O Brasil acompanha cuidadosamente, como em poucas outras vezes, os acontecimentos no cenário jurídico e político. Não basta ter opinião formada, o importante é a consciência em torno dos fatos, de suas causas e efeitos a curto, médio e longo prazos, pelo menos meditar seriamente sobre eles.
Para uso pessoal, recorri a trechos de um discurso do desembargador Rogério Medeiros: Eis Will Durant: “Todas as concepções morais giram em torno do bem geral. A moralidade começa com associação, interdependência e organização. A vida em sociedade requer concessão de uma parte da soberania do indivíduo à ordem comum; e a norma de conduta acaba se tornando o bem-estar do grupo. A natureza assim o quer, e o seu julgamento é sempre definitivo; um grupo sobrevive, com concorrência ou conflito com um grupo, segundo sua unidade e seu poder, segundo a capacidade de seus membros de cooperarem para fins comuns”.
E Aristóteles, citado por Giovani Reale: “Se, de fato, idêntico é o bem para o indivíduo e para a cidade, parece mais importante e mais perfeito escolher e defender o bem da cidade; é certo que o bem, desejável mesmo quando diz respeito só a uma pessoa, é mais belo e mais divino quando se refere a um povo e às cidades”.
José Arthur Gianotti: “Quiseram construir um mundo sem ética. E a ilusão se transformou em desespero. No campo do direito, da economia, da política e da tecnologia, as grandes expectativas de um sucesso neutro, alheio aos calores éticos e humanos, tiveram resultado desalentador e muitas vezes trágico”.
O historiador José Murilo de Carvalho, referindo-se a Paulino José Soares de Souza, Visconde do Uruguai, filho de um médico brasileiro, nascido em Paracatu (terra de Joaquim Barbosa), observa: “Muito dos males apontados por Uruguai reativos à política nacional, como a distância entre o governo e povo, a burocracia absolutista e ineficaz, a mania de esperar tudo do Estado, o sufocamento dos municípios, a inadequada distribuição de responsabilidade entre municípios, províncias e governo central, o empreguismo, o empenho, o ocultismo, o patronato, o predomínio dos interesses pessoais e de facções, a falta de espírito público, a falta de garantia dos direitos individuais, continuam na ordem do dia, posto que atenuados”.
O professor Luiz Werneck Vianna, em 2013: “É hora de a política se fazer presente. Removendo práticas e instituições que levaram a atividade à degradação, deixando a sociedade brasileira prisioneira do anacronismo destes novos coronéis da vida republicana. Na política, os poderes abusaram do despudor, os valores foram dissolvidos. As pessoas não querem apenas de volta a estabilidade na economia. Elas desejam também recuperar o respeito perdido, a dignidade aviltada pela vulgarização dos modos e a celebração das espertezas”.
O próprio Werneck continua: As ruas começaram a falar sobre aumento das tarifas e os péssimos serviços dos transportes públicos, mas seguem falando de muito mais: de corrupção, de descaso, de desmandos, de desonra, de desvios de conduta. Na economia, o poder público (…) abusou da sorte e agora chega para todos a dolorosa conta da farra de gastos.
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23