No mês da consciência negra, a Academia Mineira de Letras e o Grupo de Estudos Críticos para as Relações Etnicorraciais (GECRE/CNPq) promovem o I Colóquio Encruzilhadas Culturais: estéticas e subjetividades. O evento, que acontece no dia 22 de novembro, sexta-feira, a partir das 19h, propõe romper com uma visão eurocentrista, promovendo discussões sobre como os ideais estéticos dominantes influenciam a visão de beleza, cultura e sociedade. A programação é voltada a pesquisadores, educadores, artistas e todos interessados em cultura e estética. O público terá acesso a mesas de discussões e lançamento do livro “Racismo Estético: Decolonizando Mentes”. Inscrições abertas até 15.11, sexta-feira, pelo link: https://www.even3.com.br/encruzilhadasculturais/
Com entrada gratuita, o Colóquio acontece no âmbito dos projetos “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura – e “Academia Mineira de Letras – Manutenção e Funcionamento 2024- (CA 2018.13609.0261)”, incluído na Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Esses projetos têm os patrocínios da Cemig – através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – e do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.
Segundo o idealizador do evento, professor doutor Seu João Xavier, “discutir as questões sobre estética, subjetividade e resistência de grupos subalternizados é de extrema importância no cenário contemporâneo, pois estamos vivendo um momento de crescente reconhecimento e valorização das vozes historicamente marginalizadas, como as de negros e indígenas. Esse debate é crucial para decolonizar as narrativas dominantes e romper com os estereótipos, oferecendo uma nova perspectiva sobre a arte e a cultura produzida por esses grupos, comenta.
Na primeira mesa, realizada das 19h às 20h15, sob a perspectiva masculina, serão discutidas as encruzilhadas entre arte, corpo e masculinidade dentro da criação estética afro-brasileira,. Participam o Pai Ricardo – mestre professor da Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG; Camilo Gan – Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Formação Brasileira e Internacional de Capelania e pela Ordem dos Capelões do Brasil; Marcone Santos – Mestre em Biologia Celular (ICB/UFMG) & Mestre em Educação das Relações Étnico-raciais (FaE/UFMG); e, Prof. Dr. Seu João Xavier – linguista e sociólogo, Mestre em Linguística Aplicada pela UFMG e Doutor em Estudos de Linguagens pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) irão discutir como essas expressões são utilizadas como formas de resistência cultural e afirmação identitária.
O professor e escritor Seu João Xavier contextualiza que a mesa parte da questão “Pode o subalterno criar estéticas?”. A proposta é abordar como o homem negro-brasileiro utiliza suas criações artísticas para desafiar a colonialidade, dialogando com conceitos como a “violência epistêmica” de Gayatri Spivak. “Vamos falar sobre como essas estéticas religiosas, por meio de rituais, arte sacra, vestuário e outras expressões culturais, rompem com a invisibilização histórica, ao mesmo tempo em que reafirmam subjetividades masculinas e espirituais que resistem às imposições da estética eurocêntrica”, diz. A mediação é de Gabriel Souza – ativista e articulador político do Movimento Negro, co-idealizador do Selo Akoma Ntoso e coordenador da primeira Carta de Compromisso com a Juventude Negra de BH e Região, além de integrante da Comissão de Psicologia Étnico-Racial do CRPMG.
Na mesa 2, que acontece das 20h45 às 22h00, será abordado o olhar feminino para as discussões estéticas, com foco nos atravessamentos entre autoestima, corpo e criação estética nas diversas expressões culturais. Participam a Profª. Marinês Oliveira – filósofa e advogada (Mestra em Educação Universidade de Campinas e Doutoranda em Filosofia pela Universidade Federal do ABC – e Maryh Benedita – bacharela em Fashion Design pela Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia e Aline Profeta, CEO do Estúdio Aline Profeta Afro e idealizadora do Troféu Trancista Referência 2023, em Belo Horizonte. As pesquisadoras irão compartilhar como a estética é uma ferramenta poderosa de resistência, especialmente para as mulheres negras e indígenas.
“Neste segundo momento, será examinado como as mulheres, ao criar estéticas que valorizam suas culturas e corpos, enfrentam as normas eurocêntricas que tentam controlar suas identidades e autoestima. O conceito de ‘violência epistêmica’ será revisitado sob a ótica de gênero, e será discutido como essas mulheres ressignificam a arte, a moda, e as produções culturais como formas de luta contra a opressão, celebrando suas subjetividades e reconfigurando o espaço da arte como um local de emancipação e expressão autêntica”, comenta Seu João Xavier. A mediação é de Juliana Pacheco – terapeuta ocupacional e Mestre em Educação Tecnológica, coordenadora dos programas de Inclusão e Diversidade do CEFET-MG e o programa Mulheres Mil. Co-fundadora do Coletivo CEFET Negro.
Na ocasião do colóquio, também será lançado o livro “Racismo Estético: Decolonizando Mentes”. Nova obra de Seu João Xavier convida leitores, estudiosos e a sociedade em geral a uma reflexão profunda sobre a estética, o corpo negro e a luta pela decolonização do pensamento. O livro aborda como padrões de beleza hegemônicos e colonizadores impactam a subjetividade de corpos marginalizados, explorando as dinâmicas do racismo estético e suas consequências históricas e sociais.
Sobre os participantes do Colóquio
Seu João Xavier
é linguista e sociólogo. Formado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais e em Sociologia pelo Centro Universitário Internacional. Especialista em TESOL Methods pelas universidades de Oregon e Maryland (UBMC). Mestre em Linguística Aplicada pela UFMG e Doutor em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG, é professor efetivo e leciona no Departamento de Linguagens e Tecnologias (Deltec/CEFET). Suas pesquisas incluem Educação Crítica, Decolonialidade, Identidade, Estética, e Psicanálise. Investiga as relações entre educação, cultura, desigualdades raciais, educacionais e de gênero.
Aline Profeta
Graduada em Processos Gerenciais pela UNA, é CEO do Estúdio Aline Profeta Afro, idealizadora do Troféu Trancista Referência 2023 em Belo Horizonte. Dedica-se à valorização da beleza afro-brasileira. É palestrante e atua como treinadora de trancistas. Com uma trajetória marcada pelo empoderamento da estética negra, Aline promove o fortalecimento da cultura negro-brasileira por meio de suas criações e ensinamentos.
Camilo Gran
Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Formação Brasileira e Internacional de Capelania e pela Ordem dos Capelões do Brasil. Artista, Dançarino, Músico, Compositor, Educador, Produtor, Liderança Cultural. Licenciado em Música pelo Instituto de Ensino Superior Izabela Hendrix, , e Ritual Designer. Iniciou a sua carreira profissional em 1998, atuante em ações socioeducativas fundamentalmente Afrobetizadoras e Pretagógicas na produção e realização de atividades envolvendo os seus principais projetos: Samba de Terreiro; Bloco Afro Magia Negra; Corpo Oralidade; Movimento Afrormigueiro.
Alan Rodrigues
Coordenador Centro Cultural Galpão Cine Horto – BH/MG.
Marines Dias
Profª. Marinês Oliveira – Licenciada em Filosofia (UFMG), Docente do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG); Bacharel em Direito (UESA); Especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais; Mestre em Educação (UNICAMP); Doutoranda em Filosofia (UFABC), Pesquisadora do GT Filosofar e Ensinar a Filosofar da Associação Nacional de Pós Graduação em Filosofia (ANPOF),; Coordenadora do Projeto Afrocientistas (CEFET-MG); Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros NEAB – CEFET/MG/Campus Curvelo.
Maryh Benedita
Especialista em produção artística, com foco no colorismo e na valorização da beleza de mulheres negras. É bacharela em Fashion Design pela Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia, além de atuar como cerimonialista, professora de moda e manequim.
Marcone Santos
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Mestre em Biologia Celular, pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG); Mestre em Educação das Relações Étnico-raciais, pela Faculdade de Educação da UFMG (FaE/UFMG). Desenvolve pesquisas no campo da Educação Popular que envolvem experiências subjetivas, sociopolíticas, educativas e culturais afrodiaspóricas; além de temas relacionados à educação-cultura, educação e relações étnico-raciais, movimentos sociais e gestão escolar para equidade racial.
Gabriel Souza
Ativista e Articulador Político do Movimento Negro, Conselheiro municipal de cultura, Co-idealizador do Selo Akoma Ntoso e coordenador da primeira Carta de Compromisso com a Juventude Negra de BH e Região. Integra a Comissão de Psicologia Étnico-Racial do CRPMG.
Juliana Pacheco
Servidora Pública Federal, Terapeuta Ocupacional e Mestre em Educação Tecnológica Coordenadora dos Programas de Inclusão e Diversidade do CEFET-MG e o Programa Mulheres Mil. Fundadoras do Coletivo CEFET Negro.
Cemig: a energia da cultura
Como a maior incentivadora da cultura em Minas Gerais, a Cemig segue investindo e apoiando as diferentes produções artísticas existentes nas várias regiões do estado. Afinal, fortalecer e impulsionar o setor cultural mineiro é um compromisso da Companhia, refletindo seu propósito de transformar vidas com energia.
Ao abraçar a cultura em toda a sua diversidade, a Cemig potencializa, ao mesmo tempo que preserva, a memória e a identidade do povo mineiro. Assim, os projetos incentivados pela empresa trazem na essência a importância da tradição e do resgate da história, sem, contudo, deixar de lado a presença da inovação.
Apoiar iniciativas como essa reforça a atuação da Cemig em ampliar, no estado, o acesso às práticas culturais e em buscar uma maior democratização dos seus incentivos.
Instituto Unimed-BH
O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.