A Academia Mineira de Letras dá início a um projeto criado especialmente para o público mirim. Trata-se do programa Escuta que lá vem a história, apresentando vídeos com a leitura dramatizada e a animação de histórias infantis escritas pelo acadêmico Ângelo Machado. O lançamento acontece no canal de YouTube da AML a partir do dia 23 de novembro.
O projeto é realizado com recursos da Lei Aldir Blanc – EDITAL nº 15/2020 ‐ SELEÇÃO DE PROPOSTAS PARA ESPAÇOS CULTURAIS DE APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA / SECULT/LAB‐FCS nº.23755709/2020.
O presidente da AML, Rogério Faria Tavares, explica que o objetivo dessa iniciativa é incentivar o hábito de leitura desde a infância. “O projeto reforça a atuação da AML no campo da literatura, nesse caso direcionada ao público infanto-juvenil. Além disso, a programação será uma homenagem da AML ao saudoso Angelo Machado, um dos mais criativos e generosos escritores de Minas Gerais e do Brasil, que nos deixou em 2019”, completa.
Artista e cientista, escritor com livros e peças teatrais para adultos e crianças, Ângelo Machado era médico e um dos maiores especialistas em insetos, sobretudo libélulas. Os bichos aparecem ao longo de toda a obra infanto-juvenil do escritor. O público infanto-juvenil se encanta com suas histórias criativas e bem humoradas: Entre suas muitas coleções de grande sucesso – a maioria delas com edição esgotada -, destacam-se duas séries geniais: “Que bicho será?”, ilustrada por Roger Mello e “Gente Tem, Bicho Também”, em parceria com os ilustradores Lor e Thalma.
Da coleção “Gente Tem, Bicho Também” foram escolhidas para a homenagem três histórias; da série “Que bicho será” todas as histórias foram animadas e interpretadas por artistas convidados. As gravações serão disponibilizadas para o público pelos nos canais do Youtube da AML a partir de 23 de novembro de 2021.
Os vídeos dos títulos da coleção “Que Bicho será”, voltada para crianças de 2 a 10 anos, mesclam narração (contação de história por Walda Leão) e animação inspirada na ilustração de Roger Mello, resultando numa linguagem leve e divertida. As histórias da coleção “Gente Tem, Bicho Também” são narradas pelos atores Walda Leão e Leo Ladeira, contando com animação baseada nas ilustrações originais dos ilustradores e parceiros de Angelo Machado, Lor e Thalma. Os vídeos serão disponibilizadas para o público no canal do Youtube da AML
Ângelo Machado considerava a coleção “Que Bicho Será?” a coisa mais importante que ele fez, pois milhares de crianças já se divertiram com essas histórias. A coleção, lançada há dez anos, buscava desenvolver na criança a curiosidade, que Ângelo apontava como a principal motivadora da pesquisa científica. Na coleção, os bichos são detetives e sempre aparece um mistério que é solucionado, no decorrer da história, por meio da pergunta Que bicho será?
O escritor também fez livros com o objetivo explícito de ensinar – como os da coleção “Gente Tem, Bicho Também”, que falam de nariz, garganta, olho, língua e dente. As obras desta coleção misturam ciência e ficção e ao final oferecem ao leitor uma dica do que é real na história. Por isso, o escritor cientista considerava sua obra literária também um canal divulgação científica.
Sobre Ângelo Machado
Ângelo Machado graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1958, porém nunca exerceu a profissão, dedicando-se ao ensino e à pesquisa na área de neurobiologia. Criou o Laboratório de Neurobiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o Centro de Microscopia Eletrônica.
Como entomologista descreveu 48 novas espécies e quatro gêneros de libélula. Seu nome foi incorporado a 27 seres vivos, entre libélulas, borboletas, besouros, aranhas e até um fungo, como homenagem de outros pesquisadores à sua pessoa.
De volta à UFMG, trabalhou durante muitos anos pesquisando a glândula pineal e o sistema nervoso autônomo, área na qual fez uma de suas descobertas mais relevantes: a formação das vesículas sinápticas de noradrenalina, a partir do retículo endoplasmático liso, nos terminais axônicos.
Também escreveu um livro didático bastante utilizado no ensino de graduação de Medicina: Neuroanatomia funcional.
Aposentou-se em 1987 como professor titular de Neuroanatomia e submeteu-se a novo concurso para docência, tornando-se professor adjunto de Entomologia. Assim, seu hobby, o estudo de insetos, tornou-se profissão, o que o levou a iniciar um novo hobby: escrever livros para crianças nos quais a temática era a biologia, atividade que lhe rendeu um Prêmio Jabuti em 1993 na categoria de Literatura Infantil. Eventualmente escreveu livros para adolescentes e adultos, como Os fugitivos da esquadra de Cabral (em 2000) e Manual de sobrevivência em festas e recepções com bufê escasso (1998).
SERVIÇO:
Academia Mineira de Letras
Projeto “Escuta que lá vem a história”, viabilizado pela Lei Aldir Blanc
Data: a partir de 23 de novembro
Acesso: Youtube.com/c/AcademiaMineiraDeLetras
Os vídeos têm tradução em LIBRAS