Em 16 de julho, consagrado à Virgem do Carmo, em 1696, o bandeirante Salvador Fernandes Furtado de Mendonça e sua gente fundaram o arraial de Nossa Senhora, a primeira vila de Minas, a Leal Vila do Ribeirão Do Carmo. À tarde, no Mata-Cavalos, o padre Francisco Gonçalves Lopes ergueu o primeiro altar fixando a era cristã de Minas Gerais”, como disse o Cônego Trindade. Lá foi residir Antônio de Albuquerque, governador da Capitania das Minas do Ouro, formada por Minas e São Paulo. Em 1745, Dom João V elevou a Vila do Carmo à cidade, para tornar-se sede do primeiro bispado de Minas e acolher dom Frei Manuel da Cruz, o titular.
Com todo o parágrafo inicial, queria simplesmente lembrar as origens de Danilo Carlos Gomes, mineiro de Mariana, no último dia 13 empossado na Academia Brasiliense de Letras, presidida pelo escritor Carlos Fernando Martins de Souza, presentes o vice, ministro Roberto Rosa, o presidente da ANE, Fábio de Souza Coutinho, e Fábio René Kothe, presidente da Academia de Letras do Brasil.
Casa cheia, família indispensavelmente no auditório da ANE, que tem o nome de Cyro do Anjos, escritor de Montes Claros. Ao saudar o novo acadêmico, Napoleão Valadares, mineiro de Arinos, brilhante autor, um dos fundadores da Associação e seu ex-presidente, lembrou que Danilo nasceu na terra natal de Cláudio Manuel da Costa, encontrado morto na Casa dos Contos, em Ouro Preto.
Valadares lembra o menino Danilo pelas fazendas, como aluno do tradicional Colégio Dom Bosco, em Cachoeira do Carmo, distrito de Ouro Preto, depois em Belo horizonte, no Arnaldo e no Padre Machado, o curso e a formatura em direito na UFMG.
Depois, Rio de Janeiro e a Brasília de JK e Israel Pinheiro, onde fez jornalismo. Redator e assessor do secretário de imprensa e divulgação da Presidência da República, cronista consagrado, ensaísta, pesquisador literário, grande leitor de história e colaborador de numerosos periódicos, do “Jornal da ANE” e do “Jornal de Letras”, membro da Academia Mineira de Letras, do IHG do DF, da Academia de Letras do Brasil e, agora, da Brasiliense.
Sua produção literária circula por aí, prestigiada e elogiada. Ao chegar à cadeira fundada pelo poeta Domingos Carvalho da Silva, lembrou-o e a Romeu Jobim, que nascido em Campo Esperança, município de Rio Branco, no Acre. Em Brasília pois, uma festa com sabor mineiro, pois os conterrâneos foram dar seu abraço a Danilo Gomes, inclusive o poeta, ensaísta e crítico literário Anderson Braga Horta (de Carangola), vencedor do Prêmio Jabuti.
Autor de muitos livros, o novo acadêmico publicou, em 2017, “Augusto Frederico Schmidt, Juscelino Kubitschek e Odilon Behrens”. Considerado por Edmilson Caminha “Príncipe da Crônica”, dele afirmou: “A despretensão e o frescor do texto de Danilo Gomes, que o inscrevem na mais relevante linhagem da crônica brasileira, junte-se o interesse histórico com que se diferencia da maioria dos colegas, não fosse ele natural de Mariana, a primeira cidade de Minas, cheia de tradições e de memória, onde o passado é de tal maneira vivo que se faz um eterno presente”.
Merecedor de versos amigos do itabirano Drummond, Danilo Gomes frequenta a Toca do Chope, em Brasília, cujo proprietário, Claude Capdeville, oferece pastel de angu, procedente de sua terra natal, Viçosa, produzido com o melhor fubá de milho das alterosas.
Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23.