A Academia Mineira de Letras dá mais um passo na jornada de valorização da literatura de Minas Gerais. Na última quarta-feira, 2 de fevereiro, foram assinados dois importantes convênios envolvendo também o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por meio da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), e a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), para projetos literários a serem executados ainda em 2022.

Foi renovada a parceria entre a Escola Judicial e a Academia Mineira de Letras para a realização da segunda temporada do projeto Vozes Poéticas. A iniciativa surgiu para valorizar a produção poética mineira, resgatando o legado de autores que honraram as melhores tradições literárias de Minas.

Por meio da produção de podcasts que oferecem a leitura de obras de grandes poetas mineiros, a iniciativa tem permitido o entrelaçamento entre memória, história, educação e formação. Nessa segunda fase, que estreia em março, serão destacados oito poetas: Alphonsus de Guimaraens Filho, Emílio Moura, Belmiro Braga, Édison Moreira, Elizabeth Rennó, Yeda Prates Bernis, Maria José de Queiroz e Maria Esther Maciel.

Além disso, com a união da Academia Mineira de Letras, da Ejef e da Amagis, um dos convênios prevê edição de obra compilando quatro romances do magistrado e escritor mineiro José Godofredo de Moura Rangel. Os livros “Vida ociosa”, “Falange gloriosa”, “Os bem-casados” e “A filha” serão reeditados e relançados.

O presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, ressalta que esse tipo de parceria é essencial para continuar com projetos significativos envolvendo a cultura e a literatura. “Quanto mais associações se unirem em prol da literatura, mais programas podem ser criados. Assim podemos resgatar a memória de importantes obras e autores e também fomentar a produção atual no estado”, explica.

A solenidade de assinatura dos convênios foi conduzida pelo 2º vice-presidente do TJMG e superintendente da Ejef, desembargador Tiago Pinto. A ocasião contou com a presença do 1º vice-presidente, desembargador José Flávio de Almeida; do corregedor-geral de Justiça, desembargador Agostinho Gomes de Azevedo; do presidente da Amagis, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos; e do presidente da AML, Rogério Faria Tavares.

Também estiveram presentes a superintendente adjunta da Ejef, desembargadora Mariangela Meyer; o desembargador Alberto Diniz, ex-presidente da Amagis; o desembargador Maurício Pinto Ferreira; o responsável pela Diretoria Executiva de Gestão da Informação (Dirged/TJMG), Fernando Rosa de Souza; o responsável pelo Centro de Tecnologia e Mídias Digitais (Ceted/Ejef), Leonardo Vianna; o guardião da obra do jurista e escritor Godofredo Rangel, Márcio Sampaio; e o diretor-executivo de Comunicação do TJMG, Sérgio Galdino.

 

Vozes Poéticas

Na ocasião da assinatura, Rogério Faria Tavares destacou o valor do projeto Vozes Poéticas de Minas. “Ele é um convite à fruição: à fruição da cultura, da história, da memória e das artes. É ainda um convite à ampliação da nossa sensibilidade e a uma escuta de qualidade, capaz de nos transportar para outros mundos e abrir outras possibilidades nas nossas emoções. Na primeira temporada, destacamos a produção poética de oito autores importantes do nosso estado: quatro homens e quatro mulheres. Vamos repetir essa fórmula nessa segunda temporada, com poetas que fizeram da poesia a razão do seu trabalho e de sua exploração estética”, informou.

O projeto foi um sucesso de crítica e de público, em sua primeira fase, registrando grande audiência — foram mais de 15 mil visualizações. “Isso comprova algo de que sempre desconfiei: o ser humano não só adora poesia, como precisa de poesia, pois só a nossa vida, só a nossa realidade, às vezes é árida. Precisamos sonhar, e a poesia é nosso passaporte para isso”, completa.

Romances de Godofredo Rangel

Sobre a reedição de romances de Godofredo Rangel, o presidente da AML explicou que o escritor e magistrado foi por muito tempo esquecido, embora seja um dos principais autores da literatura de Minas Gerais do século XX. “Isso precisa ser dito e repetido sempre, para que as novas gerações conheçam o trabalho de alta qualidade na literatura realizado por ele. É isso que o TJMG, a Ejef, a Amagis e a AML, juntos, querem oferecer ao público: encontrar Godofredo Rangel de novo e conferir ali a qualidade, a beleza e o apuro do trabalho dele”, afirmou.

Primeiro sucessor da Cadeira nº 13 da Academia Mineira de Letras, José Godofredo de Moura Rangel tem como patrono Xavier da Veiga. Ele nasceu em Carmo de Minas, no sul do estado. O magistrado foi promotor de justiça e ingressou na magistratura mineira em 1909.