A data é 25 de dezembro. Não me refiro ao Natal propriamente, mas à fundação da Academia Mineira de Letras, em Juiz de Fora, em 1909. Uma dúzia de intelectuais  julgou chegada a hora de se criar uma entidade estadual para os devotados à literatura e à língua, ao modo da Academia Brasileira de Letras, inspirada à sua vez na Francesa.

Os fundadores, liderados por Machado Sobrinho, e eram gente reconhecida por seus méritos na área, como Belmiro Braga, Dilermando Cruz e Amanajós de Araújo, dentre outros. Coube a esta dúzia eleger mais dezoito outros.

Por coincidência, a Academia Brasileira e Belo Horizonte, a capital de Minas, nasceram no mesmo ano – 1897, com atenção voltada não só para cultuar o passado, mas para bem aproveitar as perspectivas que se abriam para o Brasil com a instalação da República. Assim, sentiram os pioneiros que se obrigavam a transferir a sede da AML para a nova metrópole, mais próxima dos centros do Poder e núcleo de convergência de atividades e interesses de toda natureza. Em 1915, quando presidente Hely Menegale, com apoio do prefeito Otacílio Negrão de Lima, o sodalício ganhou sede própria em edifício da Carijós. Ao comemorar, em 1917, Belo Horizonte, 90 anos, o acadêmico Vivaldi Moreira conseguiu tornar realidade o sonho de uma sede à altura da importância da Casa, instalando-se a AML no belo palacete Borges da Costa, na rua da Bahia.

Transcorridos 110 anos da Academia Mineira de letras, seu atual presidente, Rogério Vasconcelos Faria Tavares, esforça-se para comemorar o acontecimento com todo brilho. Será difícil alinhar tudo o que se fez para marcar a data. Em 11 de novembro, por exemplo, houve o chá de confraternização, com presença de familiares dos antigos acadêmicos, atraindo centenas de pessoas, a despeito da ameaça de chuva. O presidente da Academia Brasileira, Marco Lucchesi compareceu, cumprimentando e abraçando os presentes. O Hino Nacional ficou por conta do coral do BDMG, enquanto se preparava a sessão solene, que também previa um Recital de Poesia, pelo Grupo Teatral Palavra Viva. Uma noite de gáudio, a que não faltou Leila Barbosa, vice-presidente da Academia de Letras de Juiz de Fora.

Quarta-feira, a escritora Maria José de Queiroz foi homenageada pelos seus 50 anos de Academia. Algo muito especial para ela, que ora vive entre Paris e Rio de Janeiro, mas não foi esquecida, nem esqueceu.

Para a ocasião, pesquisadores de sua obra festejaram até quase meia-noite a data tão querida, aberto o amável encontro, pelo presidente Rogério Tavares, saudando-a o acadêmico Ângelo Oswaldo. O romance inédito “Terra Incógnita” foi lançado, seguido do romance, “A literatura encarcerada”, com texto atualizado. No dia 21, à noite, dom Walmor Oliveira de Azevedo, também acadêmico, no Palacete Borges das Costa, celebrou missa em ação de graça alusiva à efeméride.

O essencial é que nestas onze décadas desde a fundação da Academia Mineira de Letras, ela vem cumprindo o lema que move sua existência – scribendi nulus finis, e desempenhando o seu papel de incentivo à preservação da cultura e da literatura de Minas Gerais. Demonstra que se mantém irredutível para enfrentar os desafios da deficiência de recursos materiais e as imposições dos novos tempos.

 

Por Manoel Hygino dos Santos, membro do Conselho Editorial da Revista da AML, ocupa a cadeira nº 23