Não se pode negar. Certas pessoas nascem com aparente predestinação. Vemos que existem aquelas que vieram ao mundo para tornarem-se poderosas no campo da sabedoria. Dia após dia, suas mentes se abastecem de conhecimentos e elas se mostram grandiosas, e são reverenciadas por todos que as conhecem. Algumas surgem com destinos apenas parecidos, mas entre elas cresce uma parede de extrema diferença. Enquanto as primeiras armazenam riquezas intelectuais em seus particulares domínios, estas últimas servem-se delas para espargi-las como dádivas preciosas de elevado conceito. Não se sentem satisfeitas retendo para si a riqueza desses valores culturais adquiridos. Lêem, estudam, pesquisam, comparam, e finalmente, passam a dominá-los com generosa mestria didática, advinda de seu talento; escrevem crônicas, resenhas, ensaios, palestras, discursos. Com o transbordar da constante atividade intelectual, dedicam-se à escrituração de livros dos mais diversos temas. Vão com beleza e dedicação primorosa à Poesia. Sua atuação extremada chega a dezenas de volumes, considerados de vasto conteúdo cultural. Em cuidados de leitura buscam os mestres, os clássicos, por preferência, mas lêem todos por obrigação e amor ao ofício. Os trabalhos recheiam-se de citações, trazidas dos sábios pensadores e enunciados filosóficos.
Através dos séculos, a mulher vem conquistando a meia parte no espaço cognitivo do universo. A palavra é a primeira expressão inteligente do Homo Sapiens, quer verbalizada, como a princípio, ou grafada nas lascas de pedra, ou nos murais das escarpas.
Dentre estas e aquelas personalidades contam-se figuras singulares nos meios acadêmicos, surgidas estas células culturais femininas justamente para abrigar as mulheres que se dedicavam aos cuidados da palavra literária, e ao dever da escrituração. Sabe-se que o portal de entrada desses organismos seletos estreitam-se ainda mais para o sexo feminino. Através dos séculos, a mulher conquistou a meia que lhe cabia no universo cognitivo.
Estamos certos de que falamos aqui, e somos entendidos, em particular, de determinada pessoa, que nos cobre de orgulho pela atuação permanente e ascensão vertiginosa no domínio cultural.
Elizabeth Rennó acaba de editar seu décimo terceiro livro – Arquivos Literários, onde se encontram registrados todos os conceitos acima referidos de uma verdadeira promotora cultural.
Elizabeth Rennó atingiu o patamar onde se situam os mais nobres valores intelectuais de uma nação, tendo sido eleita pelas suas virtudes, a Presidente da Academia Mineira de Letras, na qual, apenas 4 das 40 cadeiras são ocupadas por mulheres.
Carmen Schneider Guimarães – Escritora/Presidente emérita da AFEMIL – Acadêmica da AML, ocupa a cadeira nº 5.