Até o dia 4 de outubro, o diretor, ator e dramaturgo João das Neves é homenageado com a exposição “Outro Mundo é Possível” na Academia Mineira de Letras (Belo Horizonte). Em um passeio por quatro ambientes que retratam diferentes fases do artista, o público tem acesso à vida e obra de João das Neves a partir de documentos, vídeos, fotos, ‘cenarizações’, áudios, trilhas, instalações, fragmentos de textos e objetos de afeto do artista. Durante o período da exposição está previsto também o Ciclo João das Neves, que reúne aulas abertas e discussões em torno da obra do diretor, com nomes que participaram, em algum momento, da trajetória do artista, como o dramaturgo João Silvério Trevisan (SP), a cantora Titane, o bandeonista Rufo Herrera (Argentina), o artista plástico Rodrigo Cohen (RJ), o ator e diretor Rodrigo Jerônimo (MG) e a atriz Laura Castro (RJ). A exposição está aberta ao público de terça a sexta, das 11h às 21h30, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. Conta com visitas guiadas para cegos, surdos, baixa visão, pessoas com mobilidade reduzida e estudantes de escolas públicas e privadas. São oferecidas medidas de acessibilidade como audiodescrição e braile, e ainda, programa educativo com tradução em libras (mediante agendamento). Toda programação é gratuita.

A abertura da exposição aconteceu no dia 31 de agosto, com apresentação da cantora Titane, tendo como convidados Maurício Tizumba e o violonista Hudson Lacerda, além de participação de ex-integrantes do grupo cênico-musical Rosa dos Ventos (formado por Michelle Ferreira, Larissa Horta, Vânia Silvério, Ronnaldo Marques, Marcos Mateus, entre outros), e ainda, falas de Berenice Menegale e Maurício Tizumba.

De acordo com a cantora e companheira do artista, Titane, o objetivo da exposição é transitar pelo universo de João das Neves, tendo como ponto de partida os espetáculos e incursões artísticas do diretor, seja nas grandes cidades, nos grotões como o Vale do Jequitinhonha ou em suas vivências com os índios na Amazônia. “João teve contato com a diversidade da realidade brasileira em suas andanças pelo país e essas experiências, com toda sua riqueza e complexidade, marcaram definitivamente sua obra. João era um homem de teatro e o teatro era sua tradução. Tradução de seus desejos, suas ideias, sua percepção da vida, da humanidade. Ele acreditava ser possível uma sociedade mais igualitária, justa, humanizada e trabalhava por isto. Para além de ser seu lugar de fala, o teatro era pra ele um lugar de troca, quer seja com o público, quer seja com seus elencos ou comunidades onde se instalava. Era como se esta troca fosse o próprio mundo em construção. Acredito que, neste sentido, o “outro mundo possível” no qual ele acreditava existiu ali, concretamente, no seu universo criativo, nas escolhas que fez ao longo da vida, na maneira como conduziu suas relações afetivas e o seu trabalho”, afirma.

“Eu coloco no que faço tudo o que sou, tudo o que penso do mundo, tudo o que imagino a respeito da possibilidade de transformar o mundo, de transformar as pessoas. Acredito na possibilidade da arte para transformar. Se não fosse assim eu não faria arte. Faria outra coisa. E porque acredito nessa capacidade, o trabalho que realizo tem um fundamento ético muito grande”. João das Neves (Ciclo de Palestras sobre o teatro brasileiro. Rio de Janeiro: Inacen, 1987)

Este evento está sendo realizado pela Academia Mineira de Letras no âmbito do projeto Plano Anual de Manutenção AML, realizado mediante a Lei Federal de Incentivo à Cultura com o patrocínio do Instituto Unimed BH – por meio do incentivo fiscal de mais de 5.000 médicos cooperados e colaboradores – com copatrocínio pela Cemig por meio dos recursos da Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais, com apoio do BDMG. O Ciclo João das Neves é viabilizado com recurso da Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais com realização da Associação Campo das Vertentes em parceria com a Academia Mineira de Letras.