Boa noite!
Amo a história. Se não a amasse, não seria historiador. Fazer a vida em duas: consagrar uma à profissão, cumprida sem amor; reservar outra a satisfação das necessidades profundas – algo de abominável quando a profissão que se escolheu é uma profissão de inteligência. Amo a história – e é por isso que estou feliz por vos falar, hoje, daquilo que amo (FEBVRE, 1989, p. 28).
Ser escolhido para integrar um espaço de sociabilidade, que é, acima de tudo, terreno de lavra do saber, e, por consequência, de debates, exige do adventício, para além de um natural pedido de licença, que este se dê a conhecer. Da minha trajetória intelectual, o acadêmico Rogério de Vasconcelos Faria Tavares deu conta, claramente se excedendo, fruto das suas peculiares benevolência e fidalguia. Que ele releve minha indelicadeza por discordar do status que me confere, o de ser um historiador. Hipérbole a ser creditada à nossa amizade! Sinceramente, não sou historiador. Quando muito, pesquisador, um amante dos arquivos, um aficionado pelas fontes documentais. Tenho, desde sempre, procurado pautar minha conduta nessa lida pela identificação, organização e, permanentemente, e com muito gosto, pela divulgação de documentos históricos. No métier, oriento-me pelo princípio elementar de que todos temos responsabilidades sociais a satisfazer, compromissos com a coletividade de que somos partícipes. Por isso, o que busco obrar é, fundamentalmente, a democratização do acesso às fontes históricas, a socialização dos resultados das oportunidades que a vida profissional me proporciona, que, aliás, têm sido muitas! A ressalvar, no entanto, que não teço loas às fontes, não faço apologia dos documentos. Em verdade, procuro guiar-me por axioma primário: as fontes, em si, não são a História, mas, sem elas, não se faz história!
Por consequência, ponderei ser adequado apresentar-me por meio de ligeiro desenho de uma profissão de fé, justificativa para a escolha do excerto que acabo de ler. Com efeito, nos primeiros passos de qualquer formação profissional, adquirimos ensinamentos que se perenizam em nossas mentes. Para mim, a exemplo do que ocorreu com incontáveis estudiosos da História, Febvre foi e tem sido leitura seminal.
Não me estenderei em enunciar minhas matrizes. Farei menção tão somente a mais uma, também dos primórdios da minha chegada à Faculdade, em tempos da Rua Carangola. E, assim, como não poderia deixar de ser, recorro a Marc Bloch, que relata:
Já contei em outro lugar o episódio: eu estava acompanhando, em Estocolmo, Henri Pirenne. Mal chegamos, ele me diz: ‘O que vamos ver primeiro? Parece que há uma prefeitura nova em folha. Comecemos por ela’. Depois, como se quisesse prevenir um espanto, acrescentou: ‘Se eu fosse antiquário, só teria olhos para as coisas velhas. Mas sou um historiador. É por isso que amo a vida’. Essa faculdade de apreensão do que é vivo, eis justamente, com efeito, a qualidade mestra do historiador (BLOCH, 2001, p. 65-66).
Esse é o ponto nuclear. A História não tem os mortos como objeto principal; ela é conhecimento dos vivos e para os vivos! O que é a História para mim, profissional e pessoalmente? Desde logo, entendo e busco exercitar que a História não é apenas um campo do saber, mas também uma condição de vida, um instrumento de apreensão da realidade, de percepção da vida, para dar sentido à vida, modificar a vida.
Ao propiciar-nos o conhecimento da realidade, a História, dentre outros contributos, instiga-nos a enxergar o outro, a conviver com o outro. Convivência, no entanto, não equivale à prática da tolerância, pois esta, por mais louvável que seja, não alija a sua conotação concessiva, podendo ser resultante de postura de circunstância, de conveniência, sem efetiva e indispensável transigência. Nunca é demasiado referir que, no essencial, a investigação histórica se desenvolve almejando captar as diferenças, não o resgate das semelhanças. A inesgotável busca da identificação e da compreensão dos conflitos sociais, das oposições e das contradições nas e entre as coletividades constitui o busílis do estudo da História.
Este é, em suma, o fundamento da História, seu para quê mais profundo: dar sentido à vida pela compreensão de uma totalidade da qual fazemos parte; dar sentido social primeiramente à pequena comunidade que nos rodeia, depois à espécie humana como um todo e, finalmente, num exercício de imaginação, à coletividade dos seres racionais e livres do universo (BOSCHI, 2007, p. 14).
É nessa perspectiva que ela, não obstante servir os poderosos, deve ser tomada como instrumento de libertação, não de escravização dos homens. É nessa esfera de pensamento que a História se impõe como recurso de conscientização, como forjadora da cidadania. Saliente-se, todavia, que, por estar em permanente construção, nem por isso automaticamente sucedem-se-lhe avanços. A dinâmica histórica, por vezes, produz retrocessos. E convenhamos: não é preciso recuar no tempo ou distanciar-se no espaço para assim percebê-la. Basta contextualizarmo-nos!
Daí a imperiosa necessidade de se disseminar o estudo da História e incutir seu amanho nas novas e nas futuras gerações, para que, juntos, possamos combater a hipocrisia e a desfaçatez que têm grassado; para que, juntos, sejamos capazes de romper com a letargia que nos tem embotado. É isso: que venham – como têm vindo – as perdas, mas sem prejuízo da nossa capacidade e do nosso dever da indignação! Confiar-nos, portanto, às novas gerações, a despeito das vicissitudes que nos têm acometido e que, lamentavelmente, a elas estamos legando. Como advertiu Sartre, não podemos acabar com as ilusões da juventude, pelo contrário, temos de estimulá-las.
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Academia: lócus de confraternização, de congregação; espaço para livre explicitação de pensamentos, comungando-os, sem abdicar, todavia, de convicções. Pluralismo: motor da Academia, onde – inter pares – proclamam-se opiniões, debatendo-as; onde se evidenciam divergências, como bem reclamam aqueles sítios em que impera o crescimento do intelecto.
Já com Platão a Academia pautava-se pela heterogeneidade, ocupando-se de distintos ramos do saber, tendo, no entanto, o homem como convergência. “Homo sum, humani nihil a me alienum puto” (Homem sou, nada do que é humano me é estranho), cunhou Terêncio. Assim, não por acaso, as Academias se revigoraram com o Renascimento. Humanismo. Multifacetação. Diversidade.
Que não se atribua caráter antinômico às Academias. Se elas, vez por outra, se confundem com o passado e as tradições, nem por isso declinam de sua condição institucional de espaço do presente, do hoje, refletindo sobre as agruras que nos atormentam, preparando-nos para o futuro. Sim, Academias e preparação do futuro.
Por outro lado, a confraternidade acadêmica tem lá os seus preceitos. Como o presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e acadêmico Arno Wehling enunciou aos seus pares,
[…] a convivência consolida-se pela criação e manutenção de ritos. […] Se o homem é um animal simbólico, como queria Cassirer, o cultivo de ritos, signos e emblemas, longe de atender a uma iconofilia meramente estética, destaca nossa identidade e faz com que a internalizemos em nosso comportamento. A convivência, por sua vez, pressupõe a sociabilidade. […] [que] manifesta-se de diferentes maneiras, seja na essência, seja nos acidentes, seja no estilo. Mas alguns de seus traços mais característicos devem ser lembrados, se desejamos refletir sobre nossa Casa e seu espírito. Em primeiro lugar, um acendrado respeito pela pessoa e pela obra de nosso confrade. Para além da tolerância, que apenas suporta a diversidade do outro, esse respeito nasce não apenas da mútua condição acadêmica, mas da convicção de que aquele que não pensa como nós certamente o faz amparado por alguma parcela de verdade em seu pensamento, assim como a nossa própria weltanschauung, por mais cara que ela nos seja, também é um exercício necessariamente parcial, datado e perspectivado (WEHLING, 2016, p. 120-121).
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O rito acadêmico prescreve que, no ato do emposse, deve-se louvar aqueles que nos precederam na cadeira. Cumprirei o preceito, não sem antes afirmar que o faço com prazer e reverência. Desde sua criação, em dezembro de 1909, integraram os quadros da Academia Mineira de Letras quase duas centenas de personalidades. Dentre as 40 Cadeiras que a compõem, algumas tiveram ocupantes vários. A de número 30, contudo, guarda curiosa singularidade. É a única que, ademais de seu instituidor, teve apenas dois sucessores: Oiliam José e este empossando. O fundador Luís de Oliveira personificou-a durante 51 anos, do ato inaugural da Academia até o seu falecimento, aos 86 anos de idade, em 1960. A essa altura, ele era o único remanescente do grupo dos 12 iniciadores deste sodalício. Seguiu-se-lhe Oiliam José, que, com diligência e dedicação, fez-se presente na Casa de Alphonsus por 57 anos, na maior longevidade até agora apurada. Não se assustem os pósteros! A depender de mim, certamente que tal qualidade será interrompida.
O patrono do espaço institucional que honrosamente passarei a ocupar é Oscar Nogueira da Gama, ou, simplesmente, Oscar da Gama. Teatrólogo, jornalista e poeta, nasceu em Juiz de Fora, a 22 de maio de 1870, e faleceu na sua cidade, a 21 de abril de 1900. Desaparecido precocemente, posto que não completou 30 anos de idade, até a metade de sua existência permaneceu analfabeto. Meninote, redigiu e editou o jornalzinho O Pirilampo. Inclinado ao teatro, compôs pequenas peças teatrais, cenas de “lever de rideau” ou “sketch”, aventurando-se em uma comédia intitulada Chô, mosca. Aos 19 anos, reuniu os poemetos que vinha compondo na vida escolar e publicou-os sob o título de “Luares”, em 1892, obra prefaciada por Augusto de Lima (OLIVEIRA, 1959).
Oscar da Gama foi escrevente no Cartório do 1º Ofício de Órfãos e Privativo de Ausentes, de que o seu pai, o major Inácio Nogueira da Gama, era o titular. Em 1897, compôs outra peça teatral: Juiz de Fora, fora de juízo. Uma espécie de vaudeville, representada com ampla repercussão. No ano seguinte, lançou, com Luís de Oliveira, o 11º jornal juizforano por nome Novidades.
Gama colaborou ativamente em jornais de Minas, do Rio de Janeiro e de outros estados, prestando, em Juiz de Fora, o concurso de sua amestrada pena ao Farol, ao Jornal do Comércio e ao Correio de Minas. No ano de sua morte, juntamente a Correia de Azevedo, fundou o jornal A Cigarra. Foi homenageado pelos intelectuais coetâneos com um busto erguido no Parque Halfeld. Sua obra poética foi publicada postumamente com o título de “Flora rubra”. Versejador do sensualismo e do erotismo, dele recolhemos:
Teu beijo é pomo vedado
À minha boca, bem sei;
Mas hei de o fruir, arroste
Céus e terra, tudo!… Foste
A primeira a quem amei (JOSÉ, 1961, p. 16).
De acordo com Fernando Fiorese Furtado (2006, p. 164), “a priori, acercar-se do cânone parnasiano parece-nos ser o modo privilegiado de Oscar da Gama nesta busca de uma marca poética singular. Trata-se de eleger afinidades, nominar os membros do grupo de pertença, realizar as que lhe permitam adentrar os pórticos do Parnaso nacional”. Prossegue o crítico, “parece-nos que o autor juizforano, sem descurar do precedente Romantismo, oscila entre os múltiplos estilos do segundo Oitocentos, num regime de indecidibilidade e tensão que estende o seu arco do Realismo ao Simbolismo” (FURTADO, 2006, p. 164). Mais:
[…] o próprio Oscar da Gama, no poema ‘Sons e cores’, nos desvela a tensão ou indecisão que em sua obra figura entre os metros ‘esculturais’ da estética plástica do Parnaso e o anelo de musicalidade que, a partir da divisa de Paul Verlaine (1844-1896) na sua Art poétique – “De la musique avant toute chose” –, tornou-se um postulado simbolista:
Dizem que a cor nos desperta
A vaga impressão incerta
Da música a mais sonora…
E, também, que os sons as cores
Lembram, embora incolores
E invisíveis, muito embora.
Duvidei; mas hoje o creio
Por Deus, por ti, por teu seio
Feito de neve e de olores;
Pois, esses teus olhos negros
São como doces alegros
Na doce escala das cores… (FURTADO, 2006, p. 166-167).
Oiliam José, em seu discurso de posse nesta Academia, ao analisar a poesia de Oscar da Gama, avaliava que, de tais versos “ficaram distanciadas as preocupações de natureza social, política e religiosa. Só esporadicamente as menciona, apesar de ter sido materialista, republicano exaltado e admirador de Silva Jardim” (JOSÉ, 1961, p. 19).
Em outra faceta, ainda segundo Oiliam José (1961, p. 24),
[…] a experiência de teatro de Oscar da Gama era de inspiração restrita e se realizou dentro da estrutura romântica. A busca dos termos locais, a análise preferencial dos costumes juizforanos, a minguada preocupação com as medidas de tempo e lugar e a movimentação exagerada dos personagens o atestam de maneira inequívoca. […] unir o burlesco ao sério. Se o teatrólogo Oscar da Gama não reúne maior originalidade, sobram-lhe, porém, vivacidade e comicidade.
Luís de Oliveira, seu amigo de sempre e fundador da Cadeira que o tem como patrono, passadas pouco mais de cinco décadas de sua morte, dedicou-lhe sentida mensagem de saudade. Eis um trecho do texto:
Oscar da Gama, que se fez credor de minha estima, no ambiente da gratidão, pelo apoio moral que me dispensava e pelo estímulo com que me erguia o ânimo, nos inesquecíveis tempos de nossas confabulações, quando, interessando-se vivamente por meu desenvolvimento intelectual, dirigia-me palavras encorajadoras, para que não abandonasse os sonhos e aspirações poéticas em que nos irmanávamos; e, então, aconselhava-me, com amistoso empenho, a publicação de meu primeiro livro, “Sertanejas”, que circulou em 1901, um ano depois de sua partida espiritual, talvez para se transportar à Região da Vida, com que sonhara e a que aludira através da rima, dizendo: Fazer desejo meu ninho; Lá nos píncaros da glória… (OLIVEIRA, 1955, [p. 7]).
Assim, retoma Oliveira (1955, [p. 3]),
[…] tendo a impressão de o estar contemplando, melancolicamente recordo ‘os tempos idos que não voltam mais!… […] [e] não resisto à instigação da musa, por intermédio da qual o visito na Esfera Evolutiva em que se encontra, com as seguintes rimas que, embora pobres, traduzem sentimentos de estima, saturados de gratidão:
Estimado Oscar. Orando,
no Deus, Cristo e Caridade,
dele (sic) irei, sem saber quando,
dar-te o abraço de amizade.
Certo, embora octogenário,
não irei tão alto quanto
estás; meu pobre rosário
de rimas, não tem encanto.
Mas, ocupando a cadeira
de que sempre serás dono,
apenas, de alma fagueira,
viver quis junto ao patrono…
Sendo assim, quando a partida
fizer do existir que faço,
irei onde tens a vida,
levar-te amistoso abraço.
E Oliveira (1955, [p. 8]) perora:
Encerrando, em saudoso ambiente, esta amistosa manifestação de afeto em que registro a vida de Oscar da Gama e lhe estou encaminhando espiritual visita na asa do pensamento, em conclusão, lhe digo: Meu prezado Oscar. À hora em que te dirijo, para a Região das Almas já emancipadas e livre das lutas, apreensões, tristezas, desenganos e suplícios no terreno existir deste mundo, onde a “imprecação sucede a prece”, também, neste momento, fotografo na imaginação os quarenta imortais que compuseram a operosa e digna plêiade de cultores das letras pátrias, que, compondo nos meus dias de distante mocidade a vida fundamental da Academia, proporcionou-me a agradável satisfação de te escolher para que me viesses, na categoria de patrono, perpetuar a cadeira que ocupo: grato à bondade dos confrades que me acolheram; para a maioria desses ambientadores da Academia Mineira de Letras que se acham na Região Evolutiva em que te encontras, transmite-lhes as expressões da saudade e do reconhecimento com que também os reverencio nas romarias da existência infinda, onde, se o Supremo Criador o permitir, me acolherás, no afastamento da terra, para o abraço de fraternidade.
Luís Joaquim de Oliveira, ou Luís de Oliveira, tout court, nasceu a 25 de agosto de 1874, em Sapucaia, estado do Rio de Janeiro, e faleceu em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, em 27 de julho de 1960. Filho de Albino Eufrásio de Oliveira e de D. Joaquina José de Oliveira, foi um autodidata. Ainda jovem, transferiu-se para Juiz de Fora, onde trabalhou muitos anos no Cartório do 1º Ofício de Órfãos e Privativo de Ausentes, tornando-se amigo inseparável de Oscar da Gama. A partir da década de 1920, devotou-se empenhadamente à doutrina de Hyppolite León Denizard Rivail, ou melhor, à doutrina de Allan Kardec, pseudônimo pelo qual Rivail é mundialmente referido. Mudando-se para o Rio de Janeiro, desempenhou funções administrativas na Casa da Moeda e nela se aposentou. Ao depois, fixou residência em Cachoeiro do Itapemirim, onde se casou com Ipoméa Braga. Ali, dedicou-se com afinco a obras caritativas, vinculando-se ao Asilo Deus, Cristo e Caridade, instituição cristã para órfãos e necessitados em geral, no cargo de diretor, que ocupou até o seu falecimento (OLIVEIRA, 1959).
Luís de Oliveira consagrou inúmeros trabalhos ao Espiritismo, “em prosa e em verso, espalhados em diferentes publicações brasileiras, sendo farta a sua colaboração nas páginas do ‘Reformador’, órgão da Federação Espírita Brasileira” (WANTUIL, 1969, p. 501-502). Publicou poesias sob os títulos de “Sertanejas” (1901), “Sonhos e visões” (1910), “Cenários” (1916) e “Clamores” (1922), este com apresentação de Rui Barbosa, e ensaios no “Livro d’Alma” (1926), além da peça de teatro Tribunal de Moças. Em parceria com sua mulher, escreveu “Folhas de Natal” e “Folhas Cristãs”, e fundou a revista Alfa, de finalidades espiritualistas. No ano anterior à sua morte, conservava trabalhos inéditos, dentre os quais citam-se “Seara Bendita”, “Orações Cristãs” e “Nosso Livro”.
Consoante Oiliam José, a tristeza, a angústia e a dúvida norteiam a produção literária de Luís de Oliveira. Mesmo “quando escreve em prosa, o romantismo poético salta de sua pena […] nem os anos, nem as claridades da vida o fariam distanciado desse melancólico romantismo” (JOSÉ, 1961, p. 40).
Ainda nas palavras do decano José (1961, p. 27),
[…] como ocorre com Oscar da Gama, são poucos, em nossos dias, os que, em Minas, o conheceram pessoalmente ou leram sua obra. Tendo saído de nosso estado há 42 anos, a ele não mais voltou. E, enquanto isso, os poucos exemplares restantes de seus trabalhos em prosa e em verso iam desaparecendo de mãos mineiras, para se tornarem raridades de biblioteca. Essa dupla ausência – a do autor e de suas obras – fez de Luís de Oliveira uma lembrança apenas para a atual vida literária mineira, embora palpitasse em nosso antecessor um poeta, um teatrólogo e um homem de ação dedicado ao exercício da bondade.
E finaliza Oiliam José: homem simples e afável, Luís de Oliveira foi “modelo de ternura humana”, “dono de serenidade quase absoluta”, “mestre da bondade, eis em suma o seu elogio”.
À vaga de Luís de Oliveira na Academia Mineira de Letras concorreram o então juiz de Direito da comarca de Pouso Alegre, Antônio Braga; o filho único de Luís, Solimar de Oliveira; e Oiliam José, eleito em 20 de outubro de 1960, e empossado a 19 de janeiro de 1961, sendo recebido pelo acadêmico cônego Bueno de Siqueira.
Senhora presidente, antes de discorrer sobre meu imediato antecessor na Cadeira número 30, permita-me, mais do que registrar, saudar a presença de familiares do professor Oiliam José, que muito dignificam minha investidura nesta Casa. Pelo que, agradeço-lhes sensibilizado.
Oiliam José era o primogênito de cinco filhos do casal de primos libaneses Chamel Assad Iussef, abrasileirado Chamel José (1880-1934), e Gurra Habib Couri. Nasceu em Visconde do Rio Branco, a 9 de fevereiro de 1921, e casou-se com D. Maria da Glória de Almeida, com quem teve quatro filhos. Fez o curso secundário no Colégio Rio Branco em sua terra natal, e o de contabilidade em Miracema (RJ) e em Leopoldina (MG). Fundou e dirigiu os jornais O Ginasiano e O Escoteiro, e o quinzenário O Leopoldinense. Participou dos corpos docentes do Ginásio Rio Branco, de Visconde do Rio Branco; do Ginásio São Paulo, de Muriaé; do Ginásio Leopoldinense, de Leopoldina, transformado no Colégio Estadual Professor Botelho Reis, no qual foi titular da cadeira de História Geral e do Brasil; e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Marcelina, de Muriaé, na qual foi catedrático de Literaturas Portuguesa e Brasileira. Foi secretário municipal da Prefeitura de Visconde do Rio Branco, contabilista da Secretaria de Finanças do Estado de Minas Gerais e chefe de gabinete da direção da Imprensa Oficial (1957-1959) e da Secretaria de Segurança Pública (1959-1961). Em 1963, bacharelou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora.
A partir de 1971, compôs o corpo de redatores do Palácio dos Despachos. Entre 1977 e 1979, foi oficial de gabinete do governador do Estado. Em março de 1979, retornou à atividade anterior, na qual se aposentou em 1990. Pertenceu, para além da AML, aos Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais, de São Paulo e de Juiz de Fora; ao Instituto Genealógico Brasileiro; e às Academias de Letras Ubaense e Rio-branquense. Dentre suas várias condecorações, anotam-se as Medalhas de Bronze João Pinheiro, a de Ouro Santos Dumont e as de Prata e Grande Medalha da Inconfidência.
Na Academia Mineira de Letras, foi eleito secretário geral em 1969, atividade que exerceu até fevereiro de 2001, quando lhe foi cometida a láurea de secretário geral honorário. A partir daí, tornou-se decano da Academia e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, ao qual pertencia desde 1954.
Oiliam José possuía uma personalidade amena, era uma pessoa por excelência cordial, de convívio fraterno e com forte traço de amor ao próximo, como ressaltou seu neto Carlos Henrique na sessão da saudade que esta Casa dedicou à sua memória. Contabilista, professor, jornalista, advogado, servidor público, historiador, memorialista, poeta, homem de intensa reflexão religiosa. Esta última qualidade talvez possa ser considerada a tônica de sua obra. A catolicidade foi a diretriz dos passos e do pensamento de Oiliam José, clara herança de seu pai, homem de arraigada espiritualidade, ex-seminarista no bispado maronita de Beirute.
O proselitismo do credo católico foi o penhor maior no itinerário de Oiliam José. A atividade missionária foi constante na sua vida e obra, haja vista que, aos 19 anos de idade e durante quase outros 70, esteve dirigente do retiro espiritual dos homens nas cidades de Visconde do Rio Branco e de Leopoldina.
Ao menos oito de suas obras têm um explícito propósito de propagação do catolicismo, pela celebração dos valores espirituais por ele introjetados. Na linha do tempo, são escritos vinculados ao outono terreno do eminente homem de letras, porquanto publicados entre 2003 e 2009. Ele faleceu a 23 de fevereiro de 2017, em Belo Horizonte, tendo o seu corpo, depois de velado nesta Casa, sido sepultado na cidade de Rio Branco.
Oiliam José é autor de vasta obra em diferentes áreas do conhecimento: História, Historiografia, Biografia, Sociologia, Literatura, Etnologia, Poesia e Religião, com destaque para a História e para a Religião.
No hagiográfico “Heróis e santos”, estes são entendidos como “criaturas humanas por excelência”. Assim, o ensaio converge para
[…] o que é ou o que foi a vida de santos canonizados ou não. Nosso intuito, e cremos tê-lo atingido, é apenas o de delinear algumas fisionomias de bem-aventurados, daqueles que nos parecem mais significativos. Acreditamos, todavia, ser isso o bastante para entrarmos em contato com o mundo dos santos, que deveria ser o nosso próprio mundo e o mundo de nossos descendentes, pois o Filho [Jesus Cristo] nos ensinou: “Sede santos como vosso Pai é Santo!” (JOSÉ, 2003, p. 19-20).
A perspectiva da análise é inequívoca. Vale dizer: é um estudo da “santidade sob o duplo aspecto humano-divino”. É um debruçar-se sobre “aspectos da santidade, dissecando padrões humanos, seres que levaram a mesma vida que levamos, seres que sentiram as nossas paixões e tocaram as mesmas realidades, seres que sentiram a revolta da carne e lhe ofereceram heroicamente a reação” (JOSÉ, 2003, p. 20-21).
No mesmo ano, aparece o opúsculo “Admirável Serra da Piedade”. Nele, José trata da religiosidade e do fascínio que vivenciara na visita ao conhecido Santuário, agora Basílica, ereta na serra homônima. Dedica particular destaque ao que denominou “rosto pétreo da Serra da Piedade”, por ele assimilado na década de 1980. Blocos de formações geológicas que, na ótica do piedoso autor, delineiam um nítido rosto humano.
Em “Pensar de cristão”, o professor Oiliam rende louvor e gratidão a Deus, por intermédio de visões, que “são apenas modos de pensar e agir concretizados no viver diário com que procura corresponder ao privilégio de ser fiel da Igreja fundada pelo Filho de Deus, para a missão de salvar as almas” (JOSÉ, 2004, p. 22). A obra inicia-se com máximas inspiradas nas Escrituras, com ênfase na adoção do amor cristão como motriz do cotidiano e em reflexões sobre o mistério da morte, a honra da velhice e as perspectivas da eternidade, a partir de vivências e meditações pessoais. Prossegue com pensamentos variados em torno do laicismo, da verdade e dos valores espirituais, culminando em asserções sobre o estado de graça e a pureza.
Pensar e escrever sobre a necessidade contínua de fortificar o dom divino da fé, que só se completa “no instante próximo de nossa passagem da terra para o Paraíso da Eternidade”, dentre outras ideias voltadas à exaltação dos valores ético-religiosos e do amor cristão, constitui a substância de “Anseios de fé e esperança”.
O móvel de “Sombras e luz” é, uma vez mais, o compromisso de disseminar a fé católica. Não é por outra razão que o autor se autoproclama “agente pastoral”. Sem titubeios, ele declara: “sentimo-nos no dever de substituir, por determinado tempo, as pesquisas históricas, que tantas alegrias nos concederam, pela contínua missão de evangelizar”, afinal, assegura: “poucas alegrias se comparam com a de ensinar a doutrina religiosa que abraçamos e com a verificação de que ex-alunos nossos vivem a fé e a praticam com amor” (JOSÉ, 2006a, p. 13).
O mote para a feitura de “Certeza e temores” nos é apresentado à partida: “A certeza nos vem com a doutrina d’Aquele que, possuindo natureza divina, garante-nos ser ‘caminho, verdade e vida’ (Jó 14-16), enquanto os temores nascem em nós ao longo de nosso caminhar terrestre, em busca da vivência segundo a doutrina do Salvador” (JOSÉ, 2006b, p. 4). A obra constitui-se de algumas dezenas de textos norteados pelas duas expressões denominadoras e por princípios morais e cristãos, tendo foco em personagens históricas, como, dentre outros, os papas João Paulo II e Bento XVI, Frederico Ozanam, Pasteur, Einstein e padre Feijó.
“Procura do eterno presente”, de 2008, é mais uma coletânea sob a forma de capítulos breves, em que o autor se empenha na sua inarredável missão de catequese laica, voltada à disseminação do conhecimento da vida cristã aos irmãos em Cristo, ou, em suas palavras, “ao apostolado que nos cumpre efetivar, enquanto houver tempo, ao longo da nossa peregrinação terrena” (JOSÉ, 2008, p. 16).
Nos últimos anos, é manifesto o desígnio de Oiliam José de implementar seu estreito comprometimento com a missionação, e a executa com tenacidade, tendo a iminência da morte como instigadora de suas indagações. O avizinhamento do fim vital é recorrente na sua escrita dessa hora, como se lê, por exemplo, neste trecho da explicação com que abre o “Procura do eterno presente”, de 2008:
[…] esses caridosos temas focalizam aspectos relacionados, direta ou indiretamente, com nosso viver terreno, em busca do que desejamos alcançar, pela Misericórdia Divina, pensando no chegar o instante em que poderemos julgar que o Pai nos chamou para os páramos eternos ou eterno presente. Aí nos esperamos, embora não o mereçamos, aumentar a felicidade que, na terra, apenas vislumbramos ao longe e confusamente (JOSÉ, 2008, p. 18).
Imparável na pregação evangelizadora, em “Toques de esperança e de luz”, aos 88 anos de idade, o arauto rio-branquense renova sua confissão religiosa e o decorrente dever missionário, isto é, o compromisso de, ainda que leigo, participar ativamente da difusão do catolicismo, sendo “transmissor da imagem divina”.
Na labuta da produção livresca, o essencial acontece entre 1952 e 1965, período em que a História domina absoluta suas realizações. Também aqui o providencialismo é a marca. O primeiro livro é “Visconde do Rio Branco: notas para sua história”. Tratam-se de apontamentos e transcrições sobre a evolução da terra natal do autor desde os tempos da freguesia de São João Batista do Presídio, originários predominantemente de testemunhos orais, posto que as fontes textuais apresentavam-se-lhe rarefeitas, à exceção de registros eclesiásticos e de documentos reproduzidos na Revista do Arquivo Público Mineiro. Para além de aspectos históricos, esse livro abrange escritos sobre individualidades de realce, instituições e atividades culturais e socioeconômicas. Na verdade, o livro inaugural de Oiliam José compreende também a história de cidades limítrofes à do título da obra, em confessada tentativa de elaborar uma história regional.
“Fatos e figuras de Visconde do Rio Branco” é o segundo livro. Nos dizeres iniciais, o autor elucida que “o título adotado para este trabalho sobre a história rio-branquense indica seu conteúdo”, configurando-o como sequência do anterior. Por isso, a obra cinge-se em narrativas e pesquisas em torno de episódios, personalidades, registros antropológicos e linguísticos e de instituições, da época da setecentista povoação do Presídio ao deflagrar da Revolução Constitucionalista de 1932.
“Marlière, o civilizador: esboço biográfico” detém-se no percurso do emigrado francês, ex-oficial dos exércitos napoleônicos que chegou ao Brasil no início do Dezenove acompanhando a família real portuguesa e se notabilizou como colonizador da zona da mata mineira.
Em 1959, foi a vez de “Historiografia mineira: esboço”. Na apresentação, Oiliam José assevera:
[…] não possuímos, até hoje, a tão ambicionada e indispensável ‘História de Minas Gerais’, obra de mestres que sejam capazes de, pela riqueza documental, pelo rigor e arejamento na crítica das fontes utilizadas e pela segurança e objetividade das conclusões, fixar as linhas dorsais de nossa agitada e fecunda evolução social. […] Mas, enquanto esse alvissareiro fato não acontece, a outros trabalhos é lícito esforçarem-se para fixar as linhas fundamentais de que se compõe o quadro das pesquisas históricas na terra mineira. E o presente estudo se considera como um desses trabalhos (JOSÉ, 1959, p. 11-12).
Apontemos-lhe o conteúdo. Após deter-se em rápidos parágrafos atinentes ao conceito de historiografia e sua aplicabilidade no Brasil, José dedica-se a esquadrinhar uma periodização para a historiografia sobre Minas Gerais. Sua proposta apresenta-se em quatro recortes: Período dos primeiros historiadores (século XVI a 1808); Período dos viajantes-historiadores (1808-1870); Período dos historiadores clássicos (1870-1910); e Período dos historiadores contemporâneos (1910 aos nossos dias-1959). Nos capítulos seguintes, José volta-se para a análise de cada uma dessas fases, pela referenciação e comentários sobre autores e obras delas representativos. Para completar, ele adota o critério de “agrupar os trabalhos segundo seus temas principais”, atendendo à tendência que observava para estudos especializados (JOSÉ, 1959, p. 119). E, assim, empregando o mesmo vetor metodológico, passa a versar em torno de uma divisão dual de gêneros: Pré-história e História, subdividindo esta em História Geral, História da Igreja, História Administrativa, História Política, História Econômica, História Militar, História Educacional, História Literária, História Artística, História Racial, Folclore, História do Jornalismo, Genealogia, Biografia e História Municipal. Se se pode discutir a pertinência dos parâmetros adotados, não se poupe à “Historiografia Mineira” o mérito de compilar empenhadamente o que de mais assinalável tinha sido divulgado sobre o nosso estado no âmbito dos assinalados recortes temáticos.
Passados quase 30 anos, surge a segunda edição da obra, que se revelava com mais do que o dobro de páginas da versão original, por efeito de naturais “acréscimos, retificações e adaptações”. São três novos capítulos: História Judiciária, História da Medicina e História das Comunicações. Houve também uma significativa alteração em um título de capítulo: a História Racial da primeira edição é agora tratada na perspectiva da História Étnica.
Apesar de lastrear-se em apropriada documentação arquivística e em qualificada literatura especializada, a abordagem da obra Tiradentes (1974) orienta-se privilegiadamente por um foco movediço: os traços psicológicos do biografado, seus comportamentos, seu temperamento e suas motivações são apresentados em análises em que não faltam interpretações calcadas no providencialismo, a que, desde sempre, Oiliam José se vinculou. Assim é que, na frase derradeira da obra, ele assinala que os princípios norteadores da Conjuração Mineira de 1788-1789 foram “retificados à luz do Evangelho” (JOSÉ, 1985, p. 229, grifos do autor). Isto posto, ainda de acordo com o autor, Tiradentes é uma “figura que demonstrou cabalmente conhecer a perene verdade histórica de que a liberdade reclama heroísmo e só se realiza nos que sabem ser fiéis à Pátria que os acolheu e a Deus, que os criou e os inspirou” (p. 18). Tiradentes herói, Tiradentes revolucionário, e, reportando-se a Lúcio José dos Santos, Tiradentes, o líder da Conjuração (JOSÉ, 1985, p. 135).
À altura do centenário de emancipação político-administrativa de sua terra natal, Oiliam José, retomando suas duas primeiras obras, empreende o que enfaticamente designou como “um esboço da História” de Visconde do Rio Branco (JOSÉ, 1982, p. 15). Na verdade, a obra constitui-se de um copioso volume com mais de uma centena de tópicos, de diversificada natureza, que se subordina à ordem cronológica, sendo lastreado de fontes documentais do Arquivo Público Mineiro, do acervo da paróquia local e de considerável bibliografia.
Ainda no âmbito da História, Oiliam José elaborou biografias, por meio de textos curtos. A do político Celso Machado (1995), de quem, por quase 50 anos, foi próximo e colaborador; a do pensador Jackson de Figueiredo (1997), enaltecendo-lhe a atuação renovadora do laicato na Igreja Católica do Brasil; e, em fascículos, as de Wenceslau Braz (2001), de Silviano Brandão (2001) e de Francisco Sales (2002).
No campo da sociologia, em 1962, Oiliam José facultou-nos a leitura de “A Abolição em Minas”. O objetivo do ensaio foi “reconstituir a fisionomia do movimento de ideias que levou Minas a unir-se de algum modo à campanha abolicionista empreendida no País”. Ele esclarece:
Dizemos de algum modo, porque na realidade não houve em nossa Província um esforço coletivo e de sólida envergadura em prol da liberdade da gente negra […]. Era talvez a confirmação de que os povos destas montanhas preferem pensar e agir silenciosamente, mesmo quando os brasileiros de outras plagas levantam alto as vozes de seus pronunciamentos (JOSÉ, 1962, p. 9).
Nesse sentido, o esforço abolicionista nas Minas Gerais foi determinado pela “formação moral e religiosa que cimentou nossa civilização” (JOSÉ, 1962, p. 10). O racismo como elemento explicativo da história brasileira e suas nefastas decorrências para o desenvolvimento do País e do Estado formam o objeto de “Racismo em Minas Gerais”. Trata-se de um estudo com viés histórico-cronológico, baseado em fontes primárias, em alguma bibliografia especializada e em depoimentos orais de negros, inclusive de ex-escravos. A análise é concluída por sugestivo arrazoado que apregoava uma “aculturação mútua”.
Em correlação, 12 anos depois, José edita “O negro na economia mineira”. Nele, o escritor se dispôs a demonstrar que, no seu ponto de vista, o fator econômico, ao invés de buscar o bem-estar social, foi o causador do agravamento das mazelas sociais em nossa história. “Fez, em Minas, a felicidade de minorias, enquanto gerava o desnorteador sacrifício da maioria […] por mais saliente que seja, é ele [o fator econômico] apenas parcela de um todo complexo. Não é o maior, contudo oferece grandes perigos” (JOSÉ, 1993, p. 3-4). E, continua. A verdade modela a natureza do trabalho do historiador. Este “deseja o triunfo desse valor, porque não é a verdade que pertence ao historiador, mas é o historiador que pertence à verdade. Aí está a escravidão que o liberta” (JOSÉ, 1993, p. 6).
Nesse registro interpretativo é que, já no capítulo 2, analisa “o econômico em face do Evangelho” (JOSÉ, 1993, p. 17), abordagem à luz da qual engendra seu discurso historiográfico, finalizando por afirmar, dentre outras assertivas, que
[…] o relacionamento étnico no Brasil e em Minas ocorre […] dentro de contexto social próprio, razão pela qual seu indispensável aperfeiçoamento há de ser conseguido pela mútua cooperação dos três maiores blocos, os do branco, do negro e dos mestiços. É também certo que, nesse processo, o sacrifício maior caberá ao branco social e financeiramente realizado e que, da parte do negro, deve existir correspondente moderação nas reivindicações (JOSÉ, 1993, p. 301).
Redigido sob a forma de depoimento, “Mundo em crise” procura exprimir as angústias e o desalento de que foram acometidos aqueles que nasceram no pós-guerra de 1914-1918 e que vivenciaram o segundo conflito mundial. “Geração torturada, desde o nascimento, tanto no corpo como na alma” (JOSÉ, 1960, p. 7). Em textos sucintos, conduzidos por mensagens de acentuado teor ético-moral, Oiliam José reitera suas convicções salvíficas. Em socorro às mazelas e sofrimentos do mundo, contrapõe e proclama a magnanimidade e o amor divinos. In verbis: “O sofrimento é um mundo […]. Para nós, católicos, porém, todo esse mundo, que a muitos desespera e enlouquece, já não aparece como compressor, mas como parte integrante dos admiráveis caminhos pelos quais a Divina Providência vai amparando nossos passos na caminhada para o céu” (JOSÉ, 1960, p. 147).
A escassez de títulos concernentes à temática até aquele momento motivou prévio realce a “Indígenas de Minas Gerais”. Não é obra de história. Como acentua o subtítulo, o ensaio dedica-se a estudar as facetas sociais, políticas e etnológicas dos silvícolas que, desde “origens remotas”, habitavam a terra das alterosas. O livro inicia-se identificando as tribos situadas nesse território e observando expressões variadas dos três aspectos de eleição do autor, um esforço de pesquisa ao qual se antepõem consideráveis obstáculos investigativos, mormente no que se refere à etnologia-antropologia. As limitações da análise reconhecidas pelo autor e, por decorrência, as ressalvas que podem ser atribuídas ao texto não invalidam a ousadia da empreitada.
Constatar que o período provincial se pautava por carência bibliográfica foi o leitmotiv de Oiliam José para a elaboração do ensaio “A propaganda republicana em Minas”. Releve-se nessa obra a utilização da imprensa escrita de Ouro Preto e de 13 cidades do interior mineiro como as principais fontes históricas, instituindo, pois, a espinha dorsal do texto. À análise somam-se estudos sobre a presença e o proselitismo de Silva Jardim em Minas, às vésperas do 15 de novembro, bem como sobre a instalação e o cenário político, administrativo e doutrinário do novo regime nos seus primeiros tempos.
A poesia
Em 1984, pela Imprensa Oficial do Estado, Oiliam José publicou “Poemas orientais”. O título declara a inspiração do autor e seu culto à ancestralidade libanesa, por ele tanto cultivada. Mencione-se, a propósito, que seu pai, Chamel, na juventude, fora condiscípulo e amigo de Gibran Khalil Gibran, o festejado autor de “O Profeta”.
Em “O efêmero e o eterno”, não há filiação a determinada matriz. Aqui, o poetar de Oiliam é intensamente subjetivo, proclama e reclama o intimismo, consagra a introspecção. Versos pautados pelo nosce te ipsum. Introjeção como alimento da fé e, esta, como requisito e vetor para a prática permanente do bem e para a busca das manifestações do belo. “Fala-se, evidentemente, num sublimismo (sem qualquer conotação psicanalítica), realista, racionalizado, imaginativo, criador e formador. Num sublimismo em que o máximo da forma corresponda ao máximo do vivenciar nobre” (JOSÉ, 1986, p. XIV).
Nessa medida, a experiência poética de Oiliam, então sexagenário, é alimentada, como esclarece, pelas suas “maiores riquezas”, senão pelas “paixões que o dominam: Cristo, sua Igreja, os carentes, os angustiados, os amigos e o belo” (JOSÉ, 1986, p. XV). Leiamos as estrofes de “Esperança”:
Se o divino mora em nós,
Somos felizes terrenos.
No tempo, sai-nos a voz,
Pra irmos a mundos serenos.
Eis-nos, agora, momentos
Vividos em tempo infrene.
Mas, como seres sedentos,
Chegaremos ao perene.
Assim, nobres nos fazemos,
Quando a todos bem queremos,
Colhendo suave esperança,
Na caridade que avança.
Nessas fecundas visões,
Findam graves dissensões,
E, com firme solidez,
Veremos o Amor, de vez (JOSÉ, 1986. p. 24).
A última referência, talvez, seja aquela que mais de perto tocaria o coração de meu antecessor. Por certo, é a que mais estreitamente o associa a esse grêmio. Refiro-me às “Efemérides da Academia Mineira de Letras: 1909-2009”. O laborioso empreendimento nasceu em 15 de dezembro de 1966, quando, reunida a Academia sob a presidência de José Oswaldo de Araújo, Oiliam José propôs a organização e a publicação, em volume apropriado, dos fastos e feitos da Casa, trabalho que fora esboçado pelo acadêmico Martins de Oliveira, que registrou os acontecimentos marcantes da Academia entre 1909 e 1960. O repto foi aprovado por unanimidade, mas condicionado ao fato de algum acadêmico aceitar a incumbência. Em março de 1975, o encargo é formalmente atribuído ao ilustre confrade. Desse modo, em 1980, surge a primeira edição; em 1985, a segunda; uma terceira, em 1998; culminando na alentada compilação comemorativa do centenário, em 2009.
Não satisfeito em consignar sua colaboração à história da Academia Mineira de Letras, de que são testemunhos o seu duradouro secretariado e, sobretudo, sua faina nas anotações sobre o cotidiano da Casa, materializadas nas substanciosas “Efemérides”, Oiliam José expressou seu amor na elaboração de outros textos a ela respeitantes. Foi o caso de “Registros acadêmicos”, que, principalmente e na maior parte dos tópicos, trata da Academia Mineira de Letras, de suas estruturas, de seus membros e de episódios notáveis, aos quais acrescenta o tratamento de temas afins aos desígnios proclamados no scribendi nullus finis. Foi o caso igualmente de “Registros históricos”, em que escritos sobre a Casa de Vivaldi mesclam-se àqueles respeitantes, diversificadamente, a devoções, censura, normas linguísticas, minerais atômicos e ciência e onisciência.
“Reflexões & defesas” é uma obra derradeira, que evidencia, uma vez mais, o ecletismo dos interesses intelectuais do autor. Nela, alternam-se textos concernentes à espiritualidade, à Igreja Católica do século XX, às virtudes, a personalidades das letras e da política, à querida Academia Mineira de Letras e a alguns de seus integrantes. Tudo isso com um inusitado sinal no vasto labor de Oiliam José: uma profusão de fotografias que retratam paisagens, objetos e, sobretudo, pessoas do mais íntimo bem-querer oiliamjoseano. Texto e imagens que indisfarçavelmente externalizam e proclamam muitos – se não os mais expressivos – afetos bussolares do autor. Obra de franca e serena despedida nas reveladoras “palavras iniciais”:
Entregamos, hoje, aos possíveis leitores este livreto, no qual procuramos expressar verdades que, reunidas, nos levam à glória celeste. Longa e penosa é esta caminhada, mas vale percorrê-la, pedindo as graças divinas. Sem elas a luz se transforma em escuridão. Por isto, devemos reconhecer nosso estado de pecadores e pedir, com insistência, que o Filho, Jesus, sempre nos ampare. Realmente, não há salvação, sem o amparo da Misericórdia Divina (JOSÉ, 2013).
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Se convictamente, sem qualquer originalidade, aclamei que é aos jovens que devemos render homenagens e confiar o fardo de nossos desígnios, pertinentemente dirijo-me a Rogério Faria Tavares para proclamar – e, de novo, ausente o ineditismo –, a abnegação e a competência com que ele, dia após dia, se tem havido na dinamização das atividades da Academia Mineira de Letras.
Confrade Rogério: se os agradecimentos são tantos e procedem de diferentes veredas, por favor, a eles acrescente os meus, devidos que são pela afetuosa amizade com que me distingue e pelas palavras que me dirigiu e que tanto enterneceram meu coração.
Na Lira XIV, de “Marília de Dirceu”, canta o poeta conjurado:
As glórias que vêm tarde, já vêm frias,
[…]
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça!
Confrades e confreiras, se nunca busquei a glória, alcanço-a neste momento, pelo calor da vossa unânime magnanimidade, revitalizando-me e abrindo-me caminhos outros. A todas e a todos, ab imo pectore, o meu melhor “muito obrigado”, pela deferência que imerecidamente me cometem, fazendo-me transbordar de júbilo e adornando o meu porvir.
Senhoras acadêmicas e senhores acadêmicos, facultastes-me os jardins platônicos da AML. Com benevolência, acolhestes-me e, por conseguinte, oferecestes-me o vosso convívio. Com ele, a possibilidade de sorver de perto os vossos ensinamentos. Nesse sentido, serei igualmente devedor aos cultores de Clio que aqui reverberaram suas sabedorias. Agripa de Vasconcelos, Zoroastro Viana Passos, Salomão de Vasconcelos, Lúcio José dos Santos, João Dornas Filho, Abílio Barreto, Augusto de Lima Júnior e João Camilo de Oliveira Torres, sem esquecer daqueles que ainda agora – e auguremos que por muitos anos – ilustram os quadros da Casa de Alphonsus, como Ronaldo Costa Couto, Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho e Amílcar Vianna Martins Filho.
Minhas senhoras e meus senhores, não tenho o direito de vos enfadar ainda mais. Cuido, então, a voo de pássaro, de aludir ao que, no âmago, tenho sido e ao que tenho vivenciado. Ortega y Gassett, nas “Meditações do Quixote” (1967, p. 52), salienta-nos: “Eu sou eu e a minha circunstância; e se eu não a salvar, não salvo a mim”. Peço-vos vênia, pois, para expressar um dos sentimentos basilares que trago da casa paterna: o sentido de gratidão. Quem vos fala, portanto, é o menino da Rua Peçanha que teve o privilégio de estudar no Grupo Silviano Brandão, na Lagoinha de antanho. Quem vos fala é o adolescente que, por sete anos, palmilhou os terrenos limítrofes da Pedreira Prado Lopes e do Conjunto Residencial do IAPI para, indelével e gostosamente, ser moldado pelo Colégio Municipal de Belo Horizonte. Quem vos fala é o licenciando em História da outrora Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, cujo sonho profissional maior – não me canso de dizê-lo – era exercer o magistério em seu colégio de origem. Por isso, e da minha parte, o “muito obrigado” não se esgota!
Quem vos fala, também, é aquele que, neste momento, com filial reverência, pelas suas imorredouras presenças, beija a mão direita da Miluca e do Caimo; é aquele que recolhe, acolhe, agradece e exalta o amor da Piedade Maria e da Bárbara; que afetuosamente abraça o André; e que se desvanece por inteiro com a doçura pueril do Miguel e da Manuela; é aquele que orgulhosa e carinhosamente contempla seus irmãos, irmãs, cunhado, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, primos e primas; quem vos fala é aquele que, agradecido, celebra a sinceridade e o afago diuturnos que recebe dos amigos, professores, colegas, alunos e dos companheiros de trabalho; quem vos fala, afinal, é alguém que, vicissitudes à parte, reafirma sua crença no ser humano; e, assim, sentindo e expressando, quem vos fala é alguém que tem a utopia em seu horizonte, a projetar, a ardentemente desejá-la e a tentar contribuir para tornar efetiva a república imaginária. Parafraseando a lição de Thomas More, há que perseverar para se conseguir converter a ideia fundamental em realidade.
Houve quem – e quantos foram os que – criminosamente falaram e falam do fim da História e das ideologias, do fim das utopias. Repilo fortemente o diversionismo! Quando nada, porque, enquanto houver injustiça e desigualdade social, existirão indignação e utopias.
Em outra oportunidade, escrevi e ora reitero que “a História é um caminho para a utopia. Não no sentido de um ideal inatingível, mas no de manter viva a esperança. Ontem semeamos a realidade de hoje; hoje semeamos a de amanhã. A História pode nos ajudar a realizar essa semeadura com lucidez, anunciando um futuro mais justo e fraterno” (BOSCHI, 2007, p. 69). Utopia, antídoto às frustrações e à desesperança.
De quimeras entendem os poetas. Assim, ao terminar, e porque aqui nos irmanamos sob a égide das musas, invoco Mário Quintana (1997. p. 36):
Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Muito obrigado!
REFERÊNCIAS
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BOSCHI, Caio César. Porque estudar História? São Paulo: Ática, 2007.
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[1] Os literatos em causa são Oscar da Gama e Luís de Oliveira. O opúsculo foi produzido com base nas notas que Oiliam José utilizou para o estudo que sobre ambos os autores desenvolveu em seu discurso de posse na AML.
Por Caio César Boschi, ocupa a cadeira nº 30 da Academia Mineira de Letras