Centenas de obras literárias, em todo o mundo, têm como tema, cenário, contexto ou personagens ditadores e ditaduras. Esse tema será levantado pelo advogado, escritor e jornalista Ernani Buchmann em palestra na Academia Mineira de Letras. “Os ditadores como fonte literária” estará disponível ao público a partir do dia 29 de setembro, às 11h, no YouTube da AML.

Ao longo dos séculos as figuras dos ditadores e seus períodos de poder transformaram-se em inspiração para a ficção de escritores de todo o mundo, de Shakespeare, que escreveu diversas peças sobre reis tiranos, até Alexander Soljenitsin, vencedor do Nobel de Literatura, autor de Arquipélago Gulag, sobre as prisões stalinistas.

Mas foi na América Latina que os ditadores se tornaram personagens literários, pela violência, pelo grotesco ou pelo ridículo. A partir da ditadura de Rosas, na Argentina, ainda no século XIX, o tema foi abordado por escritores centro e sul-americanos (inclusive três prêmios Nobel de Literatura, Astúrias, García Márquez e Vargas Llosa) e por europeus (Joseph Conrad, Graham Greene).

As obras superam a casa da centena e vêm sendo estudadas por acadêmicos de todo o mundo. A pesquisa realizada pelo escritor Ernani Buchmann resultou no livro Imperadores de Opereta – Os ditadores latino-americanos como fonte da literatura, a ser lançado no último trimestre deste ano. Ele aborda o assunto também em palestra na Academia Mineira de Letras.

Vale ressaltar que o Brasil teve mais períodos ditatoriais do que ditadores. Floriano e Artur Bernardes governaram com plenos poderes; Getúlio foi ditador entre 1937 e 1945; e o período militar de 1964 foi uma ditadura sem ditadores fixos, já que os generais tinham mandato e se substituíam na função. “Isso nos diferencia dos países de língua castelhana. Guimarães Rosa disse que o Brasil e seus vizinhos eram dois irmãos gêmeos grudados pelas costas, cada um voltado a um mar, sem jamais enxergarem os olhos do outro”, relembra o palestrante.

 

Sobre o palestrante:

Ernani Buchmann, advogado formado pela UFPR, vive em Curitiba. No jornalismo, foi repórter, cronista, comentarista de rádio e de TV. Atuou também muitos anos como publicitário e empresário na área de comunicação, além de ter sido presidente do Paraná Clube, época em que o time conquistou o tetra e o pentacampeonato paranaense.

Ocupa a Cadeira nº 2 da Academia Paranaense de Letras desde 2005. É autor de 15 livros, entre crônicas, pesquisas históricas, ficção e roteiros cinematográficos. Seu livro Quando o Futebol Andava de Trem, sobre a importância das ferrovias para a interiorização do esporte no país, é considerado referência na área.

Em dezembro de 2016 foi eleito presidente da APL, exercendo hoje seu segundo mandato. É gestor de comunicação da OAB/PR, coordenador de jornalismo da Fecomércio/PR, presidente do Observatório da Cultura Paranaense e do Centro de Excelência em Xadrez.

 

SERVIÇO:

Palestra on-line “Os ditadores como fonte literária”, com Ernani Buchmann

 Data: a partir de 29 de setembro, às 11h

Acesso: Youtube.com/c/AcademiaMineiraDeLetras