Há 20 anos, sob a liderança do Padre Paulo Gabriel, integrei um grupo que saiu de Belo Horizonte para irmos a Ribeirão Bonito, hoje município de Ribeirão Cascalheira, Prelazia de São Félix do Araguaia. Ali, em 1975, foi assassinado o Padre João Bosco Penido Burnier. Ele estava ao lado de Pedro Casaldáliga. Confundiram os dois. Eles queriam matar o Pedro.
Fomos lá celebrar os 25 anos dessa Páscoa. Viajamos uma noite inteira. Um dia inteiro. Entramos pela outra noite e chegamos com o outro dia amanhecendo. No encontro com Pedro, eu lhe disse.
– Estou a caminho da Prelazia de São Félix há quase 30 anos. Uma jornada que começou no meu coração, quando li, em 1971, a sua Carta Pastoral profética – “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social.”
Amigos muito queridos, colegas de geração e de sonhos, fizeram de fato a belíssima caminhada e foram partilhar a experiência profética que se materializava nos sertões de Mato Grosso. O testemunho e os ensinamentos de Jesus ganhavam vida. Eu os acompanhava longe dos olhos, muito próximo do coração.
Prefeito de Belo Horizonte, tive a alegria de encontrá-lo e conversamos longamente na Casa dos Agostinianos, no Barreiro. Ele me retribuiu a visita e foi abençoar o nosso trabalho na prefeitura.
Fui visitá-lo algumas vezes em São Félix, partilhamos a mesa, rezamos juntos. Procurei, a exemplo de Maria, guardar os seus ensinamentos no coração e na memória. Voltarei agora aos seus livros. “Creio na Justiça e na Esperança” marcou-me também profundamente, ainda nos anos 1970. Voltarei as suas poesias, aos belos textos escritos sobre ele.
Pedro continua vivo e andarilho entre nós. Continua caminhando “Descalço sobre a Terra Vermelha”. Pedro Casaldáliga sempre vivo!