No dia 9 de outubro, quarta-feira, às 19h30, o acadêmico Carlos Herculano Lopes participa da edição de outubro do Livro do mês, apresentando  “O último conhaque na trajetória literária de Carlos Herculano Lopes”. Em um bate-papo descontraído com o público, o também jornalista e romancista, eleito recentemente para a cadeira 37 que pertenceu a Olavo Romano, fala sobre a criação de seu romance, originalmente publicado em 1955, contando com a mediação do escritor, pesquisador e professor de Literatura Flávio de Castro. O evento ocorre no auditório da Academia Mineira de Letras, com entrada gratuita. Para obter o certificado de participação, é necessário solicitar previamente pelo link na bio do instagram @amletras.

O Livro do mês ocorre no âmbito do projeto “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores.

“O jornalismo, na realidade, a não ser o período de 15 anos em que fui cronista do Estado de Minas, de 2002 a 2017, nunca influenciou nem interferiu na minha atividade literária como contista e romancista. Até porque a linguagem jornalística é uma, e a literária outra.  Se o jornalismo teve alguma relevância na minha trajetória como ficcionista, foi a de me ensinar a importância da síntese, o não ficar rebuscando demais o texto, e ter muito cuidado com o excesso de adjetivos”, comenta Carlos Herculano Lopes.

Em “O Último Conhaque”, Carlos Herculano convida o leitor a acompanhar uma volta ao passado, em que o protagonista se depara com surpreendentes revelações sobre ele próprio e sua família. Após a morte da mãe, Fernando retorna à cidade natal, de onde saiu criança, logo depois do assassinato de seu pai, prometendo nunca mais voltar. Perdido em um lugar que deveria ser seu lar e completamente sozinho, ele é atormentado pelas lembranças e começa a revisitar segredos que desejaria esquecer, tentando superar seus traumas. Enquanto isso, os envolvidos na morte de seu pai também precisam abrir o baú do passado, incertos quanto aos caminhos que Fernando pretende percorrer enquanto passa os dias enfurnado na casa da família.

O livro foi publicado em 1995 e, ao longo dos últimos quase trinta anos, ganhou diversas reedições. Atualmente foi indicado para o Vestibular da Faculdade de Ciências Médicas.

Comovente e profundo, “O Último Conhaque” alcança altíssimo nível de elaboração formal e de densidade psicológica. A literatura de Carlos Herculano mostra que toda experiência individual é, ao mesmo tempo, universal. É impossível ler o romance e não notar que a procura pela identidade, o resgate de suas raízes e o medo de estar sozinho são vivências e sentimentos que fazem parte de todos nós e de todas as sociedades, sejam elas urbanas ou rurais.  “Sua força de persuasão literária está toda na criação desse outro mundo, que se afasta por momentos da nossa realidade para melhor representá-la — nossa felicidade e danação. O que mais é necessário para justificar a atualidade deste pequeno grande livro?”, escreve o acadêmico Wander Melo Miranda.

Sobre o autor

Carlos Herculano de Oliveira Lopes nasceu em Coluna, no Vale do Rio Doce, Minas Gerais, em 23 de outubro de 1956. É filho da professora Iracema Aguiar de Oliveira e do farmacêutico prático Herculano de Oliveira Lopes. Chegou a Belo Horizonte em dezembro de 1968, com 11 anos, para estudar no Colégio Arnaldo, dirigido pelos padres Verbitas, onde fez o ginásio e o científico. Seu primeiro emprego na capital mineira, como auxiliar administrativo, foi na Prefeitura de Belo Horizonte, na gestão do então prefeito, doutor Luiz Verano, quando fazia o cursinho pré-vestibular no Colégio Promove. Estudando jornalismo na FAFI/BH, começou a trabalhar na Editoria de Pesquisas do “Estado de Minas” em 1979, para onde foi levado pelo jornalista Carlos Felipe.

No EM, como o jornal ainda é chamado, permaneceu por vários anos como repórter, e durante quatorze deles assinou uma crônica semanal no EM Cultura, espaço que dividiu, no correr desse tempo, com nomes como Affonso Romano de Sant`Anna, Frei Betto, Fernanda Takay, Maria Esther Maciel, Marina Colasanti, Fernando Brant, Alcione Araújo, entre outros. O seu primeiro livro, O sol nas paredes, de contos, foi publicado por conta própria, em 1980. A ele seguiram-se vários outros, como os romances A dança dos cabelos, prêmios Guimarães Rosa e Lei Sarney, como autor revelação de 1987, e finalista do Prêmio Jabuti, Sombras de julho, Prêmio Quinta Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, 1990, O vestido, finalista do Prêmio Jabuti, em 2005, e O último conhaque, cuja sétima edição sai no início de 2024, pela Editora Record. Seu livro de contos, Coração aos pulos recebeu o Prêmio Especial do Júri da União Brasileira de Escritores.

Também já lançou vários livros de crônicas, e participou de 15 antologias, sendo uma na Argentina, e a outra no Canadá. Seus romances, O vestido e Sombras de julho foram lançados na Itália, com tradução da professora Mariagrazia Russo, da Universidade de Viterbo, pelas Editoras Cavallo di ferro, e Il Fillo. Duzentas de suas crônicas, selecionadas, das cerca de 1500 publicadas no Estado de Minas, serão lançadas em um único volume, em 2024, com organização do escritor Jacques Fux.  Carlos Herculano Lopes também teve obras adaptadas para o cinema, como Sombras de julho, que foi filmado por Marco Altberg, em 1995, O vestido, filmado por Paulo Thiago.

Sobre o mediador

Flávio de Castro é autor de “Desaparecida” (2018) e “Minério de Ferro” (2021), entre outras obras. Escritor, redator e professor de Literatura no Instituto Terra Negra e no Curso e Colégio Determinante, é bacharel em Literatura pelo IEL – UNICAMP. Atua como pesquisador no Posling CEFET-MG, focando em contistas mineiros da segunda metade do século XX.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos, abrangendo cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

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