No dia 5 de novembro, terça-feira, às 19h, a Academia Mineira de Letras promove um encontro de Conceição Evaristo, Ana Cecilia Carvalho, Antonieta Cunha e Constância Lima Duarte – escritora homenageada, para uma conversa sobre suas experiências na escrita. Após fala de abertura, Constância conduzirá um bate papo com as acadêmicas sobre o tema da exposição em cartaz: A presença feminina na literatura – um caminho difícil.  Cada escritora falará a partir de sua trajetória sobre como percebe o árduo percurso intelectual da mulher brasileira e o movimento para visibilidade à escrita feminina em nosso país.

Com entrada gratuita, a conversa entre as escritoras acontece no âmbito dos projetos “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 235925)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura – e “Academia Mineira de Letras – Manutenção e Funcionamento 2024- (CA 2018.13609.0261)”, incluído na Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Esses projetos têm os patrocínios da CEMIG – através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – e do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e seiscentos médicos cooperados e colaboradores via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

A exposição literária “A presença feminina na literatura brasileira: um caminho difícil”, trazida a Belo Horizonte pela parceria entre a Academia Mineira de Letras e o Instituto Peck Pinheiro, oferece ao público mais de 70 livros, quase sempre em primeira edição, de 49 escritoras brasileiras dos séculos XVIII ao XX, contando as histórias dos desafios enfrentados pelas autoras para serem reconhecidas no universo literário, seja em forma de romances, poesias, crônicas, contos ou memórias. Aberta desde 5 de outubro, a exposição permanece, em cartaz, até 6 de novembro, no prédio anexo da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466, Centro, Belo Horizonte). A visitação é gratuita, de terça a sexta, das 11h às 19h30 e, aos sábados, das 10h às 16h.

Para a pesquisadora da literatura produzida por mulheres, a escritora e professora Constância Lima Duarte, que é homenageada da mostra por suas numerosas pesquisas e publicações acerca do tema, “visitar a exposição A presença feminina na Literatura Brasileira: um caminho difícil é revisitar páginas perdidas da história intelectual da mulher brasileira, história essa, aliás, que ainda precisa ser escrita”.

Faz parte da exposição uma vitrine especial dedicada às obras das onze escritoras que integram a Academia Mineira de Letras: Alaíde Lisboa, Ana Cecilia Carvalho, Carmen Schneider Guimarães, Conceição Evaristo, Elizabeth Rennó, Henriqueta Lisboa, Lacyr Schettino, Maria Antonieta Antunes Cunha, Maria Esther Maciel, Maria José de Queiroz e Yeda Prates Bernis.

O público terá a oportunidade de encontrar com algumas delas. A escritora e vice-presidente da Academia Mineira de Letras, Maria Antonieta Cunha, ocupante da cadeira 9, comenta que sua relação com a literatura começa ainda na infância: “A literatura me pegou como leitora ainda muito pequena. E nunca me largou”.

A acadêmica, eleita recentemente para a cadeira 36 da AML, Ana Cecília Carvalho, comenta: “Falar sobre uma trajetória, qualquer que seja ela, nos remete à retomada de um percurso, com seus avanços, recuos, percalços e desfechos. No caso específico do texto literário, trabalhamos para diminuir a distância entre o plano das primeiras ideias, inarticuladas e ainda sem forma, e o registro da palavra escrita, no qual a experiência individual finalmente atinge amplo compartilhamento”, diz.

Sobre as participantes

Conceição Evaristo

Nascida na favela do Pindura Saia, na Região Centro-sul da capital mineira, a escritora belo-horizontina Ficcionista e ensaísta, a escritora teve sua primeira publicação em 1990 na série Cadernos Negros, antologia coordenada pelo grupo Quilombhoje, coletivo de escritores afro-brasileiros de São Paulo.  Suas primeiras obras individuais, Ponciá Vicêncio (2003) e Becos da Memória (2006) foram publicadas pela Mazza Edições; sendo seguidas por Poemas da Recordação e outros movimentos (2008) e Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), ambos pela Editora Nandyala; as duas, editoras mineiras sediadas em BH. Além da participação em várias antologias nacionais e estrangeiras tem as seguintes obras publicadas: Ponciá Vicêncio (Pallas); Becos da Memória (Pallas); Poemas da Recordação e Outros movimentos (Malê); Insubmissas Lágrimas de Mulheres: contos (Malê); Olhos d’água (Pallas); História de Leves Enganos e Parecenças (Malê). As obras mais recentes são Canção para Ninar Menino Grande (Pallas) e Macabéa: flor de Mulungu (Oficina Raquel). Sua produção é constituída de poemas, contos, romances e ensaios, em grande parte está traduzida para o inglês, francês, árabe, espanhol, eslovaco e italiano, tendo recebido em 2015 o Prêmio Jabuti  na categoria contos e crônicas pelo livro Olhos D’água. Em 2017 recebeu o Prêmio Cláudia na categoria Cultura; já em 2018, o Prêmio Revista Bravo na categoria Destaque, o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Nicolás Guillén de Literatura pela Caribbean Philosophical Association e o Prêmio Mestre das Periferias pelo Instituto Maria e João Aleixo.

Ana Cecília Carvalho

Nasceu em Belo Horizonte, MG. Escritora e psicanalista, é doutora em Literatura Comparada e mestre em Psicologia. Foi professora de Psicanálise na UFMG até 2009, quando se aposentou.  Em agosto de 2024, eleita para ocupar a Cadeira 36 da Academia Mineira de Letras. O Prêmio Brasília de Literatura (1991) e o Prêmio Cidade de Belo Horizonte (1975 e 1985) são alguns dos prêmios literários que Ana Cecília recebeu. Foi finalista do Prêmio Jabuti (categoria contos) em 1993. É autora da “Trilogia da Inquietude”, da qual fazem parte Os Mesmos e os Outros: o livro dos ex (Quixote-Do, 1ª edição 2017; 2ª edição 2018; 3a ed. 2022), O foco das coisas & outras histórias (Quixote + Do, 2019) e A memória do perigo (Quixote + Do, 2019). Entre outros livros, escreveu também A poética do suicídio em Sylvia Plath (Editora da UFMG, 1a ed 2003; 2a edição 2023), O livro neurótico de receitas (Editora Ophicina de Arte & Prosa, 1ª e 2ª ed. 2012), Uma mulher, outra mulher (Editora Lê, 1993) e Livro de registros (Interlivros, 1976). É co-organizadora de Estilos do xadrez psicanalítico: a técnica em questão (Imago, 2006); Universidade e psicanálise: um espaço de interlocução (Zagodoni Editora, 2019) e Universidade e psicanálise: a escrita das psicanalistas (Zagodoni Editora, 2023).

Antonieta Cunha

Formada em Letras Neolatinas, com mestrado em Educação e doutorado em Letras pela UFMG, Maria Antonieta Antunes Cunha nasceu em 1939 e dedicou sua vida ao ensino e à literatura.  Foi professora e vice-diretora do Instituto de Educação de Minas Gerais, deu aulas nos cursos de graduação e de pós-graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo lecionado, a convite, na pós-graduação do curso de Ciência da Informação e na graduação do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação. Como fundadora da Editora Miguilim (1980-1993), editora da Dimensão (1998- 2015) e consultora da RONA (2015-2021), criou vários projetos de edição de livros para crianças e jovens.  Desenvolveu o projeto e organizou todos os volumes da coleção “Crônicas para Jovens”, da Editora Global. Escreveu mais de 50 artigos para jornais e capítulos para livros e revistas especializadas em Leitura e Literatura. Como autora, publicou cerca de 30 livros, entre teóricos e didáticos, e alguns como tradutora, do inglês, francês e espanhol.

Constância Lima Duarte

Professora-doutora de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFMG, pesquisadora do CNPq e coordenadora do Grupo de Pesquisa Mulheres em Letras. Dentre os livros publicados, estão: Nísia Floresta: vida e obra (1995; 2008); Mulheres em Letras: antologia de escritoras mineiras (2008); Mulheres de Minas: lutas e conquistas (co-autoria, 2008); Dicionário de escritores mineiros (2010); Imprensa feminina e feminista no Brasil, séc. XIX (2018); Imprensa feminina e feminista no Brasil, séc. XX (2023); Memorial do memoricídio: escritoras brasileiras esquecidas pela história (2023), entre outros.

Cemig: a energia da cultura

Como a maior incentivadora da cultura em Minas Gerais, a Cemig segue investindo e apoiando as diferentes produções artísticas existentes nas várias regiões do estado. Afinal, fortalecer e impulsionar o setor cultural mineiro é um compromisso da Companhia, refletindo seu propósito de transformar vidas com energia.

Ao abraçar a cultura em toda a sua diversidade, a Cemig potencializa, ao mesmo tempo que preserva, a memória e a identidade do povo mineiro. Assim, os projetos incentivados pela empresa trazem na essência a importância da tradição e do resgate da história, sem, contudo, deixar de lado a presença da inovação.

Apoiar iniciativas como essa reforça a atuação da Cemig em ampliar, no estado, o acesso às práticas culturais e em buscar uma maior democratização dos seus incentivos.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.