Fundada em 1909 para promover a Literatura e a Língua Portuguesa, a Academia Mineira de Letras (AML) chega aos cento e dez anos plenamente fiel aos planos de seus idealizadores. Desde o começo de janeiro, sua equipe prepara intensa programação de eventos literários para 2020, sempre gratuitos e abertos a todos. Entre março e dezembro, passarão pela sede da instituição prosadores e poetas, professores e jornalistas, em encontros animados pelo amor à Cultura e às Artes. Anunciados com antecedência pelo site da AML e por suas redes sociais (Facebook e Instagram), tais eventos são gravados e depois seguem para o canal da entidade, no youtube, podendo ser assistidos de todos os pontos do planeta.

De inegável dimensão educativa, o calendário de atividades da Casa de Alphonsus de Guimaraens é concebido para divulgar a Literatura junto ao grande público, com especial carinho pelas novas gerações. Modo encontrado para destacar o papel fundamental dos livros e da leitura na formação de sujeitos livres e autônomos, os encontros também abrem espaço para um debate franco – mas sempre fraterno e elegante – em torno dos assuntos levantados pelos conferencistas. Outra de suas funções é a de celebrar a memória de autores cujo legado deve ser honrado sempre, em favor de nossa História.

Entre as sessões previstas para esse ano, está a que marcará os duzentos anos de nascimento do padre-mestre Correa de Almeida, patrono da Cadeira de número 19 da Academia. Nascido em Barbacena, ele foi um dos poetas satíricos mais importantes do Brasil, havendo escrito, por exemplo, “Sátiras, epigramas e outras poesias” (1875), “Sonetos e sonetinhos” (1884) e “Decrepitudes Metromaníacas” (1902). Falecido em 1905, sua trajetória também será relembrada em sua terra natal, por iniciativa da Academia Barbacenense de Letras.

Os cento e cinquenta anos do nascimento de Alphonsus de Guimaraens estão, igualmente, na pauta da AML. Fundador da cadeira de número 3, foi um dos nomes mais expressivos do movimento simbolista no país. Nascido em Ouro Preto, atuou como promotor e juiz de Direito. Teve quinze filhos, entre os quais os escritores João Alphonsus e Alphonsus de Guimaraens Filho, que também pertenceram à Academia. Seu neto, Afonso Henriques, ocupa hoje a cadeira de número 27. Alphonsus faleceu em Mariana, em 1921.

Os cento e vinte anos de nascimento de Milton Campos e de Gustavo Capanema, antigos ocupantes da cadeira de número 29, também merecerão destaque, assim como os centenários de nascimento de João Cabral de Melo Neto e de Clarice Lispector. A sessão sobre Clarice já está marcada: será no dia 23 de março, às sete e meia da noite, tendo como palestrante sua mais importante biógrafa, a professora Nádia Battella Gotlib, da USP. O leitor é nosso convidado especial.

por Rogério Faria Tavares – Jornalista e Presidente da Academia Mineira de Letras.