Em dias recentes, tenho realçado atividades que não os embates políticos, as discussões no Legislativo ou as decisões do Judiciário, que tanto atraem a atenção dos brasileiros que querem viver em uma nação sem crise. E sem corrupção, certamente. 

O leitor atento verificará uma transformação nas notícias da área de saúde, sobretudo quando se trata da mais antiga instituição no gênero da capital. Até tempo relativamente recente, a Santa Casa tornava públicas as suas dificuldades e angústias para bem atender à enorme clientela. Obrigou-se até a reduzir o número de internações para não faltar com a assistência imprescindível e tradicional. 

Parecia-se voltar aos primórdios. No princípio do século passado, quando Belo Horizonte tinha 15 mil habitantes, as despesas da instituição somavam dez contos mensais com aquisição de medicamentos, gêneros, rouparia e pagamento de empregados. Sem crédito, viveu momentos de terrível apertura. Seus dirigentes tiveram de apelar a empréstimos pessoais para superar a situação, enquanto as barracas de lona que abrigavam os enfermos ameaçavam desabar. 

A propósito, recordo que, em 19 de maio de 2018, completam-se os 400 anos do Compromisso de Lisboa, que organizou a gestão das Santas Casas, criadas pela rainha Leonor de Lancastre. Com isso, assegurava-se a manutenção dessas entidades embora a duras penas, através de esmolas, contribuições dos irmãos e de setores da comunidade. Quatro séculos após, em Belo Horizonte, a mesma inquietação e o temor do pior.  

No entanto, graças a medidas emergenciais, intenso labor junto a quem pudesse ajudar, os governos e o cidadão comum, aos nossos parlamentares e à sensibilidade do empresariado, foi-se mudando o quadro. 

Os resultados chegam. Os desafios não foram inteiramente ultrapassados, até porque hospitais, médicos e funcionários, precisam atualizar-se, sem cessar; a tecnologia e a indústria farmacêutica produzem algo sempre de mais avançado e útil. A ciência não para. As dores humanas estão aí para serem amenizadas ou curadas, vidas precisam ser salvas.  

Quando festejou seu aniversário, no dia de São Miguel, o provedor da Santa Casa de BH, Saulo Coelho, sente-se, como todos os da instituição, recompensado com informações que alentam e incentivam. Comissão do MEC, que visitou as instalações visando a instalação da Faculdade de Medicina SC, conferiu-lhe conceito 5, o máximo. Contribuíram para o resultado ser a instituição uma das 300 melhores empresas do país, de acordo com o Guia Época Negócios, 360º 2017, ser hospital classificado como o maior filantrópico de Minas no âmbito do SUS e tido entre as cem melhores ONGs do Brasil, no ranking da revista Época e Instituto Doar.  

O provedor com mais longa gestão na Santa Casa foi José Maria Alkmim, com 36 anos, dois meses e alguns dias. Sua maior obra é o Hospital Emídio Germano, que acolhe mais de 1.100 pacientes. Saulo quer continuar o seu trabalho, que já totaliza 17 anos. Depois de instalar o Centro de Especialidades Médicas, com o maior atendimento no Estado, contabiliza outros números altamente favoráveis. Instalou o equipamento neuronavegador, duplicou a capacidade para cirurgias de epilepsia, criou o ambulatório de oncologia pediátrica e sua clínica de transplantes (já referência para o Estado) bate recordes de procedimentos. Com autorização para transplantes cardíacos e cirurgias para cardiopatas infantis de todo o país, é tempo de festejar. E levantar mais recursos para bem servir ao povo, porque a consciência é de sempre fazer muito ainda para quem precisa. 

 

Por Manoel Hygino dos Santos, 1° tesoureiro da Academia Mineira de Letras, ocupa a cadeira nº 23.