No dia 26 de agosto, segunda, às 19h, a Academia Mineira de Letras promove a Conferência “Musoni: do mito da escrita aos sistemas literários – um estudo sobre a literatura na cultura no Sul Global”. O diálogo, que acontece no âmbito do programa Universidade Livre, será realizado entre o escritor e pesquisador angolano, Abreu Paxe e o acadêmico, poeta, escritor, artista visual, designer sonoro e pesquisador de Literaturas, outras artes e mídias, Ricardo Aleixo. O evento possui entrada franca. Para emissão de certificado é necessário solicitar previamente no link da bio do @amletras.
Musoni, significa estágio do que não se dá a conhecer ou ver e é uma palavra, em kikongo, advinda do radical verbal sona, o qual significa registrar, gravar, insculpir. “O nosso interesse com essa conferência é promover a capacidade de religar as diferentes áreas de conhecimento, como os diferentes estágios da cultura e o tipo de conhecimento que produz, e como isso se rearticula entre as diferentes disciplinas e nos diferentes contextos culturais”, comenta o escritor Abreu Paxe.
O conceito de literatura tem as suas origens históricas: enquanto objeto da cultura, é constituída a partir das oralidades, das línguas, da escrita, das artes, da leitura, das matemáticas, dos textos de panela – mabaia ma nzungu –, da marimba, das danças de caça, pesca e agricultura e dos criadores e muito mais.
“O que trazemos aqui é uma indagação filosófica do conhecimento disciplinar e binário e cuja discussão, pensamos, permitirá criar capacidade de se produzir conhecimentos em que para o nosso contexto de modo como o caracterizamos, todos os termos das tecnologias e ciência importados devem ser traduzidos e adaptados para os nossos lugares e daí se compreender o lugar dessas relações e as ligações que se dão entre paisagem e linguagens”, diz Abreu Paxe.
O escritor angolano acrescenta que “isso permite que se instaure a estruturação de saberes com múltiplos pontos de vista, nas línguas, nas artes, na criação cotidiana, desde os utensílios de cozinha às grandes edificações. A atenção dos sentidos volta-se para as múltiplas pertenças dentro do ambiente e das relações entre as vozes da natureza, dos corpos e da produção textual traduzidos na literatura como mathema e tica”, destaca.
Sobre Abreu Paxe
Poeta, Ensaista e Professor – Abreu Paxe é Doutor em Comunicação e Semiótica (2016) pela Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes, no Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-Brasil (PUC-SP). Mestre em Ensino de Literaturas em Língua Portuguesa (2009) e Licenciado em Ensino de Língua Portuguesa e Literatura, pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED/Luanda), da Universidade Agostinho Neto (UAN/Luanda). Foi Curador do BIP- Primeira Bienal Internacional de Poesia em Luanda, produzido pela fundação Sindika Dokolo. Foi Consultor do Filme Sobre a Rainha Nzinga produzido pela Semba comunicações. Colaborou no Jornal de Angola, no Caderno Vida e Cultura e depois Vida Cultural. Colaborou no Novo Jornal, no caderno Cultural Mutamba como articulista. Colaborou na Rádio Nacional de Angola (RNA) com a Criação do Projecto e Produção do Programa Palavras e Textos, que vai ao ar aos sábados das 9h-10h. Colaborou na Rádio Mais, no Programa Conversas Com Vagar – CCV. Colaborou no Programa CCV na MFM. É autor dos livros: “A Chave no Repouso da Porta” (2003), o qual recebeu o Prémio António Jacinto de Literatura; “Vento Fede de Luz” (2007). Membro da União dos Escritores Angolanos (UEA), na qual é, actualmente, Director do Centro de Estudos Literários Angolanos (CELA), entre outras funções de direcção aí exercidas. Concebeu, Produziu e foi Curador da I e II Edição do Evento Nkodya dya Mpangu – Encontros de Artes e Pensamento do CELA (2021). É Consultor para a área criativa da Comissão Interministerial para o pavilhão de Angola da Expo-Dubai 2020. É Membro do Júri do Prémio Nacional de Cultura e Artes. Membro da Comissão Organizadora do Colóquio e Exposição Sobre o Centenário de Agostinho Neto da Cátedra com o mesmo Nome na Universidade do Porto (CITCEM). Atualmente leciona nos Programas de graduação e pós-graduação do ISCED de Luanda, no ⁸programa de pós-graduação nos Mestrados de Línguas e Literaturas Angolanas da Faculdade de Letras, pela Universidade Agostinho Neto e Presidente do Conselho Científico e Chefe do Departamento de Línguas e Literaturas Africanas do ISCED/Luanda. Membro da comissão cientifica dos programas de Mestrado em Ensino de Língua Portuguesa, Mestrado em Ensino de Literaturas em Língua Portuguesa e no Mestrado em Ensino de Línguas, nos quais actua como docente e supervisor de estágios. Coordena a linha de pesquisa em “Educação, Cultura: Comunicação e Artes”, do Mestrado de Literaturas em Língua Portuguesa (ISCED/Luanda). Tem publicações em Revistas Científicas de Literatura em Angola, Brasil, Portugal, México, Dubai e outros Países do mundo. Em Comunicação e Semiótica, Investiga na grande área: Signo e Significação nos Processos Comunicacionais; e na área de concentração: Processos Criativos na Comunicação e na Cultura. Integra o Grupo de Pesquisa Comunicação, Cultura: Barroco, Oralidade e Mestiçagem (PUC-SP/Brasil), o Grupo de Pesquisa Memória da Educação da Bahia (UNEB/PROMEBA-BA/Brasil) e o Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros em Línguas e Culturas (UNEB/NGEAAL-BA/Brasil). Colabora no Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaco, Memória”, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (CITCEM) e atuou como professor visitante em 2023/2024 no curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas na UFRJ.
Sobre Ricardo Aleixo
Belo-horizontino de 1960, o poeta, escritor, artista visual, designer sonoro e pesquisador de Literaturas, outras artes e mídias, Ricardo Aleixo recebeu da UFMG, em 2021, o título de Notório Saber, equivalente ao grau de doutor. Tem 20 livros publicados. Suas obras mesclam poesia, prosa ficcional, filosofia, etnopoética, antropologia, história, música, radioarte, artes visuais, vídeo, dança, teatro, performance e estudos urbanos. Já fez performances em quase todos os estados brasileiros e nos seguintes países: Argentina, Alemanha, Portugal, EUA, Espanha, México, França, Suíça e Angola. Participa da mostra permanente Rua da Língua (Museu da Língua Portuguesa/SP). Como artista visual, montou as mostras individuais Objetos suspeitos (1999, Belo Horizonte, Mariana e Rio de Janeiro) e <reProspectiva> (2015, Belo Horizonte) e participou de inúmeras coletivas, como Portuñol/Portunhol (2004, Buenos Aires, Argentina), Gil70 (2012, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador), Textos y Visualidades (Buenos Aires, Argentina, 2019), Carolina Maria de Jesus – Um Brasil Para os Brasileiros (São Paulo, Sorocaba e Rio de Janeiro), A Corda Mor (2024, Coimbra, Portugal) e Anozero`24 – O Fantasma da Liberdade (2024, Coimbra). Apresentou, na 35ª Bienal de SP, o Ciclo de performances Dendorí. Atualmente, é professor visitante no Instituto de Letras da UFBA, em Salvador, e prepara-se para passar uma longa temporada em Nova York, onde atuará como pesquisador visitante no Departamento de Performance da NYU. Conquistou, em 2023, os prêmios Mestras e Mestres das Artes e Alceu Amoroso Lima – Poesia e Liberdade, outorgados, respectivamente, pela Funarte e por Universidade Candido Mendes/Centro Alceu Amoroso Lima Para a Liberdade, e foi finalista do Prêmio Oceanos, com o livro Diário da encruza (LIRA/Segundo Selo). Ocupante da cadeira 31 na Academia Mineira de Letras.