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OBJETIVO Instrumentalizar os participantes da oficina com atividades que, após terem sido vivenciadas, poderão ser replicadas, tanto em atividades escolares quanto em oficinas dirigidas aos diferentes públicos, junto aos quais os participantes da oficina atuam.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Conhecer a diferença entre os códigos linguísticos na palavra oral e na palavra escrita e a relação entre palavra falada (arte do contador de histórias) e a palavra escrita/lida (produção literária). o Desenvolver a própria capacidade de criação e fruição na palavra oral.
- Experimentar o fazer artístico com textos literários e criar as condições para replicá-lo.
- Desenvolver as habilidades necessárias como formador de bons ouvintes, bons leitores.
- Compreender a importância de conhecer elementos essenciais da cultura que se vai narrar.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Nossa proposta para a oficina sugere um mergulho inicial na “poética da artede contar histórias“, como preparação para leituras dramáticas de textos literários. É o discurso oral que sustenta qualquer comunicação verbal, seja ela uma simples conversa, a transmissão de um conto popular, ou a leitura de um conto literário. Assim, pensar numa boa leitura dramática, capaz de encantar o ouvinte e transportá lo para outros universos, justifica esse mergulho anterior.
Para Valéry (1999) a poética é uma “ciência da arte”, pois ela se refere a tudo que envolve o processo de criação da obra: cultura, meio, exame e análise de técnicas, procedimentos, instrumentos, materiais, recursos e suportes da ação. Essa ciência engloba, além das exigências cognitivas, as afetivas e relacionais.
A”poética na arte de contar história” parte da modalidade de comunicação própria a esta linguagem artística: a oralidade. Na oralidade a conexão entre o gesto e a palavra, a palavra e o gesto é evidente, pois a palavra oral não é puramente verbal. Ela acontece num processo amplo que implica um determinado contexto e uma situação sobre a qual interfere, seja alterando–a ou explicitando–a e engajando o corpo do ouvinte nesse processo. Um corpo que fala desperta um corpo que ouve e age sobre ele. No ato da expressão deve haver a participação ativa e a coordenação de três constituintes fundamentais da pessoa humana: a palavra, o som que a transmite e suas raízes corporais. A palavra é um gesto, como mostrou Marcel Jousse (1974):
“O gesto é a raiz da palavra (…) Numa palavra sempre estará contida a forma e a lógica da organização do corpo que a produziu.”
“Digamos, em termos simples, que na oralidade o estilo é a maneira de se servir ao mesmo tempo da língua falada e dos meios orais de expressividade. Também propomos definir o estilo em termos de variação, de diferença de nível entre a língua da conversa coloquial e a da formulação “literária” que implica uma preocupação estética. Na poética da arte de contar histórias a oralidade deverá contar também com os elementos e os recursos estéticos da produção criadora. Contará com a musicalidade das palavras, o ritmo, a entonação, o silencio e a gestualidade de uma forma muito particular, pois seu objetivo, mais que comunicar é comunicar com prazer para implicar e envolver o ouvinte.
A dramatização do discurso pressupõe um corpo comunicante, não apenas voz, mas gestos e expressões faciais. Por isso mesmo a poesia oral conta com regras mais complexas que as da escrita. Esta é uma ação complexa, pois a mensagem poética deverá ser transmitida e percebida simultaneamente. Juntar ao enunciado, de forma coerente e sincrônica, a entonação e ritmo expressos pela voz e também os gestos é imprescindível para a veiculação da mensagem.Um dinamismo vital deve, portanto, ligar a palavra que se diz ao olhar que se lança e à imagem que o corpo oferece, independentemente de tratar-se de (poesia oral) contação de histórias, ou de interpretação de um texto literário.
VALÉRY, Paul. Discurso sobre estética. Poesia e pensamento abstrato. Lisboa: Passagens, 1995. cit. MEIRA, Marly. Filosofia da criação: reflexões sobre o sentido do sensível. Porto Alegre: Mediação, 2003.
JOUSSE, Marcel. Anthropologie du geste, Paris: Gallimard, 1974. cit. BAKEROOT, Willy “Réflexions sur la musicothérapie active ou ‘le chant à penser’” pág 165-190 in: KLEIN Jean-Pierre. L’art en therapie. Revigny: Editions Martin Media-Hommes et perrspectives, 1993.
METODOLOGIA
PRIMEIRO EIXO: “SAVOIR FAIRE” O savoir faire diz respeito ao fazer do corpo no discurso oral, onde o que se conta com a voz deve ser taduzido e reforçado pela gestualidade, que se define então (como enunciação) e não como sistema de sinais. O significado de um termo ou de uma idéia que se pretende transmitir pode ser reforçado pelo gesto que lhe corresponda, mas o gesto não deve ser redunda sua função não é repetir ipsis litteris o enunciado. Da mesma forma que a entonação e o ritmo expressos pela voz, eles devem favorecer a veiculação da mensagem.
O estilo oral permite dramatizar o conto, no sentido etimológico de “colocar em ação (drama) o que de forma alguma significa teatralizar.” (Calame-Griaule, G. 2001) Encontrar os gestos convenientes, adequados, “na medida”, é uma arte em todas as culturas, por isso mesmo é importante observar que, culturas diferentes expressam de maneiras diferentes sentimentos e emoções e a ciência dos gestos é apreendida através da experiência na cultura. O contador/leitor, pode evoluir em sua gestualidade como quiser mas, se ele buscar conhecer um pouco mais sobre a cultura na qual foi produzido um determinado texto, ele poderá transmitir, além das emoções, que são universais, algo particular da cultura em questão, ao lidar com as diferentes emoções. Assim o grau de dramatização pode variar de acordo com a personalidade do contador/leitor, num relato cômico, ou regionalizado, por exemplo, os gestos seguirão essa tendência, mas sempre estarão de acordo com a cultura, onde foram produzidos ou onde serão recontados.
OBJETIVO Ampliar a consciência corporal por meio dos gestos, das emoções e das expressões cênico-corporais.
SEGUNDO EIXO: “SAVOIR DIRE” O savoir dire nos remete à palavra falada enquanto “linguagem” realizada na emissão da voz, quando esta, mergulha suas raízes numa zona do vivido. As emoções mais intensas, tais como: o grito primal, o grito das crianças brincando, o grito de quem sofre uma perda irreparável, o grito de guerra, suscitam o som da voz, raramente da linguagem. Numa primeira instância, o significado das palavras não importa, pois o que primeiro, o ouvinte escuta no silêncio de si mesmo é a ressonância da voz que vem de fora. Nesse tempo de escuta, toda a racionalização é suspensa. A manifestação da voz é suficiente para seduzir e, graças a ela, a palavra por si só torna-se ato simbólico. Precedendo a linguagem, a voz tem qualidades materiais: o tom, o timbre, a amplitude, a altura. E sua fluência informa também sobre o estado emocional da pessoa, seus desejos ou seus medos. Ela comunica sua serenidade ou sua irritação. Assim, ela diz sem dizer. Todos esses elementos combinados fazem com que a voz não seja apenas um instrumento. Ela é uma linguagem com vocabulário, sintaxe e um código. Pela ação do pensamento a voz se torna, mensagem. E é como mensagem que a voz falada e a escuta tornam-se atos interdependentes.
OBJETIVO Reconhecer os recursos vocais presentes no modo de falar, na musicalidade e sentido da palavra, no ritmo, entonação, interpretação e expressão das emoções.
TERCEIRO EIXO: “SAVOIR ÊTRE” O savoir être, diz respeito à relação entre o contador e/ou o leitor, os ouvintes e o texto. O papel do ouvinte não é menos importante que o papel do contador e/ou o leitor pois, dois ouvintes não ouvem da mesma maneira. O componente fundamental da “recepção” é, portanto, a ação do ouvinte, recriando à sua maneira e de acordo com suas configurações interiores o universo significante que lhe é transmitido. Os traços que esta recriação imprimem no ouvinte pertencem à sua vida intima e não necessária e imediatamente aparecem exteriorizadas em suas atitudes. No caso da poesia oral, o texto proposto é aberto, ele se constrói na voz daquele que o conta, seja o contador, seja o ouvinte que irá recontá-lo, após tê-lo ouvido do contador. Isto o diferencia completamente da hermenêutica do texto literário, cuja exegese é esperada, o leitor não modifica o texto. O contadorde de histórias varia espontaneamente o tom ou o gesto, modula a enunciação segundo a expectativa que percebe, vinda do ouvinte, que é, portanto, co-autor ou ouvinte-autor. Diferentemente da escuta de um conto de tradição oral (poesia oral), o texto literário convida o ouvinte a desfrutar do estilo de cada autor. Sua beleza e força estão justamente ai. O texto literário, que nasce da produção escrita, permite uma articulação crescente da introspecção, abrindo a psique do ouvinte ao mundo objetivo externo. As palavras escritas refinam a análise, pois se exige mais das palavras individualmente. “Com a escrita a consciência humana pôde “atingir o ápice de suas potencialidades se nesse sentido] a oralidade está destinada a produzir a escrita.” (Ong, 1998:23).
OBJETIVO Utilizar-se da memória sensorial, reminiscencias, símbolos, histórias vividas e ouvidas, reflexões filosóficas, aprendizagens advindas da relação com o outro, elementos subjetivos, enfim, tudo aquilo que resulta da experiência pessoal, para dar forma ao texto que se cria.
PROGRAMA
PRIMEIRO EIXO: SAVOIR FAIRE
Tema 1: a Inventário gestual / Expressões faciais
Tema 2: Esculturas vivas o mimesis corporea e narrativa oral
SEGUNDO EIXO: SAVOIR DIRE
Tema 1: o Os quatro elementos , terra, água, ar e fogo, no discurso o Plasticidade vocal o Canovaccio
Tema 2: Leitura narrativa, o Partitura vocal
TERCEIRO EIXO: SAVOIR ÊTRE
Tema 1: Círculo das emoções Canais de percepção: visual, auditivo e sinestésico
Tema 2: Emoções na literatura o Escuta ativa o Palavra imagem
CRONOGRAMA Os encontros serão quinzenais, sendo dois temáticos de 3 horas, para o desenvolvimento de práticas em cada eixo e se darão às terças feiras à tarde, no horário de 14:30hs às 17:30hs. Após cada tema haverá um encontro de 1hora e 30′, aberto ao público, às terças feiras à noite, no horário de 19h às 20h30 onde teremos: A participação de um convidado palestrante
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Apresentação pelos participantes e facilitadoras, dos resultados alcançados no encontro temático anterior
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O ENCONTRO INAUGURAL DE 2 HORAS Acolhimento e boas vindas com apresentação de conto de tradição oral por Gislayne Matos e leitura de texto literário por Walda Leão
……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………15′
Abertura da oficina por representantes da Academia Mineira de Letras e Secretaria Municipal de Educação e bate papo com representante da Aliança Francesa sobre: “Peculiaridades da cultura francesa ou a alma de um povo”
………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….60′
SA
Apresentação com power point da proposta de oficina e eixos a serem trabalhados
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DATAS:
Oficina adiada para JULHO – em breve divulgaremos as datas.
FACILITADORAS
GISLAYNE AVELAR MATOS Mestra em educação pela UFMG, especializou–se em Terapia Familiar Sistêmica pela PUC Minas e Art en Thérapie et en Psychopédagogie pela Université René Descartes–Paris V e INECAT– Institut National d’Expression, de Création, d’Art et de Thérapie-Paris. Em sua formação como arte-terapeuta e arte-educadora, dedicou-se ao aprofundamento do estudo da utilização de contos como recurso terapêutico e educacional e preparou-se na arte de contar histórias. Foi organizadora do programa “Petit Contoir” na Association Interferences Culturelles-Paris. Co-idealizadora e criadora do Projeto Convivendo com Arte, que promove a formação de contadores de histórias e do Projeto Noite de Contos, realizado mensalmente na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, no período de 1994 a 2000. Coordenou a pós graduação latu sensu: Arte educação da palavra oral a escrita, na PUC-Minas Publicou artigos em revistas especializadas e livros, dentre os quais : A palavra do contador de histórias e o ofício do Contador de Histórias, este último em co-autoria com Inno Sorsy, editados pela Martins Fontes e indicados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil com a “menção altamente recomendável” na categoria: teóricos em 2005. Ministra cursos e palestras em instituições públicas e privadas em diversas cidades do Brasil e participa em festivais como facilitadora em oficinas e contadora de histórias. Orienta projetos com histórias em algumas cidades do Brasil. www.gislaynematos.com.br – gis@gislaynematos.com.br
WALDA LEÃO
É atriz, arte educadora, contadora de histórias. Bacharel em Artes Cênicas pela UFMG, Especializou-se em Arte Educação da palavra oral à escrita pela PUC/MG e em Artes Integradas à Contação de Histórias EAG/RJ. Coordenou projetos de artes integradas (teatro, música, cinema, dança) nas seguintes escolas: Nossa Escola / SE; Escola de Arte Granada / RJ; Leonardo Da Vinci/MG.
Pesquisadora há mais de 12 anos do Gesto–Voz na Performance do Contador de Histórias Atualmente ministra cursos de contação de histórias, produz filmes de curta metragem e é professora e diretora de teatro para jovens, professores e interessados em Lagoa Santa/MG.
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