preços, que pesam em todos os orçamentos: os industriais, públicos, comerciais, das famílias. Um professor da Universidade de Upsala, Suécia, integrante de um grupo de trabalho, defendeu a teoria de que a capacidade produtiva de petróleo no mundo, não conseguirá acompanhar o aumento de demanda e entraria em declínio de 2013. Estamos nesse período.
Em resumo: iniciamos o processo de redução da produção de petróleo barato, até porque a extração está mais cara. Produção cai, custos aumentam. O presidente da Shell no mundo advertiu que poderá haver um próximo ciclo de disparada nos preços do petróleo, caso a economia cresça. Seria uma nova e grave crise mundial. Para os estudiosos, ela resulta de os respectivos problemas não serem considerados em tempo hábil.
O jornalista Dídimo Paiva comentou: “Com a aprovação do Projeto Regulatório do Pré-Sal (Petrosal), todos pensamos que estávamos iniciando a grande tarefa de ressurreição do Brasil. Alguns órgãos do governo da União informaram que nessa obra já temos cerca de 250 mil pessoas qualificadas na sua execução. Uma tarefa grandiosa, tanto mais que até hoje não conseguimos resolver o problema de educação de qualidade para todos”.
Devemos voltar aos Beatles e conformar-nos com a ideia que o sonho acabou? A verdade é que não terminou o consumo elevado e o brasileiro quer carro, se possível mais de um. A descoberta do pré-sal despertou esperanças, que se vão desvanecendo, principalmente com a recente política de preços. Que, por sinal, já vai mudar.
Os piratas que dirigiram a Petrobras deixaram um rastro de prejuízos e suspeição, que só o tempo se encarregará de vencer, se possível. Mas a gente deste país paga alto preço pelo enriquecimento ilícito de muitos. A empresa, no período áureo, promoveu o maior investimento da indústria mundial de petróleo.
E agora? Evidentemente se cuida do assunto, que é essencial, mas os horizontes ainda não podem ser esplêndidos. O buraco, a cratera, é enorme, sequer foi medida em termos de extensão e profundidade.
Como sair dessa tragédia? Qual o prazo? Qual o preço? Evidentemente, os números serão fantásticos e não nos desvencilhemos da maior crise econômica e moral de nossa administração pública.
Investiga-se e julga-se, enfrentando os meliantes com poder de fogo extremamente elevado. Não se trata de um caso como o de um criminoso do naipe do Rogério 157, sucessor do já preso Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que comandava a venda de entorpecentes em boa parte do Rio de Janeiro. O negócio agora é outro: petróleo.
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23