Embora o presidente dos Estados Unidos, que ainda vai completar um ano de mandato na Casa Branca, não tenha interesse pelo Acordo de Paris sobre o clima, como asseverou publicamente, o mundo está preocupado. A Terra, que nunca foi a mesma, sofre variações permanentes e até os ingênuos, se observadores, acompanham modificações no cotidiano.
No Brasil, as temporadas de chuvas não são tão obedientes aos meses como antigamente, faz frio em tempo que deveria de ser de alta temperatura, os meteorologistas se veem em dificuldades para adivinhar como será o amanhã. Os agricultores, aqueles que sobrevivem do que o solo propicia, não preveem mais quando iniciar a semeadura, muito menos a colheita.
Pelo noticiário diário de rádio e televisão, todos – ou quase todos – já saem de casa sabendo se haverá, sol, tempo nublado, preparam-se para ida e vinda ao labor diário. No entanto, as falhas não podem ser debitadas unicamente a defeitos de equipamentos. O homem, por mais interesse que tenha e de mais dispositivos técnicos disponha, não consegue acertar.
Há, contudo, uma unanimidade: a humanidade é responsável e culpada pela situação em que nos encontramos, sendo urgente que se adotem providências internacionais para evitar o pior. Só Trump o desconhece, e ele se encontra à frente dos destinos da nação mais poderosa do planeta. Fazer o quê?
Recentemente, chamou a atenção, embora não condizente com o conteúdo, a notícia relativa ao mapa de risco de tremores de terra no Brasil, editado pelo “Jornal da USP”, um valioso documento da Universidade de São Paulo. É assunto que toca de perto a Minas Gerais.
Em tempos pretéritos, a informação que se tinha é de que esses fenômenos se davam na região Central de Minas, no município de Bom Sucesso e adjacentes, por exemplo. Era até folclórico o que se contava. Depois, a situação mudou. No Norte do Estado, lá pelos lados de Montes Claros, tremores se registraram, e em Caraíbas se deu a primeira morte causada pelo fenômeno no país.
Pois o novo mapa elaborado pelos geofísicos da USP incluiu novas regiões onde os abalos sísmicos podem ser mais frequentes. Embora o Brasil não tenha histórico de problemas de alta expressão, os casos exigem permanente monitoramento pelos técnicos.
Alerta-se, aliás, para a catástrofe de Mariana, há dois anos, quando o rompimento da Barragem de Fundão destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues e danificou cidades e povoados adjacentes. O rio Doce, por muitos decênios, sofrerá os efeitos da avalanche e da carga de minerais tóxicos que carregou.
Pois somente agora se publica a respeito. Desastres ambientais como o ocorrido em Mariana, em 2015, teve como uma das causas apuradas uma série de tremores de magnitude 2,01 e 2,55, alguns dias antes do acidente, com catastróficos efeitos humanos e ambientais.
O novo mapa sismológico, atualizado pelos pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, acrescentou novas áreas brasileiras nas quais o fenômeno pode ser mais frequente.
Bom Sucesso não tem mais seu tradicional bondinho e não mais registra tremores. Que todos se cuidem!
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23