Para tanto, sou velho, e na vertente,
Já distante daquela mocidade;
Mas um sopro de vida, que me invade,
Faz-me então revivê-la docemente.
Pelo túnel do tempo, e recorrente,
Sem temer a implacável realidade,
Procuro, numa rua da cidade,
Aquele vulto ainda tão presente,
Vejo a casa, o portão, a cerca viva,
Mas a jovem namorada, bem se via,
Era apenas a imagem vocativa!
Não a encontrei, ali, como queria:
No entanto, qual bem era, rediviva,
Esteve sempre em minha companhia…
Por Gérson Cunha.
Escritor, com livros publicados nas áreas de romance, memórias, ensaio, crônica, crítica e poesia. Texto publicado na Revista da Academia Mineira de Letras | Ano 86° – volume LV – 2010
Foto: Reprodução do quadro de Salvador Dalí.