Em dezembro de 1909, um grupo de incentivadores das letras e da cultura dava início à Academia Mineira de Letras, com o objetivo de discutir e cultivar a língua portuguesa e a literatura produzida em Minas Gerais. Hoje, 110 anos depois, a instituição firma-se como uma das mais importantes do país e conta com intensa programação cultural, gratuita e aberta ao público, com exposições, palestras de escritores, poetas, artistas e músicos, além de lançamentos de livros e parcerias com relevantes instituições de ensino.

Além de uma programação semanal, sempre diversa e com temáticas aprofundadas, a Academia Mineira de Letras é responsável por abrigar cerca de 35 mil livros em seu acervo, que está sendo restaurado. Importantes nomes como Abgar Renault, Henriqueta Lisboa, Afonso Arinos, Cyro do Anjos, Bartolomeu Campos de Queirós, Emílio Moura, Juscelino Kubitschek, Milton Campos, têm seu legado garantido entre as históricas paredes do Palacete Borges da Costa.

A publicação da Revista da Academia Mineira de Letras também está entre os feitos do último século. Criada em 1922, reúne poemas, artigos e diversos tipos de textos de escritores mineiros, sendo canal aberto à comunidade para estimular a leitura e a escrita.

Em breve, a sede da Academia Mineira de Letras, que desde 2016 integra o Circuito Liberdade – maior circuito cultural do Brasil – será uma Casa Museu. O local está em processo de musealização.

Para o presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, a instituição tem um importante papel: “A AML é, hoje, um dos principais equipamentos do Brasil no que tange à valorização da literatura. Há uma série de programas, eventos e parcerias que permitem que cada vez mais pessoas tenham acesso à literatura e mais profissionais das letras tenham a oportunidade de apresentar seus trabalhos”.

Fundação da AML

A Academia Mineira de Letras foi fundada na cidade de Juiz de Fora, em 1909, por um grupo de jornalistas, escritores, profissionais liberais, homens públicos e militantes ligados à literatura e à cultura. Os 12 idealizadores da entidade, capitaneados por Machado Sobrinho e integrados por intelectuais como Belmiro Braga, Dilermando Cruz, Amanajós de Araújo e outros expoentes das letras, elegeram mais 18 intelectuais espalhados por todo o estado e representantes do que de melhor existia entre a elite acadêmica de Minas Gerais para integrar o projeto. Dentre os dezoito, destacavam-se Nelson de Senna, Alphonsus de Guimaraens e Carlos Goes, além de outras influentes personalidades da época. Aos 30 pioneiros depois se juntaram mais dez, chegando ao número de acadêmicos que permanece até hoje.

Em 1915, a sede da Academia foi transferida para a capital do estado, Belo Horizonte. Em 1943, a instituição ganhou sede própria, instalando-se no sexto andar de um edifício situado à Rua dos Carijós, onde permaneceria até 1987, quando passou a ocupar o Palacete Borges da Costa, onde ainda se encontra.

 

Restauração do acervo

A Biblioteca da Academia Mineira de Letras possui um acervo de, aproximadamente, 35 mil livros, além de correspondências, documentos, fotografias e objetos pessoais de escritores e personalidades de destaque na história literária, cultural e política de Minas Gerais.

Dentre as principais coleções destacam-se a de Eduardo Frieiro, Vivaldi Moreira e a Biblioteca dos Acadêmicos. Elas reúnem a produção dos integrante da instituição e abrigam exemplares raros – como obras originais, manuscritos, textos publicados, inéditos e obras autografadas.

Atualmente está em desenvolvimento o “Projeto de Organização da Biblioteca da AML”, que abrange as etapas de inventário, higienização, processamento técnico e adoção de medidas de preservação e conservação do acervo, objetivando a sua disponibilização para pesquisadores das áreas de literatura, história e política social de Minas Gerais e do Brasil. O projeto é desenvolvido pelo Núcleo de Acervo da AML, sob a coordenação do Conselho do Acervo Bibliográfico e Documental, integrado pelos acadêmicos Amilcar Martins, Caio Boschi e Jacyntho Lins Brandão.

 

Sede da AML

O Palacete Borges da Costa foi construído entre 1910 e 1923 com projeto do arquiteto Luis Signorelli para a família do médico Eduardo Borges da Costa e sua clínica médica e é um dos poucos remanescentes da história arquitetônica da cidade. O arquiteto também foi responsável pelos projetos da sede do Automóvel Clube (1927), da Secretaria de Agricultura (1929), Clube de Belo Horizonte (1930), da Prefeitura Municipal (1935) e do Teatro Francisco Nunes (1950).

Sua construção conta com dois pavimentos, além de um porão habitável, tem requintes de carpintaria, feita por artesãos italianos e o trabalho em gesso no teto da sala de jantar, realizado por artesãos portugueses. Os lustres, de alabastro e cristal, os elementos decorativos, como o guarda-corpo da varanda em sofisticada balaustrada com disposição em linha curva, os três grandes painéis de vitrais, que garantem a iluminação dos ambientes, tudo confere ao palacete uma aparência harmoniosa e elegante.

O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA – procedeu, em 1986, ao tombamento do prédio.  Em 30 de maio de 1994 foi inaugurado, anexo ao Palacete, o Auditório Vivaldi Moreira, com projeto do arquiteto Gustavo Penna. O local uniu o clássico ao moderno e permitiu que mais eventos ocorressem como reuniões, palestras, debates, exposições.

 

Homenagens especiais aos 110 anos da AML

 

            Para celebrar e homenagear os 110 anos da instituição, diversas solenidades estão programadas para os meses de novembro e dezembro. No dia 11 de novembro haverá sessão solene na Academia Mineira de Letras, com participação do presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi e diversas autoridades. A ocasião também conta com recital de poesia da obra de acadêmicos, quando 10 atores do grupo teatral Palavra Viva apresentarão 27 poemas. Uma missa em ação de graças será celebrada pelo acadêmico Dom Walmor Oliveira de Azevedo na Capela Cristo Rei – Palácio Episcopal, no dia 21 de novembro, às 19h30. Os eventos do dia 11 e 21 de novembro são restritos a convidados, devido à limitação dos espaços.

Uma sessão solene será realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no dia 13 de dezembro, às 10h.            Em 17 de dezembro a Câmara Municipal de Juiz de Fora realiza sessão solene no local onde ocorreu a primeira reunião da Academia, no começo do século XX. Os eventos de 13 e 17 de dezembro, são abertos ao público.