Pelo menos uma ameaça se desfez. No passado dia 12, o de Nossa Senhora Aparecida, uma rocha do tamanho de uma casa passou perto da Terra dentro da órbita da Lua, mas a milhares de quilômetros deste planeta que ainda habitamos. A informação foi dos astrônomos ligados à NASA e à Agência Espacial Europeia.

O asteróide em questão, batizado de TC4, passou pela primeira vez perto de nós em outubro de 2012, aproximadamente com o dobro de distância da atual, e seu retorno já era esperado. A rocha agora estará a 35 mil quilômetros, mas “não vai atingir-nos”, como previsto por um dos astrônomos. “Essa a coisa mais importante a se dizer”.

De qualquer modo, suponho que devamos ter o máximo cuidado. Assim como balas perdidas têm matado muita gente inocente na Rocinha ou na Baixada Fluminense, um asteróide desses pode alcançar-nos em algum momento. Aliás, cumpre lembrar o que declarou, há mais de um ano, Stephen Hawking, célebre físico britânico. Para ele, a exploração espacial deve continuar, pois o futuro da humanidade depende disso, já que os homens não conseguirão sobreviver mais de mil anos sem ir “além de nosso frágil planeta”. 

O cientista, que participou de festival em sua homenagem nas Ilhas Canárias, da Espanha, ressaltou que há muitos experimentos ambiciosos para o futuro, como mapear a posição de bilhões de galáxias, além de utilizar os supercomputadores para compreender melhor “nossa posição” no universo.

“Talvez, algum dia, seja possível utilizar as ondas gravitacionais para olhar para trás, em direção à origem do próprio Big Bang”, afirmou. O físico está convencido de que a humanidade tem de seguir explorando o espaço pensando em seu futuro”. Para ele, nós humanos não somos mais do que conjuntos de partículas, que – no entanto- estão próximas de compreender as leis que nos governam, “e isso já constitui uma grande vitória”.

Ninguém quer ser ave de mau agouro. Mas o mundo científico está consciente de que, em algum instante da história, a humanidade terá de procurar abrigo e habitação em algum outro planeta. 

As grandes potências mundiais não investem milhões e milhões em pesquisas de outros astros, senão pensando no que o futuro imporá aos terráqueos de agora. Pode ser por uma colisão com algum asteróide ou por imposições endógenas. Uma guerra entre as potências nucleares poderá obrigar o homo sapiens, nem sempre muito sapiens, a procurar outro lugar no espaço. É nisso que se pensa, e incontestavelmente não estamos sendo trágicos. Será o fenômeno da Rocinha, transportado a nível planetário.

Mais grave e inquietante é saber que sequer temos conseguido resolver os “probleminhas” de nação em crescimento, como os que ora enfrentamos. Há de perguntar-se se o porvir, que não vislumbramos tão promissor como se desejaria, será menos sofrível em outro planeta e galáxia. Por enquanto, só resta nos mantermos como possíveis vítimas de balas perdidas entre agentes da lei e traficantes, ou entre quadrilhas, nas periferias das grandes cidades ou até nos centros urbanos.

Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23.